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25/05/2001 - 04h28

Fiscal do lixo em SP controla 322 km por dia

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MARIANA VIVEIROS
da Folha de S.Paulo

Para fiscalizar se as empreiteiras cumprem os contratos de limpeza pública no que diz respeito à varrição de ruas, a Prefeitura de São Paulo tem o menor índice de fiscais entre as quatro maiores cidades brasileiras: 1 agente vistor para cada 322 quilômetros.

A proporção é inferior também às encontradas em Porto Alegre (RS) e Curitiba (PR), tidas como exemplos em limpeza pública.

A relação desproporcional em São Paulo torna inviável a plena verificação da quilometragem varrida -322 km é quase o dobro da extensão do Rodoanel paulista (161,6 km) e praticamente igual à distância entre a capital e a cidade de Ribeirão Preto (319 km).

Pesquisa feita pelo Datafolha em 20 ruas de São Paulo apontou que, na média, as empresas varriam só 36% do que deveriam.

A prefeitura afirma que faz uma verificação por amostragem, o que, segundo a própria Abrelpe (associação que reúne as empresas de limpeza), é ineficaz.

São Paulo tem 18 fiscais, e 5.798 km devem ser varridos diariamente. A distância total é o produto da quilometragem de cada via e a frequência com que ela deve ser limpa. Algumas no centro devem ser varridas até sete vezes por dia; em regiões menos movimentadas, porém, a varrição deve ocorrer só duas vezes por semana.

Porto Alegre e Salvador (BA) têm a melhor relação entre número de fiscais e trecho de rua sob sua responsabilidade: 1 agente vistor para cada 4 km. Em seguida vem Belo Horizonte (MG), onde há 1 fiscal para cada 7 km de ruas a serem varridas diariamente. Curitiba fica com o terceiro lugar: 1 fiscal para cada 8,6 km.

No Rio de Janeiro, os serviços de limpeza pública são realizados por funcionários municipais, por isso não há fiscais, e o controle fica a cargo dos chefes de cada área.

Para o presidente da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana), Paulo Carvalho Filho, a municipalização barateia os serviços e evita corrupção porque a medição da quilometragem deixa de ser necessária.

Em Belo Horizonte, a varrição é municipalizada no centro da cidade, onde é preciso fazer o serviço com maior frequência. As demais ruas não são varridas mais de uma vez por dia, o que facilita a fiscalização, feita por 120 pessoas.

Na capital gaúcha, um dos 250 fiscais acompanha cada equipe de varrição durante todo o dia. Uma parte da varrição é feita por cooperativas, o que diminui o custo.

Porto Alegre paga até R$ 19 por quilômetro varrido. Em São Paulo o preço chega a R$ 32.

Em Curitiba há 70 fiscais só para a varrição. Segundo Nelson Xavier Paes, diretor de Limpeza Pública da prefeitura, eles passam por cada rua com a mesma frequência que ela deve ser varrida. O trabalho é feito em turnos: manhã, tarde e madrugada.

Problema antigo
A fiscalização da varrição não é um problema novo em São Paulo, mas piorou a partir de dezembro passado. Até então o controle da limpeza era feito pelas equipes de Supervisão de Serviços e Obras das administrações regionais.

As equipes tinham entre três e dez pessoas por regional. Hoje as 28 regionais foram divididas entre os 18 fiscais do Limpurb (Departamento de Limpeza Urbana).

Uma das ações apresentadas pelo Ministério Público em 98 contra o então prefeito Celso Pitta (PTN), tinha como base relatório da Logos Engenharia, contratada para gerenciar o lixo, que apontava déficit de 13% na varrição.

O Datafolha também já havia apontado, em janeiro daquele ano, que as empresas de limpeza varriam 38% do que deveriam.
 

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