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16/08/2001 - 04h09

Depois de elevar tarifa, Metrô dá aumento aos cargos de confiança

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ALENCAR IZIDORO
da Folha de S. Paulo

Menos de um mês depois de elevar a tarifa de metrô acima da inflação, a Companhia do Metropolitano, ligada ao governo de São Paulo, decidiu conceder uma gratificação que confere aumento salarial de até 15% para ocupantes de cargos executivos.

Os beneficiados realizam funções de gerência, chefia de departamento e coordenação, geralmente desempenhadas por funcionários de confiança.
Eles representam 200 (2,7%) dos 7.300 metroviários e já haviam recebido reajuste de 7% dois meses atrás, após as negociações do dissídio coletivo da categoria.

A gratificação acrescenta gastos de R$ 150 mil por mês, R$ 1,8 milhão por ano, ao Metrô. Ela varia de 5% a 15%, conforme a função, mas a média é de R$ 750 mensais para cada funcionário de confiança, valor 30% superior ao piso salarial da companhia.

Em julho, a empresa aumentou a passagem em até 14,28%, ultrapassando os 12,34% de inflação medidos pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, da Universidade de São Paulo) desde agosto de 1999, data do reajuste anterior. O bilhete unitário passou de R$ 1,40 para R$ 1,60.

Na época, a principal justificativa do Estado para onerar os usuários foi a elevação de 7% nos salários dos 7.300 metroviários, acertada um mês antes.

Arrecadação
A nova gratificação aumenta em 1% os gastos com a folha de pagamento e vai consumir cerca de 4% da arrecadação "extra" obtida pelo Metrô com a elevação da passagem. "É um absurdo, uma falta de respeito à categoria e à população. Aumentaram a tarifa para dar esse benefício aos cargos de confiança. Eles disseram que iriam onerar a população dando aumento para gente. Mas, com apenas 7%, não haveria necessidade de reajustar a tarifa daquela forma", afirmou Onofre Gonçalves de Jesus, presidente do sindicato dos metroviários.

O presidente da companhia, Caetano Jannini Neto, nega uma relação direta entre a alta da tarifa e a decisão de dar a gratificação. Mas admite que esse benefício está ligado ao equilíbrio econômico-financeiro do Metrô. Ou seja, só é concedido porque a arrecadação, que teve um incremento de R$ 4 milhões por mês após a elevação da passagem, não está sendo inferior às despesas. "A gratificação é temporária, pode ser suspensa no final deste ano se esse equilíbrio estiver ameaçado. Não estou pedindo mais dinheiro do Tesouro", disse.

Jannini Neto afirmou que esse tipo de bônus aos cargos executivos é comum tanto em empresas privadas como estatais, abrangendo a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e a Sabesp, por exemplo.

Normalmente, segundo ele, costuma aumentar de 15% a 25% os vencimentos. "Os salários estavam se afastando demais da média do mercado. O impacto é desprezível em relação aos recursos que a gente administra."

A decisão de conceder a gratificação foi tomada pela presidência da empresa, sem precisar do aval do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Ela não foi publicada no "Diário Oficial". Houve apenas divulgação interna.

Esse benefício aos cargos executivos é previsto nas normas do Metrô desde 1986, mas foi suspenso em 1998. "Na época, nosso equilíbrio estava sendo ameaçado", afirmou Jannini Neto. Desde então, a tarifa ficou quase dois anos sem ter aumento.

O presidente da empresa disse ainda que esses funcionários beneficiados com a medida não têm as vantagens do plano de carreira, diferentemente dos demais, que executam funções técnicas.

Desde 1995, a Companhia do Metropolitano vem apresentando equilíbrio entre receitas e despesas. Mas, se forem computados itens como depreciação do patrimônio, por exemplo, a situação é deficitária. O balanço que considera esses aspectos apontava mais de R$ 300 milhões de prejuízo no ano passado.


 

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