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06/10/2001
-
03h26
SÉRGIO DURAN
da Folha de S.Paulo
A Prefeitura de São Paulo usará a experiência dos sem-teto para administrar o mais novo alojamento do programa de retirada de pessoas que moram em áreas de risco e sob pontes e viadutos.
Dessa vez, os alojados são 42 famílias do Movimento dos Sem-Teto do Centro (MSTC), que se mudam na manhã de hoje para o antigo hotel Regência, na avenida São João, centro da cidade. Elas não só ganharão abrigo como administrarão o condomínio.
Os sem-teto moravam em um prédio do fundo de pensão da antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA), na rua Brigadeiro Tobias, também no centro. Construído em 1946, o edifício está com a estrutura comprometida, mas não sob risco de desabar.
O laudo encomendado da empresa de engenharia Ieme Brasil constatou "deficiência da capacidade resistente de diversos pilares". Assinado pelos especialistas Lucas Schreiner, Julio Nakano e Marco Juliani, a análise técnica recomenda "a execução de uma série de reforços estruturais".
O local foi invadido em 1999. Na época, estava fechado havia 20 anos. Desde então, os sem-teto negociam a compra do imóvel, que, hoje, é decorado com faixas de propaganda da prefeitura.
"Problemas de estrutura não são simples", diz Carolina de Castro, diretora do Habicentro, que trabalha no programa de remoção. "Uma construção com os problemas apontados no laudo pode desabar a qualquer momento, como também nunca ruir."
Carolina não informa o valor pago pelo aluguel do antigo hotel Regência. Segundo ela, a intenção é "não inflacionar o mercado".
Já de acordo com Valentina Caran, presidente da imobiliária responsável pelo aluguel, o hotel custará R$ 14 mil mensais ao município. Dessa forma, cada um dos 40 apartamentos tipo quitinete, todos mobiliados, sairá por R$ 350, similar ao pago em outros alojamentos do programa.
Os sem-teto poderão morar no hotel por, no máximo, 18 meses, segundo Carolina. Depois, a prefeitura estima encontrar moradias definitivas para as famílias.
A líder dos sem-teto considera que a prefeitura "terá muita coisa para aprender" com a maneira de administrar condomínios populares como o que representa. "Eu acho, às vezes, que eles têm uma visão burguesa do problema, mas, mesmo assim, acredito que nós também vamos aprender."
Segundo o movimento, os gastos com água e luz são divididos "por cabeça": R$ 10 e R$ 6, respectivamente. Crianças não têm isenção. Para cuidar da portaria e da limpeza do prédio, será feito um revezamento entre os novos moradores. Quem contrariar as normas, como, por exemplo, faltar no dia em que está escalado para algum trabalho, será multado.
Sem-teto vão gerenciar hotel na região central
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da Folha de S.Paulo
A Prefeitura de São Paulo usará a experiência dos sem-teto para administrar o mais novo alojamento do programa de retirada de pessoas que moram em áreas de risco e sob pontes e viadutos.
Dessa vez, os alojados são 42 famílias do Movimento dos Sem-Teto do Centro (MSTC), que se mudam na manhã de hoje para o antigo hotel Regência, na avenida São João, centro da cidade. Elas não só ganharão abrigo como administrarão o condomínio.
Os sem-teto moravam em um prédio do fundo de pensão da antiga Rede Ferroviária Federal (RFFSA), na rua Brigadeiro Tobias, também no centro. Construído em 1946, o edifício está com a estrutura comprometida, mas não sob risco de desabar.
O laudo encomendado da empresa de engenharia Ieme Brasil constatou "deficiência da capacidade resistente de diversos pilares". Assinado pelos especialistas Lucas Schreiner, Julio Nakano e Marco Juliani, a análise técnica recomenda "a execução de uma série de reforços estruturais".
O local foi invadido em 1999. Na época, estava fechado havia 20 anos. Desde então, os sem-teto negociam a compra do imóvel, que, hoje, é decorado com faixas de propaganda da prefeitura.
"Problemas de estrutura não são simples", diz Carolina de Castro, diretora do Habicentro, que trabalha no programa de remoção. "Uma construção com os problemas apontados no laudo pode desabar a qualquer momento, como também nunca ruir."
Carolina não informa o valor pago pelo aluguel do antigo hotel Regência. Segundo ela, a intenção é "não inflacionar o mercado".
Já de acordo com Valentina Caran, presidente da imobiliária responsável pelo aluguel, o hotel custará R$ 14 mil mensais ao município. Dessa forma, cada um dos 40 apartamentos tipo quitinete, todos mobiliados, sairá por R$ 350, similar ao pago em outros alojamentos do programa.
Os sem-teto poderão morar no hotel por, no máximo, 18 meses, segundo Carolina. Depois, a prefeitura estima encontrar moradias definitivas para as famílias.
A líder dos sem-teto considera que a prefeitura "terá muita coisa para aprender" com a maneira de administrar condomínios populares como o que representa. "Eu acho, às vezes, que eles têm uma visão burguesa do problema, mas, mesmo assim, acredito que nós também vamos aprender."
Segundo o movimento, os gastos com água e luz são divididos "por cabeça": R$ 10 e R$ 6, respectivamente. Crianças não têm isenção. Para cuidar da portaria e da limpeza do prédio, será feito um revezamento entre os novos moradores. Quem contrariar as normas, como, por exemplo, faltar no dia em que está escalado para algum trabalho, será multado.
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