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14/08/2001 - 02h48

Rebelião no Rio deixa 8 presos feridos a bala

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MAURÍCIO THUSWOHL
da Folha de S. Paulo

Uma rebelião que durou mais de nove horas no presídio Hélio Gomes, no Complexo Penitenciário Frei Caneca, no centro do Rio, terminou ontem com oito presos feridos a bala. A rebelião foi provocada por disputas entre facções criminosas rivais e só acabou depois que o governo atendeu à principal reivindicação dos rebelados, transferindo 17 detentos para outros presídios.

O presídio tem cerca de mil detentos e, segundo informações do Desipe (Departamento do Sistema Penitenciário), pelo menos metade participou da rebelião.

Os tumultos começaram às 23h de domingo e só terminaram às 8h30 de ontem. Os agentes penitenciários Marcelo Souza, Cléber Caldas e Jamilton Rodrigues foram mantidos reféns, mas foram liberados sem ferimentos.

Os presos feridos foram levados para o Hospital Penitenciário, dentro do complexo, e, segundo o Desipe, não correm risco de morte. O departamento não soube precisar, no entanto, nem a origem dos tiros nem a gravidade dos ferimentos. Só uma arma de fogo, um revólver calibre 38, foi apreendida com os rebelados.

Uma briga entre integrantes das facções criminosas Terceiro Comando e Terceiro Comando Jovem deu início à rebelião. O Terceiro Comando, que "domina" o presídio Hélio Gomes, exigia a transferência imediata de 17 integrantes da facção rival, além do aumento do horário de visita de duas para quatro horas.

Os três agentes foram rendidos pelos presos nas galerias A, B e E do presídio. Em seguida, presos da galeria D incendiaram colchões e danificaram parte do telhado da unidade. O sistema elétrico do presídio foi totalmente destruído e o Hélio Gomes passou o dia de ontem em completa escuridão. O sistema interno de televisão das galerias também foi parcialmente destruído.

O secretário estadual de Direitos Humanos e Sistema Penitenciário, João Luiz Duboc Pinaud, chegou ao presídio por volta de 1h30 para negociar com os presos. A rebelião terminou pela manhã, com a entrada no presídio de 40 homens do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) e do Serviço de Operações Especiais do Desipe.

Assim que acabou a revolta, os 17 detentos pertencentes ao Terceiro Comando Jovem foram transferidos. Acompanhados de Pinaud e do diretor do Desipe, Manoel Pedro da Silva, eles foram levados para o presídio Ary Franco, no Complexo Penitenciário de Água Santa.

Além do revólver calibre 38, com cano curto e placa de identificação raspada, foram apreendidos estiletes de fabricação manual. Presos abriram buracos nas paredes das galerias B, D e E. Segundo o Desipe, não houve fugas.

Os agentes penitenciários foram levados para depor na 6ª DP, (Cidade Nova) onde, por coincidência, encontraram o governador Anthony Garotinho (PSB) e o deputado federal Alexandre Cardoso (PSB). O governador, que acompanhava o presidente da Assembléia Legislativa do Ceará em uma visita à delegacia, minimizou o episódio. "Isso foi apenas uma briga de presos", disse.

No depoimento, os agentes disseram não poder identificar os líderes da rebelião, pois eles teriam permanecido encapuzados. Após serem rendidos, os agentes disseram que foram vendados e mantidos sob a ameaça de estiletes.
 

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