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11/11/2001 - 06h02

Violência contra vítimas de sequestro inclui tortura e até mutilação

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da Folha de S.Paulo

Cortar um pedaço da orelha de uma vítima de sequestro e enviá-lo à família como prova de que a pessoa está viva, ou simplesmente para torturá-la, tornou-se uma prática mais sórdida e frequente do que muita gente imagina.

Desde 1999, quando o Brasil se emocionou com o drama de Wellington Camargo, irmão dos sertanejos Zezé Di Camargo e Luciano, que teve parte da orelha esquerda decepada durante sequestro que durou 94 dias, pelo menos oito pessoas já foram vítimas desse tipo de violência _por faca, tesoura ou dentada.

Todas elas tiveram suas orelhas reconstituídas pelo cirurgião plástico Juarez Avelar, 57, considerado um dos maiores especialistas brasileiros na área.

Idosos e crianças
A mutilação é apenas a face mais visível da violência nos cativeiros. Para eles, vão pessoas de todas as origens e idades. Entre os sequestrados deste ano, há um empresário de 86 anos e uma criança de apenas dois anos.

No mês passado, a criança de dois anos assistiu aos pais serem espancados durante toda a noite. A intenção do bando era assustar o advogado C.T.N., para que ele vendesse sua BMW e pagasse o resgate da mulher, a arquiteta M.T., e da filha. Para ter certeza de que ele não reagiria, o bando decidiu intimidá-lo.

A estratégia, diz a polícia, agora é comum. Antes não havia casos de sequestros coletivos, com liberação de uma das vítimas.

Força
"Como eles têm um planejamento ralo, precisam usar a força para controlar a situação", diz o delegado Wagner Giudice, da Anti-Sequestros.

As vítimas que sofreram mutilação têm entre 28 e 40 anos. Quatro delas são de São Paulo, duas de Brasília (DF), uma do Rio de Janeiro (RJ) e uma de Campinas (SP). O caso mais chocante é de uma advogada paulista de 28 anos, que teve os dois lóbulos (extremidade da orelha onde se coloca o brinco) cortados com faca.

Segundo o médico Avelar, os sequestradores enviaram primeiro um dos lóbulos à família. Dias depois, como os familiares se recusavam a pagar o resgate exigido, eles continuaram a tortura.

"Eles chegaram a perguntar se ela (a advogada) preferiria ter a orelha totalmente cortada, perder um dedo ou ter o outro lóbulo cortado", afirma o médico. Ela "optou" pela última alternativa.

As vítimas de Brasília, de 38 e 40 anos, tiveram parte das orelhas arrancadas a dentadas.
 

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