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17/09/2001 - 17h03

Saiba quem é Celsinho da Vila Vintém

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MARIO HUGO MONKEN
da Folha de S.Paulo, no Rio

Traficante mais procurado pela polícia do Rio, Celso Luís Rodrigues, 40, o Celsinho da Vila Vintém, tem um perfil diferente de outros líderes do tráfico no Rio de Janeiro. De acordo com a DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes), ele vem se mantendo no poder porque tem uma "visão empresarial" do tráfico.

"Celsinho é um comprador em potencial e um varejista. Sabe onde está a droga de qualidade. Não é à toa que, hoje, ele domina quase toda a zona oeste que, geograficamente, representa 40% da cidade do Rio de Janeiro", disse a inspetora Marina Maggessi, chefe de investigações da DRE.

Segundo Marina, outro fator que mantém Celsinho no poder é o que ela chama de "assistencialismo safado" que ele pratica na Vila Vintém, em Padre Miguel (zona oeste). Em troca de silêncio, a população da área recebe do traficante alimentação, cesta básica e assistência médica.

"Talvez Celsinho seja o único que ainda se utilize desde artifício para não ser cagoetado pela população. Isso não acontece, por exemplo, nas favelas dominadas pelo Comando Vermelho, cujos traficantes tentam se impôr na comunidade pela força e violência", disse.

Juntamente com o traficante Ernaldo Pinto Medeiros, o Uê, preso em Bangu 1, Celsinho ajudou a fundar a facção criminosa Ada (Amigo dos Amigos), que se aliou ao TC (Terceiro Comando) para tentar destruir o Comando Vermelho.

A Secretaria de Segurança Pública do Rio decidiu criar uma comissão especial só para investigar e prender o traficante. O grupo, que inclui policiais militares, delegados e promotores públicos, foi formado após denúncias de que Celsinho teria participado da invasão à favela do Quintungo, na Vila da Penha (zona norte), no dia 19 de agosto, quando 13 pessoas supostamente ligadas ao Comando Vermelho foram mortas.

Recompensa

Por ele, o Disque-Denúncia está oferecendo uma recompensa de R$ 20 mil. Condenado a 18 anos de prisão por tráfico e roubo, Celsinho da Vila Vintém fugiu duas vezes da prisão. A última delas ocorreu em 1998. Na ocasião, o traficante forçou sua transferência de Bangu 1 para o hospital penitenciário Fábio Soares Maciel (centro do Rio) alegando que precisava extrair uma bala do cotovelo.

Celsinho passou cerca de um mês na enfermaria sem ter feito a tal cirurgia e teria escapado pela porta da frente do hospital com a suposta conivência de médicos, agentes penitenciários e diretores do hospital. Suspeita-se que o traficante teria pago R$ 1 milhão para facilitarem sua fuga. Quatro agentes penitenciários acabaram afastados.

A polícia investiga ainda uma suposta rede de informantes que Celsinho possui no 14º BPM (Batalhão da Polícia Militar), em Bangu (zona oeste). Há informações, embora não confirmadas, de que o traficante costumava sair fardado da favela dentro de uma kombi. Cerca de 500 policiais do batalhão foram afastados em agosto suspeitos de envolvimento com o tráfico.

O subsecretário de Segurança, coronel Lenine de Freitas, disse que os policiais do batalhão chamavam o traficante de "doutor Celso".

Celsinho da Vila Vintém teria envolvimento também com a máfia das máquinas caça-níqueis, liderada pela família do falecido bicheiro Castor de Andrade. De acordo com o coronel Lenine, existe uma grande ligação do traficante com a família Andrade por causa da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel cuja quadra fica na entrada da favela da Vila Vintém, reduto de Celsinho.

Evangélico

Outra investigação sobre Celsinho é seu suposto envolvimento com grupos evangélicos. Em julho, a polícia recebeu fotos em que o traficante aparecia junto com o pastor evangélico Marcos Batista e o cantor evangélico Ricardo da Silva.

Em depoimento à DRE, os envolvidos disseram que a foto foi tirada em uma missão evangélica na Vila Vintém quando eles tentavam "converter" Celsinho. Segundo informações da polícia, o traficante se diz seguidor do demônio, possui o corpo tatuado com imagens malignas e sempre anda com um tridente de ouro.

Nascido em São Paulo, em 1961, Celsinho trabalhou como pedreiro, cobrador de ônibus, foi proprietário de um bar e de um salão de cabeleireiro. Entrou para o crime aos 16 anos e foi preso pela primeira vez em 1984, por tentativa de homicídio, pela 33ª DP (Delegacia de Polícia), em Realengo (zona oeste).

Casado e pai de duas filhas, Celsinho da Vila Vintém é chamado de sanguinário pela polícia. Segundo moradores da zona oeste, um dos membros de sua quadrilha, supostamente chamado de "Machadinha", costuma esquartejar vítimas por ordem do traficante.

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