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20/01/2002
-
09h46
da Revista da Folha
O clima era de nostalgia na tarde daquele 10 de junho de 2000. Um grupo de médicos, arquitetos e administradores de empresas se reencontrava 30 anos depois para homenagear ex-professores do ginásio. O palco era a Escola Estadual Professor Antônio Alves Cruz, em Pinheiros. Foi uma espécie de choque de realidade nas doces memórias do passado.
Com quase 40 anos de existência, o colégio estava bem diferente do que era nos anos 60/70. A degradação evidente do prédio se somava à debandada de estudantes. Com capacidade para 1.800 alunos em três períodos, o Alves Cruz tinha 594 matriculados distribuídos em 14 salas.
O que era para ser um evento comemorativo virou um ato de reflexão: o que fazer para salvar a escola?
Para reconhecer o Alves Cruz, o grupo de ex resolveu ouvir os atuais alunos. Dali nasceu a ONG Associação Fênix para o Desenvolvimento da Educação e Cultura. Três meses depois da festa, organizaram um fórum. "Antes de mais nada, era fundamental despertar o interesse de estudantes, pais e professores pelo destino da escola", explica o médico Zyun Masuda, 46, aluno de 65 a 72, formado pela USP.
Para apagar a decadência física, veio a reforma. A associação levantou a documentação fotográfica, ouviu sugestões e desenvolveu um projeto, coordenado pelo arquiteto José Carlos Ribeiro, 48, ex-integrante do grupo Rumo, estudante de 69 a 72. As obras no prédio foram executadas pelo governo do Estado; a recuperação dos jardins, praticamente destruídos, por alunos e professores.
Para combater o declínio pedagógico, oficinas de reciclagem para os professores, desenvolvidas com o apoio de outras ONGs. "A luta pela sobrevivência dificulta a dedicação dos docentes. Na minha época, professores davam aula no máximo em duas escolas. Hoje isso é impossível", explica Amélia Junko Watanabe, 56, ex-professora de inglês do Alves Cruz e integrante da Fênix.
Faltava garantir a outra perna do tripé: frequentadores. Para atrair os jovens, alunos ou não, foram criados cursos de vídeo, violão, história em quadrinhos, jogo de interpretação RPG, percussão, literatura e teatro, ministrados por voluntários aos sábados e, às vezes, domingos.
"A galera reclama, reclama, mas fica lá, esticadona no sofá. Pela primeira vez, a escola está deixando de ser uma obrigação, para se tornar um ponto de encontro", conta Márcio Tadeu Lozano, 19, que terminou o ensino médio em 2000, mas se juntou à ONG do Alves Cruz.
Resumo da matéria: este ano, a previsão é que 800 alunos frequentem o colégio. Pouco, mas animador. E ainda há vagas. A Fênix já pensa agora em fazer renascer outras escolas públicas da zona oeste de São Paulo.
Nome: Associação Fênix para o Desenvolvimento da Educação e Cultura
Criação: 2000
Ação: "adotou" uma escola pública e desenvolve projetos para melhoria de ensino
Contato: tel. 3871-2505 (toverama@netway.com.br)
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Com quase 40 anos de existência, o colégio estava bem diferente do que era nos anos 60/70. A degradação evidente do prédio se somava à debandada de estudantes. Com capacidade para 1.800 alunos em três períodos, o Alves Cruz tinha 594 matriculados distribuídos em 14 salas.
O que era para ser um evento comemorativo virou um ato de reflexão: o que fazer para salvar a escola?
Para reconhecer o Alves Cruz, o grupo de ex resolveu ouvir os atuais alunos. Dali nasceu a ONG Associação Fênix para o Desenvolvimento da Educação e Cultura. Três meses depois da festa, organizaram um fórum. "Antes de mais nada, era fundamental despertar o interesse de estudantes, pais e professores pelo destino da escola", explica o médico Zyun Masuda, 46, aluno de 65 a 72, formado pela USP.
Para apagar a decadência física, veio a reforma. A associação levantou a documentação fotográfica, ouviu sugestões e desenvolveu um projeto, coordenado pelo arquiteto José Carlos Ribeiro, 48, ex-integrante do grupo Rumo, estudante de 69 a 72. As obras no prédio foram executadas pelo governo do Estado; a recuperação dos jardins, praticamente destruídos, por alunos e professores.
Para combater o declínio pedagógico, oficinas de reciclagem para os professores, desenvolvidas com o apoio de outras ONGs. "A luta pela sobrevivência dificulta a dedicação dos docentes. Na minha época, professores davam aula no máximo em duas escolas. Hoje isso é impossível", explica Amélia Junko Watanabe, 56, ex-professora de inglês do Alves Cruz e integrante da Fênix.
Faltava garantir a outra perna do tripé: frequentadores. Para atrair os jovens, alunos ou não, foram criados cursos de vídeo, violão, história em quadrinhos, jogo de interpretação RPG, percussão, literatura e teatro, ministrados por voluntários aos sábados e, às vezes, domingos.
"A galera reclama, reclama, mas fica lá, esticadona no sofá. Pela primeira vez, a escola está deixando de ser uma obrigação, para se tornar um ponto de encontro", conta Márcio Tadeu Lozano, 19, que terminou o ensino médio em 2000, mas se juntou à ONG do Alves Cruz.
Resumo da matéria: este ano, a previsão é que 800 alunos frequentem o colégio. Pouco, mas animador. E ainda há vagas. A Fênix já pensa agora em fazer renascer outras escolas públicas da zona oeste de São Paulo.
Nome: Associação Fênix para o Desenvolvimento da Educação e Cultura
Criação: 2000
Ação: "adotou" uma escola pública e desenvolve projetos para melhoria de ensino
Contato: tel. 3871-2505 (toverama@netway.com.br)
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