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03/08/2001
-
15h42
GUTO GONÇALVES
da Folha Online
da Folha de S.Paulo, no Rio
O governador do Rio, Anthony Garotinho, recebe nesta sexta-feira no Palácio da Guanabara, Wagner dos Santos, único sobrevivente da chacina da Candelária, que vive há seis anos na Suíça.
Santos receberá neste mês R$ 3.201,67 e, a partir de setembro, uma pensão vitalícia mensal de dois salários mínimos, como diz a lei proposta pelo governo do Estado e aprovada pela Assembléia Legislativa que estabelece o benefício para famílias de vítimas e sobreviventes de chacinas.
A quantia de R$ 3.201,67 que ele receberá hoje é referente ao período de 06 de outubro de 2000 (data do decreto do governador) a 31 de julho de 2001.
Por ser a única testemunha do crime da Candelária, ocorrido em 1993, Santos terá proteção da Polícia Federal e do Ministério da Justiça enquanto estiver no Rio.
Vítimas
A lei do governo beneficia ainda os sobreviventes e dependentes das vítimas das chacinas de Vigário Geral e Acari, além da família de Geisa Gonçalves, vítima da violência ocorrida num ônibus da linha 174 em junho de 2000, com pensão de até três salários-mínimos.
Os dependentes das vítimas da Candelária também receberão pensão vitalícia de até três salários-mínimos, bastando requerer o benefício. Outro decreto do governador garante R$ 10 mil a sobreviventes e dependentes das vítimas nas três chacinas para a compra de casa.
Em 1998, Wagner dos Santos havia entrado com ação de indenização na Justiça do Rio, julgada improcedente em primeira instância e que estava em fase de recurso quando o governador propôs o pagamento das pensões vitalícias aos sobreviventes e parentes das vítimas.
A chacina
A chacina da Candelária ocorreu em 23 de julho de 1993. Cerca de 72 meninas e meninos de rua dormiam sob uma marquise perto da igreja da Candelária (centro do Rio) quando pelo menos sete homens atiraram contra eles. Cinco meninos morreram no local. O líder dos menores, conhecido como Come-Gato, morreu dias depois, no hospital.
O mesmo grupo de chacinadores capturou, na rua Dom Gerardo, dois meninos de rua e o mendigo Wagner dos Santos. Os menores foram mortos a tiros perto do MAM (Museu de Arte Moderna), no centro. Santos sobreviveu aos tiros, tornando-se a principal testemunha.
Ameaçado de morte, Santos mudou-se para a Suíça, onde conseguiu ajuda para se manter graças à Anistia Internacional. Ele trabalha numa empresa de reciclagem.
O sobrevivente apresenta sequelas do tiro que levou na noite da chacina. Tem dificuldades de audição no ouvido direito e de fala, devido a uma paralisia parcial do rosto.
Ele disse que não consegue esquecer a noite em que os meninos de rua foram mortos em 1993.
"Eu olho para o espelho, vejo meu rosto e lembro de tudo. Tenho ainda uma bala na minha coluna", disse Santos, que ainda não pretende voltar para o Brasil.
O destino da maioria dos meninos que moravam ao redor da igreja foi bem diferente do de Santos. No ano passado, a ONG (organização não-governamental) Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente fez um levantamento e constatou que 43 meninos do grupo de 72 morreram desde que houve a chacina.
No ano passado, um dos sobreviventes desse grupo, Sandro do Nascimento, sequestrou os passageiros de um ônibus que fazia a linha 174 (zona sul).
A polícia, numa ação desastrada, acabou provocando a morte da refém Geísa Gonçalves. Sandro escapou com vida, mas foi morto pela polícia a caminho da delegacia.
A Justiça já julgou seis dos sete policias suspeitos da morte dos oito meninos na Candelária. Quatro foram condenados e três absolvidos.
Governo do Rio paga indenização a sobrevivente da Candelária
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da Folha Online
da Folha de S.Paulo, no Rio
O governador do Rio, Anthony Garotinho, recebe nesta sexta-feira no Palácio da Guanabara, Wagner dos Santos, único sobrevivente da chacina da Candelária, que vive há seis anos na Suíça.
Santos receberá neste mês R$ 3.201,67 e, a partir de setembro, uma pensão vitalícia mensal de dois salários mínimos, como diz a lei proposta pelo governo do Estado e aprovada pela Assembléia Legislativa que estabelece o benefício para famílias de vítimas e sobreviventes de chacinas.
A quantia de R$ 3.201,67 que ele receberá hoje é referente ao período de 06 de outubro de 2000 (data do decreto do governador) a 31 de julho de 2001.
Por ser a única testemunha do crime da Candelária, ocorrido em 1993, Santos terá proteção da Polícia Federal e do Ministério da Justiça enquanto estiver no Rio.
Vítimas
A lei do governo beneficia ainda os sobreviventes e dependentes das vítimas das chacinas de Vigário Geral e Acari, além da família de Geisa Gonçalves, vítima da violência ocorrida num ônibus da linha 174 em junho de 2000, com pensão de até três salários-mínimos.
Os dependentes das vítimas da Candelária também receberão pensão vitalícia de até três salários-mínimos, bastando requerer o benefício. Outro decreto do governador garante R$ 10 mil a sobreviventes e dependentes das vítimas nas três chacinas para a compra de casa.
Em 1998, Wagner dos Santos havia entrado com ação de indenização na Justiça do Rio, julgada improcedente em primeira instância e que estava em fase de recurso quando o governador propôs o pagamento das pensões vitalícias aos sobreviventes e parentes das vítimas.
A chacina
A chacina da Candelária ocorreu em 23 de julho de 1993. Cerca de 72 meninas e meninos de rua dormiam sob uma marquise perto da igreja da Candelária (centro do Rio) quando pelo menos sete homens atiraram contra eles. Cinco meninos morreram no local. O líder dos menores, conhecido como Come-Gato, morreu dias depois, no hospital.
O mesmo grupo de chacinadores capturou, na rua Dom Gerardo, dois meninos de rua e o mendigo Wagner dos Santos. Os menores foram mortos a tiros perto do MAM (Museu de Arte Moderna), no centro. Santos sobreviveu aos tiros, tornando-se a principal testemunha.
Ameaçado de morte, Santos mudou-se para a Suíça, onde conseguiu ajuda para se manter graças à Anistia Internacional. Ele trabalha numa empresa de reciclagem.
O sobrevivente apresenta sequelas do tiro que levou na noite da chacina. Tem dificuldades de audição no ouvido direito e de fala, devido a uma paralisia parcial do rosto.
Ele disse que não consegue esquecer a noite em que os meninos de rua foram mortos em 1993.
"Eu olho para o espelho, vejo meu rosto e lembro de tudo. Tenho ainda uma bala na minha coluna", disse Santos, que ainda não pretende voltar para o Brasil.
O destino da maioria dos meninos que moravam ao redor da igreja foi bem diferente do de Santos. No ano passado, a ONG (organização não-governamental) Centro Brasileiro de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente fez um levantamento e constatou que 43 meninos do grupo de 72 morreram desde que houve a chacina.
No ano passado, um dos sobreviventes desse grupo, Sandro do Nascimento, sequestrou os passageiros de um ônibus que fazia a linha 174 (zona sul).
A polícia, numa ação desastrada, acabou provocando a morte da refém Geísa Gonçalves. Sandro escapou com vida, mas foi morto pela polícia a caminho da delegacia.
A Justiça já julgou seis dos sete policias suspeitos da morte dos oito meninos na Candelária. Quatro foram condenados e três absolvidos.
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