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27/11/2001 - 03h43

Rotina de vizinhos do Carandiru não é alterada

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da Folha de S.Paulo

Leonardo, 12, e Beatriz, 14, iam para a escola, que fica bem perto da loja de Vera, que estava sozinha em seu brechó ontem, como Meire, que trabalha em uma loja.

Em uma casa que dá fundos para a loja, o cortador de tecidos Luiz, 40, trabalhava com a porta e a janela abertas. Vizinha de Luiz, a dona-de-casa Mavildia tentava arrumar a fechadura do portão da garagem, que resolveu emperrar.

Perto dali, policiais militares orientavam moradores da região a ficarem em casa com portas e janelas trancadas devido à fuga de presos do Carandiru. "Já fazemos isso normalmente", diz Mavildia dos Santos, que mora a 200 metros do complexo penitenciário e afirma que sua rotina já não muda mais a cada confusão no local.

Vivendo perto de fugas e rebeliões há 30 anos, ela afirma que o receio que surge a cada motim vem acompanhado de uma certeza que tranquiliza: "Eles [os presos" vão sempre para longe".

Essas fugas podem envolver, como ontem, o uso de túneis que terminam em ruas, como a da comerciante Vera Lúcia Henrique Dias. "Dois que fugiram passaram aqui. Eles estavam completamente enlameados. Fazer o quê? Se eles chegarem, como já aconteceu, e pedirem dinheiro, eu dou. É melhor não reagir", afirma.

"Meu irmão viu dois dos presos no Metrô", disse Leonardo Nascimento de Almeida, a caminho da escola estadual Buenos Aires, em Santana. Quando chegasse à escola, ele contaria a novidade para os colegas, enquanto a irmã, Beatriz, justificaria a falta na aula de reforço, pela manhã. "Minha mãe não deixou eu sair sozinha."

Preocupada também ficou a mãe de Meire Gonzaga do Nascimento, que telefonou para a loja em que ela trabalha, em frente ao Carandiru. Para a mãe, ela revelou a estratégia para o caso de perigo. "Fecho a porta", disse Meire.

Se ouvisse o vizinho, o cortador Luiz Carlos Medeiros, Meire teria mais argumentos para tranquilizar a mãe. "Eles [os presos] nunca aparecem por esse lado", disse.



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