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20/01/2002
-
09h49
da Revista da Folha
Entre seus amigos, o motoqueiro Edison Palmeira de Mello, 42, é conhecido como "fiscal da cidade", "senhor cidadão" e "zelador de São Paulo". A razão pode ser conferida no bloquinho que, invariavelmente, ele carrega na pochete.
Em cada folha, quatro a cinco endereços, seguidos de códigos: B, para buraco, V para vazamento, L para lâmpada queimada, T para telefone público quebrado. Na contracapa, os telefones dos órgãos competentes. "Nunca liguei da rua, mas é sempre bom ter em mãos esses números", ensina.
Dono de uma moto Honda de 750 cilindradas, Edison começou sua "operação cidadania", como ele chama, há quatro anos, movido pelos buracos de rua. Animado, passou a anotar qualquer problema urbano que percebia em suas andanças.
"Não me conformo de ver as pessoas passarem ilesas diante de uma coisa que afeta a vida de todos. Como cidadão, tenho obrigação de fazer alguma coisa. Nossa cidade é a nossa casa", afirma. "Como o poder público não cumpre a sua parte, nós temos que pressionar e cobrar sempre."
Ex-estudante de economia (parou no primeiro ano, por falta de dinheiro), trabalhou 14 anos como auxiliar administrativo, mas há um ano e meio "está" porteiro de prédio. Ganha R$ 380 por mês.
As reclamações são sempre feitas de casa, na zona oeste, por telefone ou pela internet. "Se chego tarde do trabalho e não consigo acessar a página na internet ou falar com o atendente, vou tomar banho, jantar, leio o jornal; só vou para cama depois de registrar a reclamação. Muitas vezes, isso ocorre até de madrugada", conta.
Feita a queixa, anota no mesmo bloco o número da OS (ordem de serviço), para checar depois o andamento. "Com o número, você consegue um retorno mais rápido. Eles têm como saber em que pé está a reclamação, não têm escapatória."
Se o prazo prometido não é cumprido, o motoqueiro volta a ligar ou mandar e-mail cobrando. Em casa, mantém sempre o último bloco de reclamações, totalmente preenchido. "Guardo porque pode haver alguma reincidência recente e essa informação é útil na hora de consertarem", conta.
Quando está sem o bloco, escreve em papel de bala ou na mão mas a improvisação não é boa, facilita os erros, ressalva. "Aí, o pessoal liga lá em casa para dizer que não encontrou o endereço. Volto ao lugar para me certificar e ligo novamente, passando o número certo."
Com a experiência acumulada, o "fiscal da cidade" tem seu próprio ranking dos melhores prestadores de serviços. Em primeiro lugar, a Sabesp. "Acho que vazamento deve dar um prejuízo danado, por isso, no outro dia o problema já está sanado", conta. "Tem atendente que me conhece por nome", gaba-se.
A administração municipal é a mais lenta. "Eles devem ter tantas coisas para resolver. Tem buraco que eles levam mais de 30 dias para arrumar." Edison sabe o que fala. Somente à prefeitura, já fez mais de 400 reclamações.
Reclame você também
Sabesp: tel. 195 (www.sabesp.com.br);
Telefônica: tel. 0800-7715104 (www.telefonica.net.br);
Eletropaulo: tel. 0800-196196 (www.eletropaulo.com.br);
Prefeitura: tel. 3315-9077, ramais 2041, 2186, 2210 e 2556 (www.prefeitura.sp.gov.br)
O "ranking Edison"
Para reclamações:
1. Sabesp
2. Telefônica
3. Eletropaulo
4. Prefeitura
Nome: Edison Palmeira de Mello
Atua desde: 1997
Ação: encaminha (e cobra) pedidos de consertos de buracos de rua, vazamentos de água, orelhões quebrados e lâmpadas queimadas
Contato: edisonmello@bol.com.br
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Entre seus amigos, o motoqueiro Edison Palmeira de Mello, 42, é conhecido como "fiscal da cidade", "senhor cidadão" e "zelador de São Paulo". A razão pode ser conferida no bloquinho que, invariavelmente, ele carrega na pochete.
Em cada folha, quatro a cinco endereços, seguidos de códigos: B, para buraco, V para vazamento, L para lâmpada queimada, T para telefone público quebrado. Na contracapa, os telefones dos órgãos competentes. "Nunca liguei da rua, mas é sempre bom ter em mãos esses números", ensina.
Dono de uma moto Honda de 750 cilindradas, Edison começou sua "operação cidadania", como ele chama, há quatro anos, movido pelos buracos de rua. Animado, passou a anotar qualquer problema urbano que percebia em suas andanças.
"Não me conformo de ver as pessoas passarem ilesas diante de uma coisa que afeta a vida de todos. Como cidadão, tenho obrigação de fazer alguma coisa. Nossa cidade é a nossa casa", afirma. "Como o poder público não cumpre a sua parte, nós temos que pressionar e cobrar sempre."
Ex-estudante de economia (parou no primeiro ano, por falta de dinheiro), trabalhou 14 anos como auxiliar administrativo, mas há um ano e meio "está" porteiro de prédio. Ganha R$ 380 por mês.
As reclamações são sempre feitas de casa, na zona oeste, por telefone ou pela internet. "Se chego tarde do trabalho e não consigo acessar a página na internet ou falar com o atendente, vou tomar banho, jantar, leio o jornal; só vou para cama depois de registrar a reclamação. Muitas vezes, isso ocorre até de madrugada", conta.
Feita a queixa, anota no mesmo bloco o número da OS (ordem de serviço), para checar depois o andamento. "Com o número, você consegue um retorno mais rápido. Eles têm como saber em que pé está a reclamação, não têm escapatória."
Se o prazo prometido não é cumprido, o motoqueiro volta a ligar ou mandar e-mail cobrando. Em casa, mantém sempre o último bloco de reclamações, totalmente preenchido. "Guardo porque pode haver alguma reincidência recente e essa informação é útil na hora de consertarem", conta.
Quando está sem o bloco, escreve em papel de bala ou na mão mas a improvisação não é boa, facilita os erros, ressalva. "Aí, o pessoal liga lá em casa para dizer que não encontrou o endereço. Volto ao lugar para me certificar e ligo novamente, passando o número certo."
Com a experiência acumulada, o "fiscal da cidade" tem seu próprio ranking dos melhores prestadores de serviços. Em primeiro lugar, a Sabesp. "Acho que vazamento deve dar um prejuízo danado, por isso, no outro dia o problema já está sanado", conta. "Tem atendente que me conhece por nome", gaba-se.
A administração municipal é a mais lenta. "Eles devem ter tantas coisas para resolver. Tem buraco que eles levam mais de 30 dias para arrumar." Edison sabe o que fala. Somente à prefeitura, já fez mais de 400 reclamações.
Reclame você também
Prefeitura: tel. 3315-9077, ramais 2041, 2186, 2210 e 2556 (www.prefeitura.sp.gov.br)
O "ranking Edison"
Para reclamações:
1. Sabesp
2. Telefônica
3. Eletropaulo
4. Prefeitura
Nome: Edison Palmeira de Mello
Atua desde: 1997
Ação: encaminha (e cobra) pedidos de consertos de buracos de rua, vazamentos de água, orelhões quebrados e lâmpadas queimadas
Contato: edisonmello@bol.com.br
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