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04/07/2000
-
19h51
CELSO BEJARANO JR.
da Agência Folha, em Campo Grande
A primeira universidade indígena do Brasil vai funcionar a partir de julho do ano que vem, no município de Cáceres, a 250 quilômetros de Cuiabá (MT). A criação da nova instituição foi anunciada nesta terça-feira (4), pela Secretaria da Educação de Mato Grosso. O governo do Estado vai gastar R$ 3 milhões com a implantação.
O processo seletivo para ingressar na universidade, ainda em processo de elaboração, será parecido com o vestibular.
O candidato terá de ser índio, com o ensino médio concluído e ainda ser indicado pela comunidade indígena a qual pertence. Além disso, o concorrente deve fazer uma prova escrita, que vai testar o seu conhecimento. O processo de avaliação acontecerá em janeiro do ano que vem.
Inicialmente vão estar disponíveis 200 vagas, das quais 180 serão priorizadas aos índios do Estado de Mato Grosso.
O coordenador da comissão que criou a universidade indígena, Geraldo Grossi Júnior, informou que os cursos terão duração de cinco anos.
A primeira turma da universidade será composta somente por professores indígenas.
Cursos
Grossi Jr. disse que a instituição vai oferecer três cursos: línguas, artes e literatura, ciências sociais e ciências da natureza.
Os cursos serão gratuitos e já estão sendo analisados pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura), segundo Grossi.
Para Ariovaldo José dos Santos, administrador da Funai (Fundação Nacional do Índio), em Cuiabá, a criação da universidade indígena "é uma conquista, um incentivo para o índio continuar estudante".
Na opinião de Santos, a instituição pode resgatar a cultura indígena. "Hoje tem índio que tem vergonha de ser índio. Estuda em escolas ou universidades particulares e, às vezes, até se esquece de suas origens."
O historiador Antônio Brant discorda da opinião do administrador da Funai. "Tenho de que seja um projeto político. Pode ser extinto quando acabar o vendaval da notícia, como tantos outros projetos indígenas estão fadados."
Brant desenvolve estudos, desde 1978, em aldeias dos povos guarani-caiovás, em Mato Grosso do Sul, Estado que tem a segunda maior população indígena no Brasil.
Outro dado negativo apontado pelo pelo historiador refere-se a condução dos cursos. "No Brasil, existem 200 povos indígenas distintos, cada um tem seu modo de viver, pensar, agir. Como juntar todos em uma só universidade, se eles não falam a mesma linguagem? O xavante tem sua cultura, o guarani, outra."
Brant afirmou conhecer pouco o projeto da universidade, mas não retira suas ressalvas.
População
De acordo com a administração da Funai, em Brasília, vivem no país cerca de 370 mil índios, dos quais 85.840 frequentam as salas de aula.
Os dados apontam que 72 mil índios estudam nas aldeias. Os números da Funai indicam ainda que da população indígena estudantil, apenas 340 frequentam cursos superiores.
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Mato Grosso cria primeira universidade indígena do país
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da Agência Folha, em Campo Grande
A primeira universidade indígena do Brasil vai funcionar a partir de julho do ano que vem, no município de Cáceres, a 250 quilômetros de Cuiabá (MT). A criação da nova instituição foi anunciada nesta terça-feira (4), pela Secretaria da Educação de Mato Grosso. O governo do Estado vai gastar R$ 3 milhões com a implantação.
O processo seletivo para ingressar na universidade, ainda em processo de elaboração, será parecido com o vestibular.
O candidato terá de ser índio, com o ensino médio concluído e ainda ser indicado pela comunidade indígena a qual pertence. Além disso, o concorrente deve fazer uma prova escrita, que vai testar o seu conhecimento. O processo de avaliação acontecerá em janeiro do ano que vem.
Inicialmente vão estar disponíveis 200 vagas, das quais 180 serão priorizadas aos índios do Estado de Mato Grosso.
O coordenador da comissão que criou a universidade indígena, Geraldo Grossi Júnior, informou que os cursos terão duração de cinco anos.
A primeira turma da universidade será composta somente por professores indígenas.
Cursos
Grossi Jr. disse que a instituição vai oferecer três cursos: línguas, artes e literatura, ciências sociais e ciências da natureza.
Os cursos serão gratuitos e já estão sendo analisados pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura), segundo Grossi.
Para Ariovaldo José dos Santos, administrador da Funai (Fundação Nacional do Índio), em Cuiabá, a criação da universidade indígena "é uma conquista, um incentivo para o índio continuar estudante".
Na opinião de Santos, a instituição pode resgatar a cultura indígena. "Hoje tem índio que tem vergonha de ser índio. Estuda em escolas ou universidades particulares e, às vezes, até se esquece de suas origens."
O historiador Antônio Brant discorda da opinião do administrador da Funai. "Tenho de que seja um projeto político. Pode ser extinto quando acabar o vendaval da notícia, como tantos outros projetos indígenas estão fadados."
Brant desenvolve estudos, desde 1978, em aldeias dos povos guarani-caiovás, em Mato Grosso do Sul, Estado que tem a segunda maior população indígena no Brasil.
Outro dado negativo apontado pelo pelo historiador refere-se a condução dos cursos. "No Brasil, existem 200 povos indígenas distintos, cada um tem seu modo de viver, pensar, agir. Como juntar todos em uma só universidade, se eles não falam a mesma linguagem? O xavante tem sua cultura, o guarani, outra."
Brant afirmou conhecer pouco o projeto da universidade, mas não retira suas ressalvas.
População
De acordo com a administração da Funai, em Brasília, vivem no país cerca de 370 mil índios, dos quais 85.840 frequentam as salas de aula.
Os dados apontam que 72 mil índios estudam nas aldeias. Os números da Funai indicam ainda que da população indígena estudantil, apenas 340 frequentam cursos superiores.
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