Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
16/07/2001 - 22h02

Denúncias de contratos do lixo acirram brigas internas no PT

Publicidade

GUTO GONÇALVES
da Folha Online

A saída de Walter Rasmussen Júnior da secretário de Infra-estrutura Urbana é a segunda "baixa" que a prefeita Marta Suplicy (PT) enfrenta no setor, que tem sido o principal alvo de denúncias de irregularidades em sua gestão. Em junho, o então diretor do Limpurb (cargo de segundo escalão, no Departamento de Limpeza Urbana), Alfredo Luiz Buso, pediu demissão por "razões de natureza pessoal".

Os problemas de Marta com o lixo da cidade começaram em janeiro, quando foi realizada a contratação de emergência, sem licitação, de 16 empresas responsáveis pela coleta e varrição do lixo.

Entre as empresas contratadas, a Construrban era de propriedade de um militante do PT e ex-administrador regional de Santo Amaro durante a gestão de Luiza Erundina (1989-92).

A Tercopav havia sido constituída um mês antes do contrato e tinha como sócios um estudante de 21 anos e um ex-serralheiro.

A Global Serge, acusada de utilizar atestados falsos para ganhar o contrato, recebeu uma correspondência do Limpurb no endereço da produtora VBC, que fizera a campanha de Marta à prefeitura e ao governo do Estado, em 1998.

A Intranscol S/A Coleta e Remoção de Resíduos foi a causadora da demissão de Ramussen. Na última semana, o ex-secretário foi acusado de contratar a empresa na qual ele trabalhou de janeiro de 1997 a dezembro de 2000.

Em janeiro de 2001, Rasmussen foi um dos principais coordenadores da contratação por emergência das 16 empresas.

A Folha Online apurou que ao menos mais quatro empresas devem ser denunciadas por irregularidades.

Para a oposição, a contratação emergencial serviu como pagamento de dívidas de campanha. "É uma imoralidade o que o PT fez com estes contratos", diz o líder do PSDB na Câmara Municipal, vereador Gilberto Natalini, autor de um pedido de abertura de uma CPI para investigar a coleta e varrição do lixo.

Com o afastamento de Rasmussen, a CPI deve ser aberta na Câmara, com o controle do PT.

Racha silencioso
Os problemas envolvendo os contratos provocaram uma crise interna no PT, separando grupos e tendências, que tem sido abafada por lideranças do partido.

O grupo na administração petista que controla a coleta do lixo é ligada à Articulação, tendência majoritária e moderada do partido, conhecida internamente como 'petistas de direita'.

Os maiores líderes da Articulação são o presidente de honra do PT, Luis Inácio Lula da Silva, o atual presidente nacional do partido, José Dirceu, e a ex-prefeita de Santos Telma de Souza.

Os três opinaram sobre a escolha dos secretários municipais Jorge Hereda (Serviços e Obras), Walter Rasmussen Júnior (Vias Públicas), do ex-diretor do Limpurb (Departamento de Limpeza Urbana) Alfredo Luiz Buso e do atual Marco Antônio Fialho.

Setores ligados aos deputados federais José Genoíno e Eduardo Jorge (atual secretário da Saúde), ao presidente da Câmara Municipal, o vereador José Eduardo Cardoso, e à esquerda petista não aprovam o modo como os contratos foram firmados e responsabilizam a Articulação pelos desgastes que o PT pode vir a ter em 2002.

A Folha Online antecipou na última semana que a própria prefeita Marta Suplicy, em reunião com secretários da área do lixo, cobrou responsabilidades em relação às irregularidades denunciadas e ameaçou demitir culpados. As denúncias no setor têm sido o principal motivo do "estresse" da petista.

Voto de fidelidade
Na carta de demissão que Rasmussen Júnior, amigo pessoal de Lula, enviou à prefeita, ele afirma ser alvo de "denúncias infundadas e de manipulação político-eleitoral" e ressalta a lealdade que sempre manteve a Marta.

Segundo o ex-secretário, o pedido de demissão, em caráter irrevogável, visou a "preservação de um projeto e compromisso político com o PT".
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página