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04/02/2002
-
05h33
XICO SÁ
da Folha de S.Paulo
O ex-guerrilheiro Raimundo Rosélio Costa Freire, 37, brasileiro que fez parte do sequestro do empresário Abílio Diniz, em 1.989, disse ontem à Folha que o sequestro do publiciário Washington Olivetto até pode ter sido armado por organizações políticas, mas não teria participação de pessoas da equipe envolvida no episódio do dono do grupo Pão de Açúcar.
"As coincidências -como flores e pssoas vestidas de policiais durante a captura- não dizem muito nestes casos, fazem parte de um padrão", disse Freire.
"Os chilenos e os argentinos que foram presos junto comigo retomaram as suas atividades profissionais e dificilmente voltariam a se envolver com operações como essa".
Sobre a brasileira que havia participado do caso Diniz e poderia ter atuado novamente agora, o ex-guerrilheiro duvida da repetição da personagem, 13 anos depois. "A que colaborou com o nosso grupo, pelo que sei, voltou à América Central, casou, e não participa mais de ações revolucionárias desse tipo", disse.
Depois de dez anos de prisão no Carandiru, o ex-guerrilheiro, cearense de Juazeiro do Norte, retomou os estudos, há três anos, em Fortaleza, e vai concluir neste semestre o curso de História.
A experiência do sequestro, do qual não se arrepende, rendeu uma monografia apresentada no ano passado na Universidade Federal do Ceará.
O título, um trocadilho com o grupo do empresário sequestrado, é "Pão de fel - das utopias guerrilheiras aos sequestro de Abílio Diniz".
Ao saber da presença de sequestradores do Chile entre as pessoas presas no caso do publicitário, Freire lembrou que a extrema esquerda chilena sempre foi a mais experiente e requisitada para ajudar grupos na América Latina e América Central.
"O que mais chateou o pessoal da MIR (Movimento da Esquerda, organização chilena que atuou no caso Diniz com o objetivo de ajudar a guerrilha de El Salvador) foi o fato de terem cometido falhas bestas no sequestro do empresário", conta o ex-guerrilheiro.
"Antes disso haviam acertado tudo em 100% dos sequestros, o que atrapalhou na oportunidade foi também a pressa que a guerrilha tinha pelo dinheiro".
No episódio que envolveu o publicitário, Freire não descarta a possibilidade de uma operação para arrecadar fundos para a guerrilha colombiana, comandada pelas Farc (Forças Armadas e Revolucionárias da Colômbia).
O ex-guerrilheiro contou que as ações em um sequestro organizado por militantes de extrema esquerda -nos moldes do caso Diniz- a operação é tão sofisticada ao ponto de muitas pessoas envolvidas só tomarem conhecimento muito tempo depois.
"Só soube que se tratava de um sequestro quando me puseram na frente do Abílio Diniz, já no cativeiro do Jabaquara", lembra. "Aí vi que estava diante do empresário que encabeçava a lista que eu havia pesquisado para o grupo".
O ex-guerrilheiro também foi escalado para comprar as fardas de policiais militares usadas no momento da captura do empresário. A aquisição foi feita com facilidade nas lojas da avenida Tiradentes (região central da capital).
Freire, que ontem acompanhava pela TV os desdobramentos do caso Olivetto, disse que o MIR escolheu o Brasil para fazer o sequestro porque o ex-SNI (Serviço Nacional de Informação) passava por um momento de desmanche em sua estrutura, o que dificultaria a localização do grupo no país.
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da Folha de S.Paulo
O ex-guerrilheiro Raimundo Rosélio Costa Freire, 37, brasileiro que fez parte do sequestro do empresário Abílio Diniz, em 1.989, disse ontem à Folha que o sequestro do publiciário Washington Olivetto até pode ter sido armado por organizações políticas, mas não teria participação de pessoas da equipe envolvida no episódio do dono do grupo Pão de Açúcar.
"As coincidências -como flores e pssoas vestidas de policiais durante a captura- não dizem muito nestes casos, fazem parte de um padrão", disse Freire.
"Os chilenos e os argentinos que foram presos junto comigo retomaram as suas atividades profissionais e dificilmente voltariam a se envolver com operações como essa".
Sobre a brasileira que havia participado do caso Diniz e poderia ter atuado novamente agora, o ex-guerrilheiro duvida da repetição da personagem, 13 anos depois. "A que colaborou com o nosso grupo, pelo que sei, voltou à América Central, casou, e não participa mais de ações revolucionárias desse tipo", disse.
Depois de dez anos de prisão no Carandiru, o ex-guerrilheiro, cearense de Juazeiro do Norte, retomou os estudos, há três anos, em Fortaleza, e vai concluir neste semestre o curso de História.
A experiência do sequestro, do qual não se arrepende, rendeu uma monografia apresentada no ano passado na Universidade Federal do Ceará.
O título, um trocadilho com o grupo do empresário sequestrado, é "Pão de fel - das utopias guerrilheiras aos sequestro de Abílio Diniz".
Ao saber da presença de sequestradores do Chile entre as pessoas presas no caso do publicitário, Freire lembrou que a extrema esquerda chilena sempre foi a mais experiente e requisitada para ajudar grupos na América Latina e América Central.
"O que mais chateou o pessoal da MIR (Movimento da Esquerda, organização chilena que atuou no caso Diniz com o objetivo de ajudar a guerrilha de El Salvador) foi o fato de terem cometido falhas bestas no sequestro do empresário", conta o ex-guerrilheiro.
"Antes disso haviam acertado tudo em 100% dos sequestros, o que atrapalhou na oportunidade foi também a pressa que a guerrilha tinha pelo dinheiro".
No episódio que envolveu o publicitário, Freire não descarta a possibilidade de uma operação para arrecadar fundos para a guerrilha colombiana, comandada pelas Farc (Forças Armadas e Revolucionárias da Colômbia).
O ex-guerrilheiro contou que as ações em um sequestro organizado por militantes de extrema esquerda -nos moldes do caso Diniz- a operação é tão sofisticada ao ponto de muitas pessoas envolvidas só tomarem conhecimento muito tempo depois.
"Só soube que se tratava de um sequestro quando me puseram na frente do Abílio Diniz, já no cativeiro do Jabaquara", lembra. "Aí vi que estava diante do empresário que encabeçava a lista que eu havia pesquisado para o grupo".
O ex-guerrilheiro também foi escalado para comprar as fardas de policiais militares usadas no momento da captura do empresário. A aquisição foi feita com facilidade nas lojas da avenida Tiradentes (região central da capital).
Freire, que ontem acompanhava pela TV os desdobramentos do caso Olivetto, disse que o MIR escolheu o Brasil para fazer o sequestro porque o ex-SNI (Serviço Nacional de Informação) passava por um momento de desmanche em sua estrutura, o que dificultaria a localização do grupo no país.
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