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28/07/2001 - 04h19

Sem caixa, PCC agora sequestra presos

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da Folha de S.Paulo

O racha do PCC, que levou ao assassinato de Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra, já se reflete em problemas financeiros que ameaçam a estrutura da organização.

Diálogos de integrantes do grupo interceptados nas últimas semanas pelas autoridades paulistas indicam que a facção apresenta dificuldade para acessar o dinheiro dos assaltos realizados por seus membros que estão soltos e para fazer os que estão presos depositarem a mensalidade de R$ 25.

Em um desses diálogos, um dos líderes do PCC, nervoso, indica os presos que não fizeram depósitos obrigatórios numa conta corrente de uma agência no Rio de Janeiro e cobra ação nas ruas de dois comparsas, conhecidos como Lobão e Sebinho -que teriam se envolvido, em abril, no sequestro da médica Eulália Pedrosa Almeida, 44, filha do diretor da Casa de Custódia, Ismael Pedrosa.

As contas que deveriam receber as mensalidades do PCC e que movimentam parte do dinheiro do grupo já foram identificadas e devem ter seus sigilos quebrados.

Esse dinheiro -conseguido pela contribuição dos membros, assaltos, sequestros e extorsões- sustenta as fugas, os advogados e os resgates da facção.

Para o promotor Roberto Porto, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que investiga as ramificações do grupo, a falta de dinheiro e de obediência das bases é um das características dos ciclos dos grupos de crime organizado.

"As bases se revoltam contra os desmandos dos líderes e se voltam contra eles. É uma crise organizacional já observada no Comando Vermelho", diz Porto.

A maior parte dos presos não estaria dando dinheiro ao grupo por estar insatisfeita com a gestão de Sombra, marcada por extorsões e violência. Para reassumir o controle da tropa, os outros líderes teriam ordenado
sua morte.

A falta de dinheiro já afeta a rotina dos presídios. No último mês, presos da Casa de Detenção, no Carandiru (zona norte de São Paulo), voltaram a ser sequestrados: eles somem das celas do pavilhão 8, e familiares são forçados a entregar dinheiro à facção.

Segundo funcionários do presídio, duas vítimas morreram nesta semana, uma no domingo e outra anteontem à noite. Ontem, dois estariam desaparecidos.

A Folha não conseguiu falar com o diretor do pavilhão 8 da Casa de Detenção, Jesus Ross Martins, que estaria em reunião com o secretário Nagashi Furukawa (Administração Penitenciária). O secretário não comentaria o assunto, segundo sua assessoria.
(SÍLVIA CORRÊA e ALESSANDRO SILVA)
 

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