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04/02/2002
-
08h59
da Folha de S.Paulo
da Agência Folha
A Polícia Civil tem indícios de que o sequestro de Washington Olivetto foi planejado e executado com o objetivo de arrecadar fundos para organizações internacionais -possivelmente de guerrilha. Dentro dessa linha de investigação, há suspeitas de que pessoas envolvidas nesse caso agiram em pelo menos outros três grandes sequestros ocorridos no país desde 1989 -dois dos quais nunca foram solucionados.
As suspeitas foram confirmadas à Folha pelo delegado Wagner Giudice, titular da Delegacia Anti-Sequestro e responsável por apurar o caso. Ele, porém, foi claro ao dizer que a hipótese de crime comum não está descartada.
O secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, confirma que os presos lhe disseram ter cometido o crime por 'ideologia', mas não acredita nessa versão e diz que, até agora, só há provas concretas de que há uma quadrilha profissional e organizada, mas comum.
Pista: a barraca
As pistas foram colhidas ao longo de 12 anos e vão além da identidade do líder do grupo que sequestrou Olivetto. Formam um verdadeiro emaranhado onde misturam-se personagens e circunstâncias de mais três casos: o do empresário Abílio Diniz (dezembro de 1989) e os dos publicitários Luiz Salles (julho de 1989) e Geraldo Alonso (1992).
O sequestro de Salles nunca foi esclarecido. Seis meses depois, quando Diniz foi libertado, Salles reconheceu uma barraca apreendida com os sequestradores de Diniz. Nos dois casos, as formas de negociação e de abordagem usadas pelas quadrilhas eram muito semelhantes: falas em espanhol, carros fechados e disfarces -no caso de Salles, um vendedor de redes. No de Diniz, um policial.
Na ocasião, a polícia tentou ligar o sequestro de Salles aos dez presos do caso Diniz -membros do MIR (Movimento de Esquerda Revolucionária) chileno. Mas não conseguiu sustentar a acusação.
A Folha apurou, porém, que a Frente Patriótica Manuel Rodríguez chegou a se comprometer a assumir publicamente o sequestro de Salles caso recaísse sob o MIR essa acusação.
Brasileira misteriosa
Desde que dez sequestradores de Diniz foram presos, a polícia sabe que há pelo menos outros dez foragidos. Entre eles há membros da Frente Patriótica, organização que teria voltado a agir três anos depois, rendendo outro publicitário -Alonso. Nesse caso, a maior prova que a polícia tem para ligar os crimes são fotos de polaroid enviadas como prova de vida de Salles e Alonso. Teriam sido feitas com a mesma máquina.
Entre dez foragidos do caso Diniz há uma brasileira.
Uma foto dela foi mostrada a uma testemunha que viu Olivetto ser rendido. A testemunha a reconheceu, segundo Giudice. Ontem, Olivetto confirmou à polícia que ouviu falas em português no cativeiro.
Para tornar a trama ainda mais confusa, a foragida teria características semelhantes as da mulher que comprou uma Caravan usado na abordagem a Alonso.
À polícia, os presos do caso Olivetto disseram conhecer apenas de nome os líderes do sequestro de Diniz -os irmãos argentinos Humberto e Horácio Paz. Em liberdade condicional em seu país, eles negam qualquer ligação com o caso Olivetto. Para a polícia, são os foragidos que podem estar presentes em todas os casos.
Para a polícia, porém, a Frente Patriótica é apenas uma intermediária. Inativa, ela teria agido a mando de um grupo atuante: as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) ou o Exército de Libertação Popular (ELP).
As Farc negam. ''Não temos esse estilo. Mantemos uma limitação de fronteiras', disse Oliverio Medina, integrante do grupo.
Saiba tudo no especial sobre o sequestro de Washington Olivetto
Polícia vê elo de sequestro de Olivetto com casos Salles e Diniz
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da Agência Folha
A Polícia Civil tem indícios de que o sequestro de Washington Olivetto foi planejado e executado com o objetivo de arrecadar fundos para organizações internacionais -possivelmente de guerrilha. Dentro dessa linha de investigação, há suspeitas de que pessoas envolvidas nesse caso agiram em pelo menos outros três grandes sequestros ocorridos no país desde 1989 -dois dos quais nunca foram solucionados.
As suspeitas foram confirmadas à Folha pelo delegado Wagner Giudice, titular da Delegacia Anti-Sequestro e responsável por apurar o caso. Ele, porém, foi claro ao dizer que a hipótese de crime comum não está descartada.
O secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, confirma que os presos lhe disseram ter cometido o crime por 'ideologia', mas não acredita nessa versão e diz que, até agora, só há provas concretas de que há uma quadrilha profissional e organizada, mas comum.
Pista: a barraca
As pistas foram colhidas ao longo de 12 anos e vão além da identidade do líder do grupo que sequestrou Olivetto. Formam um verdadeiro emaranhado onde misturam-se personagens e circunstâncias de mais três casos: o do empresário Abílio Diniz (dezembro de 1989) e os dos publicitários Luiz Salles (julho de 1989) e Geraldo Alonso (1992).
O sequestro de Salles nunca foi esclarecido. Seis meses depois, quando Diniz foi libertado, Salles reconheceu uma barraca apreendida com os sequestradores de Diniz. Nos dois casos, as formas de negociação e de abordagem usadas pelas quadrilhas eram muito semelhantes: falas em espanhol, carros fechados e disfarces -no caso de Salles, um vendedor de redes. No de Diniz, um policial.
Na ocasião, a polícia tentou ligar o sequestro de Salles aos dez presos do caso Diniz -membros do MIR (Movimento de Esquerda Revolucionária) chileno. Mas não conseguiu sustentar a acusação.
A Folha apurou, porém, que a Frente Patriótica Manuel Rodríguez chegou a se comprometer a assumir publicamente o sequestro de Salles caso recaísse sob o MIR essa acusação.
Brasileira misteriosa
Desde que dez sequestradores de Diniz foram presos, a polícia sabe que há pelo menos outros dez foragidos. Entre eles há membros da Frente Patriótica, organização que teria voltado a agir três anos depois, rendendo outro publicitário -Alonso. Nesse caso, a maior prova que a polícia tem para ligar os crimes são fotos de polaroid enviadas como prova de vida de Salles e Alonso. Teriam sido feitas com a mesma máquina.
Entre dez foragidos do caso Diniz há uma brasileira.
Uma foto dela foi mostrada a uma testemunha que viu Olivetto ser rendido. A testemunha a reconheceu, segundo Giudice. Ontem, Olivetto confirmou à polícia que ouviu falas em português no cativeiro.
Para tornar a trama ainda mais confusa, a foragida teria características semelhantes as da mulher que comprou uma Caravan usado na abordagem a Alonso.
À polícia, os presos do caso Olivetto disseram conhecer apenas de nome os líderes do sequestro de Diniz -os irmãos argentinos Humberto e Horácio Paz. Em liberdade condicional em seu país, eles negam qualquer ligação com o caso Olivetto. Para a polícia, são os foragidos que podem estar presentes em todas os casos.
Para a polícia, porém, a Frente Patriótica é apenas uma intermediária. Inativa, ela teria agido a mando de um grupo atuante: as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) ou o Exército de Libertação Popular (ELP).
As Farc negam. ''Não temos esse estilo. Mantemos uma limitação de fronteiras', disse Oliverio Medina, integrante do grupo.
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