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07/10/2001 - 09h16

Ex-operárias convivem com a LER

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da Folha de S.Paulo

Zizumina, 44, não consegue segurar uma caneca d"àgua. Josefa, 50, sente dores ao varrer a casa. Ednalva, 41, tem dificuldades para levantar os braços. Marli, 39, está com dedos da mão esquerda atrofiados. Francisca, 40, só dorme com soníferos.

As quatro são amigas há mais de dez anos, trabalhavam juntas em uma montadora em São Paulo e são vítimas de uma mesma doença: LER/Dort. Há dois anos, depois de inúmeros afastamentos médicos, elas saíram do trabalho, após um acordo, mas ainda sofrem com as lesões.

Hoje não conseguem mais trabalho. Dizem que quando o empregador olha a carteira profissional, cheia de carimbos de afastamentos, desiste de contratá-las.

"Já tirei outra, mas eles ficam sabendo e inventam qualquer desculpa", afirma Francisca de Jesus.

Zizumina Madalena Miguel trabalhou durante 18 anos montando peças de carros. Começou a sentir os primeiros sintomas da doença LER/Dort em 86. "As dores começavam nas mãos, subiam pelos braços, espalhavam pelo ombro e coluna", diz.

Procurou o médico da empresa, que a medicou com relaxante muscular e analgésicos. Como as dores não passavam, ela recorreu a um outro médico, que a afastou do trabalho por seis meses.

A partir daí, foram seis afastamentos até janeiro de 2000, quando deixou a fábrica. Hoje tem atrofia na mão direita, dores nos braços e ombros que só são aliviadas com analgésicos.

A história de Zizumina se confunde com as histórias das amigas. Tendinites, tenosinuvites, bursites, miosites, síndrome do túnel do carpo são algumas das lesões que elas têm em comum.

O bancário Sergio Celeste, 37, afirma que começou a sentir fortes dores nas costas, braços e mãos em 1994, mas só procurou ajuda médica seis anos depois, quando foi internado às pressas com hipertensão. "A pressão era imensa. Eu era gerente administrativo, mas trabalhava também como caixa", afirma.

Na primeira consulta, os médicos dignosticaram pelo menos quatro doenças relacionadas às LER/Dort: tendinite, tenosinuvite, síndrome do túnel do carbo e hérnia de disco. Está afastado da empresa há um ano e cinco meses e, desde então, faz diversos tipos de terapias (acumputura, RPG, entre outros) para tentar se reabilitar, mas ainda sente muitas dores e, durante as crises, não consegue nem segurar um clipes.

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