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06/01/2002 - 05h09

Brasil negro é 101º em qualidade de vida

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FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Folha de S.Paulo, no Rio

Um abismo de 55 países separa o Brasil negro do branco: no ranking de qualidade de vida medido pelo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o negro brasileiro fica em 101º lugar, e o branco, em 46º lugar.

Com isso os negros têm qualidade de vida comparável à de países pobres como Vietnã (101º lugar no ranking da ONU) e Argélia (100º lugar), onde o desenvolvimento humano é considerado de médio para baixo.

Já os brancos têm qualidade de vida similar à de países como a Croácia (46º lugar) e os Emirados Árabes (45º lugar), de alto desenvolvimento.
Esse é o resultado de uma pesquisa feita pelo economista Marcelo Paixão, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Com a mesma metodologia usada pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) para elaborar o IDH -que considera indicadores de educação, expectativa de vida e rendimento per capita-, Paixão calculou os índices para as populações de negros e brancos no Brasil, referentes ao ano de 1999.

Em vez de negros, porém, o pesquisador usa a terminologia afro-descendentes, somando aqueles que o IBGE classifica como pretos e pardos. Segundo o instituto, em 1999 a população brasileira era formada por 54% de brancos, 5,4% de pretos e 39,9% de pardos.

No ranking de 1999 da ONU, com 162 países, o Brasil está em 69º lugar (médio desenvolvimento humano), entre a Arábia Saudita e as Filipinas.

Nos primeiros lugares estão Noruega, Austrália e Canadá. No último, Serra Leoa.

Paixão fez o mesmo estudo para os anos de 1997 e 1998. No período, a educação foi ao mesmo tempo o fator de maior diferença entre negros e brancos e o principal motivo da redução da distância da qualidade de vida entre eles.

Em 1997, havia uma distância de 60 países entre negros e brancos. Enquanto os negros ocupavam o 105º posto, os brancos vêm se mantendo no 46º há três anos.

Em 1999, 91,7% dos brancos com mais de 15 anos eram alfabetizados, enquanto, entre negros, essa taxa era de 80,2%. Em 1997, a taxa era de 78% entre negros e 91% entre brancos.

"Houve uma melhora, mas o período de apenas três anos é insuficiente para avaliar se isso foi pontual ou se constitui uma tendência", afirma o economista.

Na análise dos indicadores salariais, a pesquisa mostra que a renda média familiar per capita dos brancos (2,99 salários mínimos) é mais do que o dobro da dos negros (1,28 salário).

Na expectativa de vida, o negro também perde: vive, em média, 65,12 anos, enquanto o branco vive 71,23 anos. No Brasil, a expectativa de vida média é de 68 anos.

No estudo, o economista usa dados das Pnads (Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios) realizadas pelo IBGE de 1997 a 1999 e dos relatórios de desenvolvimento humano da ONU.



 

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