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02/07/2000
-
18h23
FABIANE LEITE, repórter da Folha Online
O secretário de Governo da Prefeitura de São Paulo, Arnaldo Faria de Sá, quer o prefeito Celso Pitta nas ruas, "mostrando serviço". "Quero deixar o serviço aparecer."
Desde a chegada de Faria de Sá à prefeitura, no dia 15 de junho, acabou o "sossego" do prefeito. Pitta, que costumava, antes de ser afastado no dia 25 de junho pela Justiça, realizar no máximo uma saída semanal do gabinete, não pára mais no Palácio das Indústrias, sede do Executivo paulistano.
Agora, Pitta diz que "quer pôr ordem na casa" e chega a emendar uma série de pequenos eventos. Na quinta-feira, transformou em cerimônia, com desfile e banda, a transferência de 303 guardas civis que eram de área administrativa para as ruas. Em seguida, correu para a inauguração de loteamento legalizado pela prefeitura. O próximo passo foi carregar uma caixa de remédios, comemorando a participação da prefeitura em programa de distribuição de medicamentos da União
Nas visitas que fazia a obras e escolas, antes do afastamento, Pitta mal conseguia falar do que estava fazendo nos locais. Era diretamente bombardeado com perguntas de jornalistas sobre as denúncias de corrupção em sua administração e saia acuado.
Após a entrada de Faria de Sá, a estratégia mudou. A recomendação é para que Pitta silencie quando o assunto for corrupção. No lugar de denúncias, fatos _o secretário nega que crie "factóides", porque diz que estes não tem fundamento, diferente das últimas medidas anunciadas por Pitta.
No entanto, as últimas medidas anunciadas por Pitta são obrigações que a prefeitura já deveria cumprir desde o início da gestão do prefeito, em 1997. A anunciada operação de multa a imóveis com fachadas pichadas é uma lei regulamentada desde o governo de Paulo Maluf (1992-1996) que determina a autuação a proprietários que não façam a limpeza de suas fachadas por mais de cinco anos.
Pitta também anunciou a entrega de TPUs (Termos de Permissão de Uso) a camelôs. O cadastramento dos ambulantes, no entanto, se arrastava desde 1998 e a esmagadora maioria dos marreteiros continua em situação indefinida.
Faria de Sá batizou também duas atividades que deveriam ser realizadas normalmente pela prefeitura como algo novo. Nos semáforos, disse que haverá a operação "Sinal Alerta", para retirar "flanelinhas" destes locais, com base em lei, que, no entanto, deveria estar sendo cumprida deste 1997. A presença de guardas civis municipais nas escolas, algo que é previsto entre as funções da GCM (Guarda Civil Metropolitana), é a operação "Anjos da Guarda", criada por Faria de Sá.
Sem dinheiro, resta à prefeitura requentar o que já devia ser fato.
"É uma nova imagem de governo", despista o secretário. Muitas medidas hoje alardeadas por Pitta foram anunciadas pelo vice-prefeito Regis de Oliveira (sem partido) nos 19 dias que ele ocupou o cargo de prefeito. Faria de Sá nega a "inspiração".
O secretário assumiu posto de "primeiro ministro", irritando alguns aliados de Pitta, por interferir demais. O secretário dos Transportes, Getúlio Hanashiro, não gostou nada da idéia de Faria de Sá de desenterrar uma lei que permite que os médicos sejam excluídos do rodízio municipal.
A regulamentação da lei estava em "banho maria" desde o ano passado, em razão dos problemas operacionais que criaria para o rodízio. Faria de Sá desencovou a legislação e determinou sua regulamentação. Conseguiu agradar o vereador Paulo Frange, do PTB, autor da lei.
O PTB, que tem três integrantes na comissão processante que analisa o impeachment do prefeito na Câmara Municipal, decidirá o futuro de Pitta. O prefeito tem um voto garantido na comissão, de Wadih Mutran (PPB), da sua tropa de choque. Os outros dois vereadores são da oposição.
A avaliação dos aliados do prefeito é de que Pitta estaria sendo mal assessorado antes de seu afastamento, isolando-se cada vez mais.
A intenção de Faria de Sá é mostrar que Pitta não está só. Desde o dia em que ele assumiu, alardeou que a prefeitura, mais do que nunca, neste ano eleitoral, está de portas abertas para os vereadores. "Alguns tentaram mostrar seu isolamento no gabinete. Mas eu não consigo mais administrar os pedidos. Todos querem falar com o prefeito", gritou Faria de Sá, em discurso recente.
O secretário, que recomendou a Pitta desistir da reeleição para evitar os ataques durante o pleito, prepara o prefeito para uma candidatura a deputado federal em 2002.
Faria de Sá, que diz ter rompido com Paulo Maluf (PPB) depois de aceitar participar do governo Pitta, também pode ajudar o pepebista. Poucos dias antes de se postar ao lado do prefeito, Faria de Sá era o possível candidato a vice de Maluf nas eleições municipais. O secretário poderá ajudar a abafar os escândalos da prefeitura com inaugurações, desfiles, medidas-relâmpago que façam esquecer as denúncias contra Pitta que respingam em Maluf.
O Pittagate vai interferir no seu voto? Vote na enquete
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Faria de Sá quer Pitta nas ruas, "mostrando serviço"
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O secretário de Governo da Prefeitura de São Paulo, Arnaldo Faria de Sá, quer o prefeito Celso Pitta nas ruas, "mostrando serviço". "Quero deixar o serviço aparecer."
Desde a chegada de Faria de Sá à prefeitura, no dia 15 de junho, acabou o "sossego" do prefeito. Pitta, que costumava, antes de ser afastado no dia 25 de junho pela Justiça, realizar no máximo uma saída semanal do gabinete, não pára mais no Palácio das Indústrias, sede do Executivo paulistano.
Agora, Pitta diz que "quer pôr ordem na casa" e chega a emendar uma série de pequenos eventos. Na quinta-feira, transformou em cerimônia, com desfile e banda, a transferência de 303 guardas civis que eram de área administrativa para as ruas. Em seguida, correu para a inauguração de loteamento legalizado pela prefeitura. O próximo passo foi carregar uma caixa de remédios, comemorando a participação da prefeitura em programa de distribuição de medicamentos da União
Nas visitas que fazia a obras e escolas, antes do afastamento, Pitta mal conseguia falar do que estava fazendo nos locais. Era diretamente bombardeado com perguntas de jornalistas sobre as denúncias de corrupção em sua administração e saia acuado.
Após a entrada de Faria de Sá, a estratégia mudou. A recomendação é para que Pitta silencie quando o assunto for corrupção. No lugar de denúncias, fatos _o secretário nega que crie "factóides", porque diz que estes não tem fundamento, diferente das últimas medidas anunciadas por Pitta.
No entanto, as últimas medidas anunciadas por Pitta são obrigações que a prefeitura já deveria cumprir desde o início da gestão do prefeito, em 1997. A anunciada operação de multa a imóveis com fachadas pichadas é uma lei regulamentada desde o governo de Paulo Maluf (1992-1996) que determina a autuação a proprietários que não façam a limpeza de suas fachadas por mais de cinco anos.
Pitta também anunciou a entrega de TPUs (Termos de Permissão de Uso) a camelôs. O cadastramento dos ambulantes, no entanto, se arrastava desde 1998 e a esmagadora maioria dos marreteiros continua em situação indefinida.
Faria de Sá batizou também duas atividades que deveriam ser realizadas normalmente pela prefeitura como algo novo. Nos semáforos, disse que haverá a operação "Sinal Alerta", para retirar "flanelinhas" destes locais, com base em lei, que, no entanto, deveria estar sendo cumprida deste 1997. A presença de guardas civis municipais nas escolas, algo que é previsto entre as funções da GCM (Guarda Civil Metropolitana), é a operação "Anjos da Guarda", criada por Faria de Sá.
Sem dinheiro, resta à prefeitura requentar o que já devia ser fato.
"É uma nova imagem de governo", despista o secretário. Muitas medidas hoje alardeadas por Pitta foram anunciadas pelo vice-prefeito Regis de Oliveira (sem partido) nos 19 dias que ele ocupou o cargo de prefeito. Faria de Sá nega a "inspiração".
O secretário assumiu posto de "primeiro ministro", irritando alguns aliados de Pitta, por interferir demais. O secretário dos Transportes, Getúlio Hanashiro, não gostou nada da idéia de Faria de Sá de desenterrar uma lei que permite que os médicos sejam excluídos do rodízio municipal.
A regulamentação da lei estava em "banho maria" desde o ano passado, em razão dos problemas operacionais que criaria para o rodízio. Faria de Sá desencovou a legislação e determinou sua regulamentação. Conseguiu agradar o vereador Paulo Frange, do PTB, autor da lei.
O PTB, que tem três integrantes na comissão processante que analisa o impeachment do prefeito na Câmara Municipal, decidirá o futuro de Pitta. O prefeito tem um voto garantido na comissão, de Wadih Mutran (PPB), da sua tropa de choque. Os outros dois vereadores são da oposição.
A avaliação dos aliados do prefeito é de que Pitta estaria sendo mal assessorado antes de seu afastamento, isolando-se cada vez mais.
A intenção de Faria de Sá é mostrar que Pitta não está só. Desde o dia em que ele assumiu, alardeou que a prefeitura, mais do que nunca, neste ano eleitoral, está de portas abertas para os vereadores. "Alguns tentaram mostrar seu isolamento no gabinete. Mas eu não consigo mais administrar os pedidos. Todos querem falar com o prefeito", gritou Faria de Sá, em discurso recente.
O secretário, que recomendou a Pitta desistir da reeleição para evitar os ataques durante o pleito, prepara o prefeito para uma candidatura a deputado federal em 2002.
Faria de Sá, que diz ter rompido com Paulo Maluf (PPB) depois de aceitar participar do governo Pitta, também pode ajudar o pepebista. Poucos dias antes de se postar ao lado do prefeito, Faria de Sá era o possível candidato a vice de Maluf nas eleições municipais. O secretário poderá ajudar a abafar os escândalos da prefeitura com inaugurações, desfiles, medidas-relâmpago que façam esquecer as denúncias contra Pitta que respingam em Maluf.
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