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04/02/2002
-
06h17
da Folha de S.Paulo
Antes mesmo de ser descoberta oficialmente, a casa que serviu de abrigo de Washington Olivetto tinha um apelido sugestivo, dado no mês passado por uma vizinha: "cativeiro". Anteontem, a filha da mesma mulher ouviu os pedidos de socorro e chamou a polícia.
Nara Dota, 45, dona de uma loja de confecções, passou a utilizar esse nome para se referir ao imóvel por causa da proibição dos moradores de que ela tivesse contato com um pastor alemão que ficava no quintal do sobrado.
Ela conta que costumava dar bolacha ao cachorro, através de uma grade nos fundos de sua casa, mas que esse hábito não agradou aos sequestradores. "Eles esconderam esse pastor de mim, não deixaram mais que ele fosse para os fundos. Foi por isso que a gente começou a falar, brincando: "esconderam ele no cativeiro"."
A filha de Nara, Aline, 22, estudante do 5º ano de medicina na USP (Universidade de São Paulo), foi a primeira a ouvir os gritos de Olivetto, por volta das 22h. A falta de energia na casa facilitou a audição.
"A gente estava sem luz, sem TV, sem nada ligado fazia mais de uma hora. Foi por isso que deu para perceber logo."
Para entender as palavras, utilizou um estetoscópio, grudando-o na parede. "Ele gritava: "Me ajuda. Estou preso. Chama a polícia, a rádio. Estou sequestrado"."
As duas dizem que, nos últimos meses, não ouviam nenhum barulho vindo do sobrado ao lado, nem mesmo som de TV. Na época da família que morou lá até 1998, diz Nora, a situação era bem diferente. "A gente escutava porta e gaveta abrindo, televisão e até descarga da privada", afirma.
Ela diz que via com frequência no sobrado vizinho apenas um casal, ambos com sotaque castelhano.
"Eu achava que eles eram um casal estranho, que não falava com ninguém, não saía ao quintal e lavava a roupa de madrugada. Mesmo quando a gente tentava puxar alguma conversa, eles não conversavam", conta.
As roupas masculinas mantidas no varal pelos sequestradores apenas no período noturno viraram motivo de brincadeira na casa da família, que mora na rua Kansas há mais de 17 anos.
"Um dia uma amiga minha veio aqui e comentou comigo: "Olha, hoje eles lá do cativeiro também colocaram um sutiã no varal"."
Nora suspeita que os sequestradores tenham usado aquele local para guardar outras vítimas.
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Vizinha apelidou casa de "cativeiro"
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Antes mesmo de ser descoberta oficialmente, a casa que serviu de abrigo de Washington Olivetto tinha um apelido sugestivo, dado no mês passado por uma vizinha: "cativeiro". Anteontem, a filha da mesma mulher ouviu os pedidos de socorro e chamou a polícia.
Nara Dota, 45, dona de uma loja de confecções, passou a utilizar esse nome para se referir ao imóvel por causa da proibição dos moradores de que ela tivesse contato com um pastor alemão que ficava no quintal do sobrado.
Ela conta que costumava dar bolacha ao cachorro, através de uma grade nos fundos de sua casa, mas que esse hábito não agradou aos sequestradores. "Eles esconderam esse pastor de mim, não deixaram mais que ele fosse para os fundos. Foi por isso que a gente começou a falar, brincando: "esconderam ele no cativeiro"."
A filha de Nara, Aline, 22, estudante do 5º ano de medicina na USP (Universidade de São Paulo), foi a primeira a ouvir os gritos de Olivetto, por volta das 22h. A falta de energia na casa facilitou a audição.
"A gente estava sem luz, sem TV, sem nada ligado fazia mais de uma hora. Foi por isso que deu para perceber logo."
Para entender as palavras, utilizou um estetoscópio, grudando-o na parede. "Ele gritava: "Me ajuda. Estou preso. Chama a polícia, a rádio. Estou sequestrado"."
As duas dizem que, nos últimos meses, não ouviam nenhum barulho vindo do sobrado ao lado, nem mesmo som de TV. Na época da família que morou lá até 1998, diz Nora, a situação era bem diferente. "A gente escutava porta e gaveta abrindo, televisão e até descarga da privada", afirma.
Ela diz que via com frequência no sobrado vizinho apenas um casal, ambos com sotaque castelhano.
"Eu achava que eles eram um casal estranho, que não falava com ninguém, não saía ao quintal e lavava a roupa de madrugada. Mesmo quando a gente tentava puxar alguma conversa, eles não conversavam", conta.
As roupas masculinas mantidas no varal pelos sequestradores apenas no período noturno viraram motivo de brincadeira na casa da família, que mora na rua Kansas há mais de 17 anos.
"Um dia uma amiga minha veio aqui e comentou comigo: "Olha, hoje eles lá do cativeiro também colocaram um sutiã no varal"."
Nora suspeita que os sequestradores tenham usado aquele local para guardar outras vítimas.
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