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25/01/2002 - 05h22

Integrar "ilhas" é desafio de urbanistas

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SÉRGIO DURAN
da Folha de S.Paulo

A integração do conjunto de edifícios históricos do bairro é um dos principais desafios a serem vencidos pelo projeto Luz Monumenta. Além de as construções serem distantes umas das outras, a área compreendida pelo projeto é cortada por vias como a avenida Tiradentes e as estradas de ferro.

Os obstáculos, de acordo com a coordenadora-geral Mara Suzana Calor, dificultam a vida do pedestre e inviabilizam a contemplação do conjunto do sítio histórico. O mesmo não ocorre em outras regiões selecionadas pelo Monumenta, como o Pelourinho, em Salvador (BA). "A paisagem urbana da Luz é muito prejudicada."

O projeto prevê uma série de providências para unir as várias "ilhas históricas" da Luz. A principal é conferir à região características urbanas próprias, como desenho de calçadas diferenciado, iluminação pública especial e sistema de sinalização próprio.

A publicidade externa dos edifícios também terá regras particulares, de acordo com Mara Suzana. "As placas gigantescas usadas pelas lojas e os outdoors escondem os prédios e criam uma confusão visual que dificulta a observação das construções", afirma.

Os camelôs compõem outro desafio do projeto -a inclusão social da população carente da Luz, que, além deles, inclui habitantes de cortiços, prostitutas e moradores de rua. Uma das regras do Monumenta é a promoção da inclusão, prevista ainda no plano Reconstruir o Centro, da Administração Regional da Sé (AR-Sé).

Onde o Estado planeja construir o Museu da Energia, no antigo Casarão Santos Dumont, na alameda Cleveland, havia um cortiço com cerca de 60 famílias. Com auxílio da Tropa de Choque, o governo despejou os encortiçados, em abril do ano passado, em uma das ações policiais mais violentas envolvendo o Movimento dos Sem-Teto do Centro (MSTC).

"Requalificar uma região implica também mexer nas relações humanas. A educação e a capacitação acabam elevando o horizonte das pessoas, e isso aparece no espaço urbano. Caso contrário, nós ficaremos nessa de só restaurar prédios", diz a administradora regional da Sé, a arquiteta Clara Ant.

De acordo com Mara Suzana Calor, o projeto inclui a construção de habitação de interesse social na Luz, e, além disso, a criação de oficinas para a formação de restauradores, guias turísticos e outros profissionais para atuar na área a ser requalificada.

No entanto o plano a ser anunciado no próximo dia 4, pela prefeitura e pelo governo, traçará apenas as diretrizes gerais do Projeto Luz Monumenta. As obras serão definidas em oficinas com representantes de todos os setores da comunidade do bairro, dos comerciantes aos encortiçados.

O texto do projeto indica o método Zopp para a realização das "oficinas de planejamento participativo". Originário do alemão (Ziel Orientierte Projekt Planung), Zopp significa "planejamento de projetos orientado por objetivos" e é conhecido como o mais eficiente entre urbanistas.

O Zopp é, na verdade, mais do que um método, porque representa todo um processo que vai desde o planejamento de um projeto, sua implementação e acompanhamento até a monitoria e avaliação dos resultados.

A arquiteta Mara Suzana acredita que as medidas debatidas nas oficinas levarão a Luz, no futuro, a incrementar os setores representados na região, que hoje funcionam de maneira precária. "O bairro será um centro de moda, de cultura e turismo, mas para isso terá de ter um centro de atendimento a turistas, uma central de distribuição e mais hotéis de qualidade, entre outras coisas", diz.

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