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24/02/2002 - 10h17

Serviço de manobrista "contrata" flanelinha

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ALENCAR IZIDORO
da Folha de S.Paulo

Os serviços terceirizados de manobristas de bares e restaurantes se tornaram parceiros dos flanelinhas em bairros badalados da cidade de São Paulo.

Ao mesmo tempo em que ocultam dos clientes os lugares onde os veículos ficarão estacionados -muitos cobram de R$ 5 a R$ 10 para deixá-los na rua-, eles já pagam salários e até comissões aos guardadores de rua. O objetivo das empresas, também chamadas de "valet parking", é evitar conflitos pelo controle das áreas públicas e conquistar aliados contra danos, furtos e roubos.

A prática é corriqueira, por exemplo, nas proximidades de Itaim Bibi e Vila Olímpia, mas ganhou "profissionalismo" na Vila Madalena (todos na zona oeste).

A W-RM Brasil Valet, responsável pelos manobristas do bar Pabotim, na rua Inácio Pereira da Rocha, mantém contato com os flanelinhas da rua Fradique Coutinho por um sistema de comunicação instantânea de rádio.

William Ara, um dos proprietários da empresa, que cobra de R$ 6 a R$ 7 por cliente, explica a parceria: "Nós temos vagas nas garagens de três lojas. Quando elas estão ocupadas, eu entro na frequência de rádio deles para saber os lugares disponíveis na área. Eles [os guardadores] ficam com um percentual, de R$ 2 a R$ 3".

Segundo ele, a parceria começou há nove meses. "Eles estavam aqui antes. Hoje há uma relação de confiança. Tem carro que vem aqui por indicação deles. Quando aparece gente estranha na área, a gente também fala com eles. O objetivo é implantar a qualidade em conjunto", diz Ara.

Os flanelinhas Júnior Conceição Gonçalves e João Conceição dos Santos, ambos com 30 anos, pioneiros na rede de comunicação de rádio da rua Fradique Coutinho, dizem que a parceria não se restringe à W-RM Brasil Valet.

"Quando as garagens lotam, quase todo mundo pede e paga para colocar aqui", afirma Júnior, que ganha mais de R$ 1.000 por mês e cita entre os usuários dos seus serviços a Cia Valet, uma das maiores da Vila Madalena. A empresa não quis se manifestar.

O sistema de pagamento mais comum feito aos flanelinhas, porém, é mensal. Karol Wojtyla, 19, diz que ganha R$ 280 por mês para guardar os veículos na rua Mateus Grou. O salário, segundo Wojtyla, é pago por sete empresas de manobristas da Vila Madalena, cujos nomes ele não revela.

No último dia 15, a Folha flagrou um manobrista da San Park estacionando na rua um Gol deixado por clientes da Oficina de Pizzas, localizada na Inácio Pereira da Rocha. A pizzaria afirma desconhecer a prática e diz que a San Park tem vagas alugadas em um estacionamento do bairro.

Wojtyla afirma que cobra de R$ 2 a R$ 3 dos motoristas que deixam os veículos na rua. Mas os serviços das empresas de manobrista representam quase 70% da sua arrecadação mensal.

No bar Açaí Energia e Saúde, da avenida Brigadeiro Faria Lima, no Itaim Bibi, a prestadora de serviço Max Park, que cobra R$ 7 dos clientes, fez parceria com um flanelinha da rua Chilon. A.A., 17, recebe R$ 450 por mês para cuidar dos veículos deixados pelos manobristas na via pública -na noite do dia 15, a Folha identificou dois deles estacionados em guias rebaixadas, sujeitos a multa.

"O que eu mais ganho é com os serviços de empresas mesmo. As caixinhas avulsas não rendem nem R$ 30 por noite", diz.

"Os mais simples a gente deixa na rua, mas a segurança é total. Também temos um policial disfarçado trabalhando na região", disse um dos proprietários da Max Park, que se identificou apenas como Ademir.

Segundo ele, a Real Seguros, responsável pela apólice contratada, cobre furtos, roubos e danos até mesmo dos veículos estacionados na rua -prática incomum entre as principais seguradoras e que a empresa não soube confirmar ou negar.
 

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