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25/08/2007 - 10h41

Após tiroteio, corpo fica por 5 horas em supermercado aberto

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KLEBER TOMAZ
da Folha de S.Paulo

O corpo de um vigia morto ontem às 9h42, após trocar tiros com uma quadrilha de assaltantes em uma agência do Bradesco no hipermercado Carrefour, no Morumbi, bairro nobre da zona oeste, demorou 5 horas e 20 minutos para ser recolhido pelo IML.

Uma hora depois do crime, o supermercado da avenida Alberto Augusto Alves decidiu reabrir suas portas e voltou a funcionar normalmente -apenas pendurou lonas pretas no teto formando um semicírculo para esconder dos clientes o corpo de José Ramos da Silva, 35, o vigia assassinado.

Silva e mais três vigias da Transbank Segurança e Transporte de Valores Ltda. tinham ido ao banco abastecer os caixas eletrônicos com dinheiro em malotes quando três outros homens, bem vestidos, entraram ostentando fuzis e pistolas no supermercado --que tem segurança privada, mas desarmada durante o dia- e anunciaram o assalto.

Houve troca de tiros entre os vigilantes e os criminosos, que se confundiram e fugiram com um malote de correspondências em vez de dinheiro. Até a conclusão desta edição, não haviam sido presos.

"Só ouvimos o ratá-tá-tá", diz uma funcionária do supermercado, que se identificou como Érica, sobre o som dos tiros.

O barulho provocou pânico e correria entre as cerca de 150 pessoas que estavam no local, entre funcionários e clientes. Ninguém se feriu, mas marcas dos disparos ficaram nas paredes e até no teto.

"Teve gente desesperada se deitando no chão, outras descendo esteiras rolantes. Me escondi", disse Carol Santana, 19, funcionária de uma galeria do supermercado. Alguns empregados dos caixas, abalados, não quiseram trabalhar depois.

Para tentar se proteger, Silva usou um revólver calibre 38 e um colete à prova de balas. Morreu atrás dos caixas com um disparo de fuzil no tórax.

Seu colega, Samuel Rodrigues Neto, 34, foi ferido no ombro, não corre risco de morte, e foi operado. Outro vigia escapou sem ferimentos. Também saiu ileso o vigia que estava no carro-forte no estacionamento.

Um dos assaltantes foi atingido pelos vigilantes, mas mesmo ferido fugiu com os dois comparsas e um outro que aguardava fora para dar cobertura à fuga. Eles fugiram em uma moto e dois carros -abandonados e depois encontrados em favelas.

Sem saber que o corpo de Silva continuava estendido e escondido, clientes iam às compras no Carrefour --ouvindo músicas que tocavam na sessão de eletrônicos.

Isolado

Procurado pela Folha para comentar o assunto, o assessor de imprensa do Carrefour, Edson Difonzo, justificou o funcionamento do supermercado alegando que os clientes não estavam vendo o vigia morto.

"Sem problemas. O local está isolado", disse Difonzo.

A Transbank declarou, por meio de nota, que, apesar de possuir "um sistema de segurança de altíssimo nível", também está sujeita a "ações como essas, em função da organização e da ousadia dos criminosos no Brasil".

O Carrefour se eximiu de responsabilidade: "os fatos ocorreram dentro da agência do Bradesco, situada na galeria da loja do Carrefour". Já o banco afirma que "todos os procedimentos de segurança foram adotados".

Policiais ouvidos pela reportagem reconheceram que o corpo de Silva demorou para ser recolhido. Mas culparam o trânsito da cidade, que teria gerado um efeito cascata de atrasos das equipes de peritos do IC (Instituto de Criminalística), investigadores da Polícia Civil e peritos do Instituto Médico Legal.

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