Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
11/07/2000 - 20h27

Denúncias de Nicéa agitaram política mas mudanças efetivas não aconteceram

Publicidade


LARISSA SQUEFF, repórter da Folha Online

Há quatro meses, no dia 10 de março, a ex-primeira-dama Nicéa Pitta foi à rede nacional de televisão fazer denúncias contra seu ex-marido, o prefeito de São Paulo, Celso Pitta, e administração municipal.

Nicéa não se preocupou em poupar políticos influentes, acusando até um senador, um ex-prefeito, secretários e vereadores. Nesta quarta-feira (12), o destino do prefeito Celso Pitta será decidido pelos 55 vereadores que irão votar seu impeachment.

O pedido de afastamento foi motivado pelas acusações feitas por Nicéa, que depois de fazer as denúncias na televisão, foi chamada para prestar depoimento no Ministério Público Estadual de São Paulo.

Com base no conteúdo de seu depoimento ao Ministério Público, a OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil) entrou com um pedido de impeachment contra Celso Pitta e formulou 11 denúncias.

O preço pago pela ex-primeira-dama por ter feito as denúncias foi caro. Ela já foi condenada em dois processos e responde a quatro interpelações judiciais e um inquérito policial.

Isso porque a ex-primeira-dama não tinha documentos para provar a maioria das denúncias que fez e foi acusada de calúnia e difamação pela pessoas que acusou primeiro.

Apesar de todo barulho criado em torno das denúncias_ afastamento do prefeito e algumas investigações por parte do Ministério Público e da Polícia Civil_ pouco foi modificado na administração municipal.

Leia a seguir as acusações feitas por Nicéa que deram origem ao processo de impeachment:

Compras de votos na Câmara:

A ex-primeira-dama afirmou que Pitta pagou a vereadores para obter resultados favoráveis na Câmara na época do escândalo dos precatórios, na investigação sobre a educação municipal e no caso da máfia da propina.

Segundo ela, durante os precatórios e a CPI da Educação, Edevaldo Alves da Silva negociou com o então presidente da Câmara, Nelo Rodolfo, e os vereadores Bruno Feder e Faria Lima. Salim Curiati também teria recebido propina.

A negociação na época da máfia dos fiscais envolveu os secretários Carlos Augusto Meinberg e Antenor Braido e o presidente da Câmara, Armando Mellão. O dinheiro teria sido dado a Mellão na casa de Jorge Yunes, na presença de Pitta.

O presidente da Câmara Municipal e o secretário de Governo seriam os intermediários da suposta compra de votos para barrar o impeachment de Pitta.

Selos de publicidade e irregularidade no Anhembi:

Em 1998, a ex-primeira-dama teria descoberto que o Casa (Centro de Assistência Social e Atendimento) não vinha recebendo recursos provenientes da venda de selos que autorizavam panfletagens feitas por imobiliárias.

Flávio Maluf, filho do ex-prefeito Paulo Maluf, foi acusado por Nicéa de irregularidades com esses selos.

Segundo ela, Flávio tinha grande influência sobre o prefeito, tendo indicado Ricardo Castelo Branco para a presidência da Anhembi Turismo, com o aval de Edevaldo Alves da Silva.

Vários funcionários 'fantasmas' teriam sido contratados pela Anhembi. Nicéa afirmou ter acompanhado conversas de Pitta, Flávio Maluf e Castelo Branco a respeito da informatização do estacionamento do Anhembi. Flávio Maluf e Castelo Branco eram contrários.

O então secretário de Governo, Edevaldo Alves da Silva, de quem Nicéa cobrara dados sobre a receita dos selos, teria dito a ela que 'não se envolvesse com isso'.

Dinheiro do PAS e Paulo Maluf:

Há cerca de dois anos, Nicéa disse ter sido procurada pelo médico Vicente Delamanha, diretor do Hospital do Campo Limpo, que apresentou uma série de irregularidades no PAS na gestão do secretário municipal de saúde Jorge Pagura.

Delamanha teria afirmado a Nicéa que Pagura havia pedido dinheiro a todos os módulos do PAS para financiar a campanha de Maluf ao governo do Estado em 1998.

O secretário da Saúde receberia 25% de comissão de todas as compras de remédios superfaturadas do PAS.

Em 23 de fevereiro deste ano, Nicéa disse ter recebido carta anônima citando compra superfaturada de remédios no PAS, em troca do pagamento de propina. Pagura rebate a acusação e disse que os módulos do PAS tinham autonomia para comprar remédios.

Delamanha negou ter feito denúncias a Nicéa.

Durante seu depoimento à CPI dos Medicamentos, Nicéa apresentou uma tabela apontando superfaturamento de até 300% em remédios comprados pelas cooperativas. A CPI já tinha conhecimento da irregularidade.

ACM e Gilberto Miranda:

O presidente do Congresso, senador Antônio Carlos Magalhães, teria pressionado Celso Pitta a pagar uma dívida da Prefeitura de São Paulo com a empreiteira OAS, da qual é sócio um ex-genro do senador.

O ex-senador Gilberto Miranda teria sido intermediário. O pagamento à OAS seria uma contrapartida de Pitta pela intervenção de ACM na CPI dos Precatórios.
ACM afirmou que Nicéa é louca. Miranda negou a acusação.

Empreiteira francesa e Naji Nahas:

A viagem de Nicéa e Celso Pitta à França, para a final da Copa do Mundo de 1998, teria sido paga por uma empresa francesa que comprou a Vega _responsável por parte dos serviços de limpeza urbana da capital.

Antenor Braido avisou Pitta, durante o jogo, que a informação havia 'vazado', o que levou o casal a deixar o camarote da empresa no estádio. Braido disse que isso é loucura.

Dinheiro 'por baixo do pano':

Nicéa disse ter sabido que Celso Pitta estaria 'milionário'. Os advogados teriam proposto um acordo formal de separação, acompanhado de um acordo 'por baixo do pano' com valores mais elevados.
Pitta negou a acusação e a atribui a um suposto desequilíbrio de Nicéa.

Orestes Quércia e Pitta:

O ex-governador teria ido à casa de Pitta oferecer dinheiro e orientação para constituir uma poupança para se defender de acusações quando deixasse a prefeitura.

Quércia negou a acusação e afirmou ter encontrado Pitta apenas duas vezes, para tratar de um possível transferência do prefeito para o PMDB.

João Carlos Martins, o pianista laranja:

O pianista João Carlos Martins, segundo Nicéa, seria 'laranja' de contas do prefeito Pitta no exterior. Ele classificou como 'delírio' as acusações da ex-primeira-dama.

Qual a sua opinião sobre o relatório da comissão processante? Vote na enquete

O Pittagate vai interferir no seu voto? Vote na enquete

Leia mais sobre o Pittagate na Folha Online

Leia mais notícias de cotidiano na Folha Online

Discuta esta notícia nos Grupos de Discussão da Folha Online

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página