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04/02/2002 - 06h22

Polícia descobriu grupo graças a denúncias

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MELISSA DINIZ
da Folha de S.Paulo, em Serra Negra

Foi a partir da desconfiança de um rapaz que faz bicos para uma imobiliária, cujo nome não foi divulgado, que a polícia chegou aos sequestradores do publicitário Washington Olivetto.

O rapaz contou a amigos policiais militares ter estranhado um grupo de estrangeiros que tentava, sem apresentar documentos, alugar uma chácara na região de Serra Negra (150 km de SP).

A libertação de Olivetto ocorreu após a prisão do grupo, que confessou à polícia a autoria do sequestro do publicitário. Logo depois do depoimento, as pessoas que mantinham Olivetto preso abandonaram o cativeiro na rua Kansas, no Brooklin Novo.

O grupo começou a procurar imobiliárias em Serra Negra no dia 9 de janeiro. Na Solar imobiliária, o vendedor Leonardo Silva Nascimento disse que não havia nenhum imóvel disponível, mas indicou a chácara de um amigo, onde ficaram por quatro dias.

Depois, acabaram alugando uma outra, no bairro das Posses. Uma semana depois, a polícia começou a vigiar o local.

Além do pagamento em dólar, o rapaz conta que a preferência do grupo por um imóvel mais "reservado" levantou suspeitas. Após passar por vários locais, eles optaram por uma chácara afastada da cidade com quatro quartos, sala, cozinha e uma piscina.

Cerca de duas semanas antes de invadirem o local, policiais militares e civis de Serra Negra já estavam monitorando o lugar diariamente. Música sempre alta, o medo de ir à cidade e o entra-e-sai de carros e pessoas foram deixando a polícia ainda mais desconfiada.

"Ficamos duas semanas vigiando a casa à paisana", disse um soldado da PM, que não quis se identificar. Segundo um dos policiais, 18 homens se revezavam dia e noite com carros diferentes.

Segundo esse mesmo soldado, em algumas ocasiões, chegou a haver 15 pessoas na chácara, todas parecendo ser andinas. Os ocupantes da casa, diz a polícia, sempre apareciam na varanda com notebooks. Na última sexta-feira, policiais civis e militares cercaram e invadiram o local.

Segundo eles, os estrangeiros, aparentemente se surpreenderam com a abordagem da polícia. No local, foram encontrados duas pistolas, muita munição, disfarces, como bigodes falsos, perucas e um sutiã com enchimentos, maconha, computadores, disquetes e celulares. Havia também binóculos, passaportes e carimbos.

Várias fotos espalhadas também chamaram a atenção dos policiais. Nelas o grupo aparecia em locais com muita neve ou mata. Uma das fotos mostrava uma mulher, identificada como Maitê, vestida com roupas de guerrilha e uma boina, segurando um rifle.

Na garagem da casa estavam estacionados dois veículos, um Vectra e uma Ranger. Em um dos computadores foi encontrado um manual de abordagem com táticas de guerrilha.

Os seis estrangeiros foram presos e levados para São Paulo. Na casa, também foram encontrados cerca de US$ 6.000, R$ 1.212, alguns bolívares e pesos argentinos.

Na delegacia da cidade, foram registradas as prisões de Frederico Antonio Arriba, Rosa Amalia Ramos Queroz, Carlos Renato Queroz, Maitê Analia Beijon, Rubens e Carlos, esses últimos sem sobrenome.

Como os passaportes dos estrangeiros eram falsos, segundo a polícia, esses nomes não devem ser verdadeiros.

O vendedor Silva Nascimento, da Solar imobiliária, foi um dos poucos a conversar com o grupo. Disse que um casal, Rosa e Carlos, disse estar fazendo turismo pela América e querer um local para ficar com outros quatro amigos. "Eles pareciam ser gente boa."

Fizeram dois contratos de 15 dias, no valor de R$ 2.250 cada, de 12 a 27 de janeiro e outro até 11 de fevereiro. Segundo Nascimento, parte da primeira parcela foi paga em dólar. "Não desconfiei de nada porque a cidade é turística."



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