08/08/2001 - 06h01

Pediatra trabalha mesmo de licença

da Folha de S. Paulo

O pediatra Osvaldo Perlato, 41, preferiu interromper a licença médica de dois meses recomendada por seu médico para não perder sua gratificação.

O benefício só é pago para quem não falta. O Sindicato dos Médicos já se manifestou contra a maneira como é concedido o abono, mas a prefeitura informa que a extensão da gratificação por assiduidade a todos os profissionais de saúde, determinada por decreto pela prefeita Marta Suplicy (PT), foi uma maneira rápida de melhorar as remunerações.

A Secretaria da Saúde tem propostas para melhorar o salário dos profissionais, mas depende de aprovação da Câmara.

Perlato, que teve poliomielite e ficou com problemas na perna esquerda, andava com bengala. Ele sofreu uma ruptura do músculo do braço esquerdo e rompimento do ligamento do ombro no mesmo lado no dia 22 de junho.
Com os problemas, não pode mais segurar o apoio e usa cadeira de rodas. O pediatra, que trabalha no hospital Waldomiro de Paula (zona leste), disse que sente-se sacrificado. "Eu preciso trabalhar, tenho três filhos."

Perlato é um dos cerca de 2.000 profissionais que tem a receber do antigo PAS leste. De acordo com ele, o plano lhe deve pelo menos um salário.

Outros funcionários do hospital reclamam do mesmo problema.
O ex-presidente do módulo leste, José Fernando Lemos Pontes, disse que não pagou só os salários de junho porque a prefeitura não repassou o dinheiro.

A prefeitura informou que fez todos os repasses devidos ne que não tem como interferir na questão. "Os funcionários devem ir à Justiça", disse Henrique Carlos Gonçalves, assessor da secretaria.

Marta
A prefeita Marta Suplicy afirmou ontem que os problemas com os pagamentos da prefeitura ocorrem por causa da burocracia. "Tem uma certa confusão", afirmou durante visita à Administração Regional de Itaquera, na zona leste da cidade.