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29/06/2001
-
21h29
GUTO GONÇALVES
da Folha Online
A réplica da acusação e tréplica da defesa no julgamento do coronel Ubiratan Guimarães foram marcadas por violentas críticas mútuas. O primeiro a falar foi o promotor Felipe Locke Cavalcanti, que acusou a defesa de se usar de laudos da equipe da Badan Palhares, de Campinas, para fazer afirmações falsas sobre o massacre.
"O senhor Palhares, o mesmo que fez o laudo do PC Farias, fez um laudo duvidoso e que foi requerido, na época, por pessoas íntegras que não sabiam sobre quem era este perito", disse o promotor.
Cavalcanti insistiu na tese da acusação de que o coronel Ubiratan foi irresponsável no comando da invasão do presídio ao indicar a Rota para o controle da rebelião
"Ele tinha dois cachorros nas mãos. Um pit bull e um pastor..." Dirigindo-se ao júri, o promotor perguntou "qual dos dois você soltaria para parar um conflito? Ele soltou o pit bull".
O promotor fez elogios ao ex-secretário de Covas, Belizário dos Santos, porque ele deu novas diretrizes sobre como a polícia deve se conduzir em rebeliões. Ele citou como exemplo a recente rebelião no Estado comandada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), quando não houve nenhuma vítima morta por policiais.
O promotor Norberto Joia se utilizou de 20 minutos para criticar a defesa e comparou o coronel Ubiratan a Hitler. No seu direito de réplica, o advogado Vicente Cascione desafiou o Ministério Público a comprovar algumas afirmações.
O advogado de defesa do coronel, Vicente Cascione, disse que promotores não leram o processo suficientemente e não tinham base legal para condenar o coronel. Entre os desafios que Cascione fez estava o de que promotores provassem que a perícia da Unicamp fosse da autoria de Badan Palhares. Em seguida leu o nome de sete peritos que assinaram o laudo, a maioria da Unicamp.
Cascione voltou a acusar defensores dos direitos humanos de só aparecerem depois dos conflitos resolvidos e "de não fazerem missa para policiais mortos".
O advogado mostrou várias fotos de presos mortos por outros presos em rebeliões, querendo com isso demonstrar a violência nas rebeliões.
Terminada a exposição da réplica da defesa, a juíza Maria Cristina Cotrofe perguntou aos jurados se gostariam realizar mais alguma questão. Os jurados disseram estar satisfeitos e a sessão foi interrompida por 30 minutos para o jantar.
Questionário
Terminado o debate, os sete jurados se retiram da sala onde está havendo o julgamento e votam se o coronel da reserva é culpado ou inocente das 111 mortes e cinco tentativas de homicídio.
A juíza Maria Cristina Cotrofe vai entregar ao jurado 116 questionários sobre o julgamento. Cada série quesitos deve conter de 12 a 13 perguntas.
A juíza deve questionar os jurados sobre:
- a materialidade do crime, como os PMs realizaram os disparos;
- se o réu contribuiu para a prática do crime, teve participação qualificada (a principal questão do julgamento);
- se o crime foi praticado com o emprego de recursos que dificultaram a defesa das vítimas.
Leia mais sobre o massacre do Carandiru.
Acusação e defesa de coronel trocam críticas durante debate
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da Folha Online
A réplica da acusação e tréplica da defesa no julgamento do coronel Ubiratan Guimarães foram marcadas por violentas críticas mútuas. O primeiro a falar foi o promotor Felipe Locke Cavalcanti, que acusou a defesa de se usar de laudos da equipe da Badan Palhares, de Campinas, para fazer afirmações falsas sobre o massacre.
"O senhor Palhares, o mesmo que fez o laudo do PC Farias, fez um laudo duvidoso e que foi requerido, na época, por pessoas íntegras que não sabiam sobre quem era este perito", disse o promotor.
Cavalcanti insistiu na tese da acusação de que o coronel Ubiratan foi irresponsável no comando da invasão do presídio ao indicar a Rota para o controle da rebelião
"Ele tinha dois cachorros nas mãos. Um pit bull e um pastor..." Dirigindo-se ao júri, o promotor perguntou "qual dos dois você soltaria para parar um conflito? Ele soltou o pit bull".
O promotor fez elogios ao ex-secretário de Covas, Belizário dos Santos, porque ele deu novas diretrizes sobre como a polícia deve se conduzir em rebeliões. Ele citou como exemplo a recente rebelião no Estado comandada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital), quando não houve nenhuma vítima morta por policiais.
O promotor Norberto Joia se utilizou de 20 minutos para criticar a defesa e comparou o coronel Ubiratan a Hitler. No seu direito de réplica, o advogado Vicente Cascione desafiou o Ministério Público a comprovar algumas afirmações.
O advogado de defesa do coronel, Vicente Cascione, disse que promotores não leram o processo suficientemente e não tinham base legal para condenar o coronel. Entre os desafios que Cascione fez estava o de que promotores provassem que a perícia da Unicamp fosse da autoria de Badan Palhares. Em seguida leu o nome de sete peritos que assinaram o laudo, a maioria da Unicamp.
Cascione voltou a acusar defensores dos direitos humanos de só aparecerem depois dos conflitos resolvidos e "de não fazerem missa para policiais mortos".
O advogado mostrou várias fotos de presos mortos por outros presos em rebeliões, querendo com isso demonstrar a violência nas rebeliões.
Terminada a exposição da réplica da defesa, a juíza Maria Cristina Cotrofe perguntou aos jurados se gostariam realizar mais alguma questão. Os jurados disseram estar satisfeitos e a sessão foi interrompida por 30 minutos para o jantar.
Questionário
Terminado o debate, os sete jurados se retiram da sala onde está havendo o julgamento e votam se o coronel da reserva é culpado ou inocente das 111 mortes e cinco tentativas de homicídio.
A juíza Maria Cristina Cotrofe vai entregar ao jurado 116 questionários sobre o julgamento. Cada série quesitos deve conter de 12 a 13 perguntas.
A juíza deve questionar os jurados sobre:
- a materialidade do crime, como os PMs realizaram os disparos;
- se o réu contribuiu para a prática do crime, teve participação qualificada (a principal questão do julgamento);
- se o crime foi praticado com o emprego de recursos que dificultaram a defesa das vítimas.
Leia mais sobre o massacre do Carandiru.
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