01/09/2001 - 03h16

Advogado de Fernando quer usar Alckmin em defesa

FABIANE LEITE
da Folha de S. Paulo

A ida do governador Geraldo Alckmin (PSDB) à casa do apresentador Silvio Santos será aproveitada na defesa de Fernando Dutra Pinto, informou o advogado do acusado, Laércio José dos Santos. "Ele [o governador] só esteve presente porque Fernando não representava risco", disse ontem durante entrevista no estacionamento do Centro de Detenção Provisória Belém (zona leste de São Paulo), onde Fernando e o irmão, Esdras, estão detidos.

Além de destacar que seu cliente não tem perfil violento, o advogado pretende argumentar que ele não tinha familiaridade com o crime. "A linha de defesa é que ele não tinha uma personalidade voltada ao crime, caso se comprove algum", afirmou ainda Santos, que promete pedir o relaxamento das prisões na próxima semana.

A assessoria de imprensa do governador informou que ele não comentaria as afirmações. Para Santos, a atitude de Alckmin deve ser "aplaudida" e não criticada.

Ontem, no fim da tarde, o advogado conversou por meia hora com Fernando e Esdras.

De acordo com Santos, Fernando não assume nenhuma das acusações e só deve depor em juízo.

O advogado pretende esperar os depoimentos de Silvio Santos e de outros envolvidos no caso para falar sobre as acusações. Santos disse que não falou sobre os supostos crimes com os clientes.

De acordo com Santos, Fernando relatou que manteve diálogos cordiais com Silvio Santos, pedindo para que fosse mantida sua integridade física. O apresentador teria prometido providenciar defesa para Fernando, o que, segundo o advogado, não aconteceu. Ele é pago pelo pai do acusado.

O advogado disse que os irmãos estão em celas para duas pessoas, mas não sabe se estão juntos. Ambos pediram informações para poder começar a trabalhar na prisão, disse Santos. Solicitaram também sabonetes e toalhas. O advogado ainda não sabia se a família poderia fazer visitas neste fim de semana. De acordo com ele, seus clientes manifestaram arrependimento.

Santos também é advogado da ex-primeira-dama Nicéa Pitta em processos por danos morais e de Paula Alvarenga, sócia da Escola Base em 1995, quando foi acusada de abuso sexual contra crianças. Paula foi inocentada.

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