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18/10/2001
-
19h55
RONALDO SOARES
da Agência Folha, em Paranaguá
Um acidente com um navio da Petrobras provocou hoje o vazamento de nafta, um derivado do petróleo que é altamente inflamável, na baía de Paranaguá, no litoral paranaense. O vazamento começou pela manhã e durou oito horas. A empresa não fez uma estimativa do total que vazou, mas o tanque avariado tinha 4 milhões de litros do produto.
Dois mergulhadores contratados pela Petrobras que trabalhavam na ajuda da contenção do produto sofreram um acidente no começo da noite e um deles morreu, segundo a empresa. Não há detalhes sobre o acidente.
Cerca de 7.000 moradores vivem nas proximidades do porto, segundo cálculos da Defesa Civil, que chegou a cogitar a retirada dessa população da área. O comandante do órgão, coronel Luiz Antônio Vieira, decidiu não realizar a operação porque, segundo avaliação feita à tarde, com a contenção do vazamento os riscos diminuíram.
A Petrobras foi a responsável pelo maior acidente ambiental do Estado, ocorrido em julho do ano passado, quando cerca de 4 milhões de litros de óleo vazaram de uma refinaria em Araucária, na região metropolitana de Curitiba.
O acidente de hoje ocorreu por volta das 8h25, quando o navio "Norma", da Transpetro _subsidiária da Petrobras na área de transporte_ carregado com 24 milhões de litros de nafta bateu em uma rocha, o que teria provocado o rompimento no casco do navio, segundo a versão da Petrobras. A embarcação ia do porto de Paranaguá (a 120 km de Curitiba) para Tramandaí (RS).
O choque danificou parte da casa de máquinas da embarcação e avariou um dos cinco tanques de nafta que o navio transportava. O compartimento afetado continha cerca de 4 milhões de litros do produto.
Segundo a Petrobras, parte do conteúdo foi bombeada para outros tanques, para evitar danos ainda maiores ao ambiente. O vazamento só foi totalmente controlado às 16h30.
Por seu alto teor de volatilidade, a nafta _uma espécie de gasolina em estado bruto usado na indústria petroquímica, principalmente na fabricação de plástico_, quando em contato com o ambiente evapora e se transforma num gás altamente inflamável.
Como o risco de uma explosão era alto, o espaço aéreo na região foi bloqueado e a circulação de barcos, suspensa. A Defesa Civil e a Petrobras isolaram uma área de três quilômetros quadrados na baía. A Capitania dos Portos suspendeu por tempo indeterminado a entrada e saída de navios no porto de Paranaguá.
Por solicitação da Defesa Civil, emissoras de rádio da região passaram a veicular um apelo aos moradores de áreas próximas ao local do acidente para não acender fósforos ou ligar aparelhos elétricos, o que poderia provocar uma explosão.
No início da tarde, o temor de uma explosão fez com que a Defesa Civil determinasse também o corte no fornecimento de energia elétrica no porto de Paranaguá.
Os 5.000 funcionários da área portuária _onde funcionam empresas, armazéns e terminais_ e os 700 da área administrativa do porto foram dispensados, por causa do risco de intoxicação pelo gás.
Se inalado, o gás causa mal-estar, enjôos e, em alguns casos, irritação na pele. A Petrobras e os órgãos ambientais do Paraná não souberam determinar as causas do acidente.
A Agência Folha apurou que existem duas hipóteses. Uma delas é que uma falha no motor teria levado a embarcação a se chocar com uma rocha que fica a cerca de 1,5 km do cais do porto.
A rocha fica de sete a dez metros abaixo da superfície do mar e é sinalizada por uma bóia no canal da Galeta, local de entrada e saída de navios. A outra hipótese é que o navio teria desviado para que outra embarcação, que vinha em sentido contrário, pudesse passar.
Inquérito
Segundo a Petrobras, no momento do acidente, a embarcação era conduzida por um prático _funcionário do porto que manobra navios do cais até alto-mar. O sindicato da categoria em Paranaguá não se pronunciou sobre o assunto, mas a Capitania dos Portos em Paranaguá abriu inquérito para investigar as causas do acidente.
O presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, disse que somente "nos próximos dois ou três dias a empresa terá uma avaliação sobre os prejuízos ao ecossistema na região".
Segundo ele, a nafta leva em média de seis a nove horas para evaporar. Acidentes com nafta são raros, mas a Petrobras não soube informar qual a data do último vazamento do produto no mar.
O governador do Paraná, Jaime Lerner (PFL), disse que a Defesa Civil pediu aos moradores que não se aproximem do local do acidente até que os órgãos ambientais do Estado concluam laudo sobre o impacto do vazamento no ecossistema.
Somente após o laudo o governo definirá o valor da multa que será aplicada à Petrobras.
Esmeralda Quadros, presidente da ONG Movimento Ecológico do Litoral, disse que o risco é que o produto atinja o mangue e cause mortandade de peixes que fazem parte das subsistência dos pescadores da região. Segundo ambientalistas ouvidos pela Agência Folha, o risco de mortandade de peixes e espécies marinhas é o maior em vazamentos de produtos com as características da nafta.
Mergulhador morre em operação de limpeza da Petrobras no PR
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da Agência Folha, em Paranaguá
Um acidente com um navio da Petrobras provocou hoje o vazamento de nafta, um derivado do petróleo que é altamente inflamável, na baía de Paranaguá, no litoral paranaense. O vazamento começou pela manhã e durou oito horas. A empresa não fez uma estimativa do total que vazou, mas o tanque avariado tinha 4 milhões de litros do produto.
Dois mergulhadores contratados pela Petrobras que trabalhavam na ajuda da contenção do produto sofreram um acidente no começo da noite e um deles morreu, segundo a empresa. Não há detalhes sobre o acidente.
Cerca de 7.000 moradores vivem nas proximidades do porto, segundo cálculos da Defesa Civil, que chegou a cogitar a retirada dessa população da área. O comandante do órgão, coronel Luiz Antônio Vieira, decidiu não realizar a operação porque, segundo avaliação feita à tarde, com a contenção do vazamento os riscos diminuíram.
A Petrobras foi a responsável pelo maior acidente ambiental do Estado, ocorrido em julho do ano passado, quando cerca de 4 milhões de litros de óleo vazaram de uma refinaria em Araucária, na região metropolitana de Curitiba.
O acidente de hoje ocorreu por volta das 8h25, quando o navio "Norma", da Transpetro _subsidiária da Petrobras na área de transporte_ carregado com 24 milhões de litros de nafta bateu em uma rocha, o que teria provocado o rompimento no casco do navio, segundo a versão da Petrobras. A embarcação ia do porto de Paranaguá (a 120 km de Curitiba) para Tramandaí (RS).
O choque danificou parte da casa de máquinas da embarcação e avariou um dos cinco tanques de nafta que o navio transportava. O compartimento afetado continha cerca de 4 milhões de litros do produto.
Segundo a Petrobras, parte do conteúdo foi bombeada para outros tanques, para evitar danos ainda maiores ao ambiente. O vazamento só foi totalmente controlado às 16h30.
Por seu alto teor de volatilidade, a nafta _uma espécie de gasolina em estado bruto usado na indústria petroquímica, principalmente na fabricação de plástico_, quando em contato com o ambiente evapora e se transforma num gás altamente inflamável.
Como o risco de uma explosão era alto, o espaço aéreo na região foi bloqueado e a circulação de barcos, suspensa. A Defesa Civil e a Petrobras isolaram uma área de três quilômetros quadrados na baía. A Capitania dos Portos suspendeu por tempo indeterminado a entrada e saída de navios no porto de Paranaguá.
Por solicitação da Defesa Civil, emissoras de rádio da região passaram a veicular um apelo aos moradores de áreas próximas ao local do acidente para não acender fósforos ou ligar aparelhos elétricos, o que poderia provocar uma explosão.
No início da tarde, o temor de uma explosão fez com que a Defesa Civil determinasse também o corte no fornecimento de energia elétrica no porto de Paranaguá.
Os 5.000 funcionários da área portuária _onde funcionam empresas, armazéns e terminais_ e os 700 da área administrativa do porto foram dispensados, por causa do risco de intoxicação pelo gás.
Se inalado, o gás causa mal-estar, enjôos e, em alguns casos, irritação na pele. A Petrobras e os órgãos ambientais do Paraná não souberam determinar as causas do acidente.
A Agência Folha apurou que existem duas hipóteses. Uma delas é que uma falha no motor teria levado a embarcação a se chocar com uma rocha que fica a cerca de 1,5 km do cais do porto.
A rocha fica de sete a dez metros abaixo da superfície do mar e é sinalizada por uma bóia no canal da Galeta, local de entrada e saída de navios. A outra hipótese é que o navio teria desviado para que outra embarcação, que vinha em sentido contrário, pudesse passar.
Inquérito
Segundo a Petrobras, no momento do acidente, a embarcação era conduzida por um prático _funcionário do porto que manobra navios do cais até alto-mar. O sindicato da categoria em Paranaguá não se pronunciou sobre o assunto, mas a Capitania dos Portos em Paranaguá abriu inquérito para investigar as causas do acidente.
O presidente da Petrobras, Henri Philippe Reichstul, disse que somente "nos próximos dois ou três dias a empresa terá uma avaliação sobre os prejuízos ao ecossistema na região".
Segundo ele, a nafta leva em média de seis a nove horas para evaporar. Acidentes com nafta são raros, mas a Petrobras não soube informar qual a data do último vazamento do produto no mar.
O governador do Paraná, Jaime Lerner (PFL), disse que a Defesa Civil pediu aos moradores que não se aproximem do local do acidente até que os órgãos ambientais do Estado concluam laudo sobre o impacto do vazamento no ecossistema.
Somente após o laudo o governo definirá o valor da multa que será aplicada à Petrobras.
Esmeralda Quadros, presidente da ONG Movimento Ecológico do Litoral, disse que o risco é que o produto atinja o mangue e cause mortandade de peixes que fazem parte das subsistência dos pescadores da região. Segundo ambientalistas ouvidos pela Agência Folha, o risco de mortandade de peixes e espécies marinhas é o maior em vazamentos de produtos com as características da nafta.
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