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Brigadeiro recua e diz que foi mal-interpretado sobre investigação do acidente
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GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
Em depoimento à CPI do Apagão Aéreo da Câmara, o chefe do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), brigadeiro Jorge Kersul Filho, disse hoje que foi "mal-interpretado" quando afirmou que manteria sob sigilo as investigações sobre o acidente com o Airbus-A320 da TAM. Segundo o brigadeiro, a Aeronáutica apenas se preocupa com a proteção das informações para evitar que elas prejudiquem o sigilo das investigações.
"Sempre tentamos mostrar a importância de proteger esses dados, mas não são posse do Cenipa. Eles estarão disponíveis para quem precisar, dentro da legislação. Se pareceu que eu disse que não daria os dados, não fui bem compreendido. Quis dizer que como chefe do Cenipa tentarei proteger essas informações", afirmou.
Na terça-feira, Kersul disse que não divulgaria os dados da investigação uma vez que eles estão em segredo de Justiça. Integrantes da CPI criticaram a afirmação do brigadeiro com o argumento de que a comissão tem poderes legais para acompanhar todos os detalhes das investigações.
O brigadeiro disse que vai disponibilizar os dados para os membros da comissão --como determina a legislação brasileira. "A princípio, não liberaríamos essas informações porque a legislação sobre investigações assim o prevê. Porém, a legislação do país está acima da legislação de qualquer outro país. Como a lei prevê que a CPI pode ter acesso, assim que a comissão necessitar de informações estaremos sempre à disposição."
Segundo Kersul, "não existem segredos nem bandeiras" nas investigações sobre o acidente. O brigadeiro fez um apelo, no entanto, para que a CPI tenha "cuidado" para evitar o seu vazamento. "O nosso pedido é que, quem mais tiver acesso a essas informações, as tratem com sigilo e cuidado porque podem afetar muitas famílias e o país. Nós queremos que o transporte aéreo seja o mais seguro possível e produtivo no país", defendeu.
Caixa-preta
Kersul evitou revelar o conteúdo preliminar presente na caixa-preta do Airbus da TAM. O brigadeiro reiterou, apenas, que a aeronave estava em velocidade normal quando pousou no aeroporto de Congonhas e se chocou contra o prédio da TAM Express na velocidade de 175 km/h. "Nada mais que isso eu teria para passar", afirmou.
O brigadeiro também disse ser precipitado revelar as eventuais causas do acidente. Kersul citou pelo menos quatro hipóteses para o choque o Airbus com o prédio: problemas na pista de Congonhas; falhas no sistema de frenagem da aeronave; procedimento incorreto de pouso, além de "bloqueio mental" da tripulação.
"Seria precipitado falar em causas. Poderíamos criar algumas hipóteses e trabalhar em cima delas, mas não seria adequado antecipar qualquer coisa porque não temos dados concretos que nos permitam arriscar", afirmou.
O brigadeiro reiterou que espera a conclusão das investigações da Aeronáutica sobre o acidente em 10 meses. Numa referência indireta à Polícia Federal, Kersul disse que as investigações aeronáuticas não serão concluídas apenas com a descoberta das causas do acidente.
"Nossa investigação, ao contrário de outras que se findam quando são encontrados culpados e responsáveis, desenvolve estratégia para emitir recomendações praticáveis. Isso pode gerar diferença de vontades. As nossas recomendações se preocupam sempre com a pessoa, o passageiro, com vidas humanas não só a bordo da aeronave, como no solo", afirmou.
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