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22/01/2002 - 06h59

Marilene Felinto: Marcados para morrer em São Paulo

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MARILENE FELINTO

Respostas - a população tem o direito de obter respostas das autoridades irresponsáveis, da polícia incompetente. Respostas pelo descaso, pelo desdém generalizado para com a vida das pessoas. Só respostas interessam: quem foi? Por quê? Como é que se chega a este ponto sem que ninguém aja?

Tudo parece orquestrado. Posso estar paranóica. Mas quem não está? Depois do assassinato bárbaro de Celso Daniel, prefeito de Santo André (do prefeito de Campinas, do atentado contra o prefeito do Embu e contra o líder do MST, José Rainha, entre outros), tudo pode ser.

Não estava tudo anunciado nas cartas dos supostos terroristas da tal Farb? Não estava tudo na internet, no site deles? Que polícia omissa é esta? Que governo é este?

Vai ver que o apagão de ontem foi atentado. (Melhor acreditar nisso, ou em qualquer outra coisa, do que na versão da companhia de energia, que não merece nenhuma confiança.) Vai ver que foi um atentado proposital, para desviar a atenção do povo do assassinato do prefeito de Santo André. Vai ver que a própria polícia está envolvida -como sempre-, no atentado e na morte de Celso Daniel, de Toninho do PT etc.

Vai ver que foi coisa mandada por aqueles políticos bandidos, cassados nos últimos anos. Vai ver que foi coisa desses políticos de direita -inclusive aqueles obrigados a renunciar. Vai ver que foi o narcotráfico, o PCC (Primeiro Comando da Capital), o Terceiro Comando, o CV (Comando Vermelho), essas organizações criminosas de presos. Vai que foi George Bush e o imperialismo americano.

Vai ver que o governo FHC -e o governo Alckmin em São Paulo, e sua polícia patética e ineficiente- está "tirando uma" da nossa cara; ou melhor, está "me tirando", como dizem os adolescentes.

Tarde demais para os governos de Fernando Henrique Cardoso e Geraldo Alckmin virem dizer que o crime -a chamada "violência"- passou de todos os limites em São Paulo.

A sensação de que é tarde demais, ou de que tudo passou dos limites, está impregnada como roupa molhada nos corpos e na alma dos cidadãos de boa vontade e de bom senso que vivem nesta cidade: impossível acreditar nesta polícia, neste "conjunto de medidas" contra o crime que Alckmin anunciou, titubeante, no domingo, dia em que Celso Daniel, o prefeito de Santo André, foi encontrado morto.

Quem acreditou naquele outro "conjunto de medidas" do presidente FHC, o tal Plano Nacional de Segurança, anunciado quando foi assassinada uma professora, refém de um bandido, em um ônibus do Rio de Janeiro? Quem acreditou no governo FHC?

Tudo enganação. Tudo da boca para fora, no momento em que as emoções afloram. Os governos do PSDB são o governo dos sonsos por opção, dos lerdos, que fingem que não está acontecendo nada -eles querem passar a imagem de que está tudo bem por aqui, tão bem quanto o precioso real, a moeda que eles inventaram para "estabilizar" o país. Uns hipócritas que vão completar oito anos inteiros de pura enganação, que carecem de talento para a gestão. Imagine, se eles não conseguem administrar a energia elétrica, como serão capazes de combater o crime? Nunca estiveram interessados nisso. Um escândalo.

"Bastava um gestor, um executivo competente para administrar a segurança no Estado", uma amiga jornalista e executiva observou, indignada. Estamos todos indignados, todos marcados para morrer, muito mais do que os políticos do PT -que eles, ao menos eles, que têm algum poder, exijam respostas hoje, imediatamente. Se não, vai ver, estaremos sequestrados, mortos, assassinados, a cara cheia de furo e mosca, amanhã mesmo, de novo, e sempre.

 

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