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13/03/2002 - 19h20

Morte de adolescentes em Belo Horizonte (MG) cresce 43%

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PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

O número de assassinatos de meninos e meninas adolescentes na cidade de Belo Horizonte aumentou 42,7% no ano passado, elevando o saldo das mortes de 47, em 2000, para 67, em 2001.

Os dados são do Juizado da Infância e da Juventude de Belo Horizonte, que analisou os processos que recebeu nos dois últimos anos e constatou que 90% das ocorrências estão relacionados com o tráfico de drogas.

A maior concentração das mortes ocorreram nas favelas das regiões centro-sul e oeste, como Cafezal, Nova Cintra e Vista Alegre.

As mortes de 2001 representam 16,26 por grupo de 100 mil habitantes com idade entre 10 e 19 anos, que é o grupo definido no Censo 2000.

Essa situação se repete nas cidades da região metropolitana. Na noite de ontem, foi assassinado com seis tiros na cabeça, em Betim, Paulo André Lima Aguiar, 13, que até o final do ano passado cursava a 5ª série. Ele abandonou os estudos e se envolveu com o tráfico de drogas.

"Ele não era uma má criança, mas os outros lá [no tráfico] puseram ele ruim, mas para mim ele não era", disse, chorando, Ermides Aguiar, mãe de Paulo.

Mas não são apenas as mortes que aumentaram em BH. Dados analisados pelo Juizado da Infância e da Juventude mostram que os crimes praticados pelos adolescentes estão se tornando mais violentos desde a metade dos anos 90.

O juiz Tarcísio Martins Costa, que comanda o juizado na capital mineira e é conselheiro da Associação Internacional dos Magistrados da Juventude e da Família, presidida por um juiz italiano, disse que outra gravidade nessa constatação é que a violência está atingindo a vida escolar do adolescente da periferia.

Alunos regularmente matriculados estão faltando às aulas porque não conseguem passar por ruas da periferia e de vilas e favelas por causa da ação de gangues. Costa tem uma lista de 25 meninos de 16 escolas que não estão podendo frequentar as aulas com regularidade.

"É uma relação de meninos que nem sequer podem comparecer à escola porque estão ameaçados pelo tráfico de drogas. São grupos que estão dividindo territórios e isso está nas barbas da polícia", afirmou o juiz, ressaltando que o trabalho policial em Minas "merece elogios", embora as polícias "não entrem" em algumas localidades.

"A criminalidade toma conta na medida em que o Estado se ausenta", disse o Juiz, que reclama não apenas da presença policial, mas também de outras ações do Estado, como a escola em período integral.

Crimes violentos
É crescente o envolvimento de adolescentes belo-horizontinos em crimes violentos nos últimos seis anos. Esse incremento, segundo Costa, se torna mais evidente com a queda das ocorrências de furto, que é um crime cometido sem violência física contra a vítima.

Em 1995, 61,10% das ocorrências estavam relacionadas com o furto. Em 2001, esse percentual caiu para 30,48%. Redução de 101%.

Por outro lado, o roubo, que é praticado com algum tipo de violência, cresceu 104% no período. Passou de 16,81% para 34,30%.

"O furto da correntinha e do colarzinho está caindo e dando lugar ao que chamamos de criminalidade aquisitiva [furto, roubo e tráfico de drogas]. Isso mostra também o maior acesso do adolescente às armas", disse o juiz.

O envolvimento de adolescentes com o tráfico de drogas aumentou 537% em seis anos. Em 95, 0,98% das ocorrências tinha relação com o tráfico. Seis anos depois, esse percentual chegou a 5,27%. Também crescente são as ocorrências por uso de drogas no período: de 3,18% para 9,46%.

Com relação aos homicídios praticados por meninos e meninas adolescentes na capital mineira, as ocorrências também cresceram nos últimos seis anos: de 1,32% para 2,90%, crescimento de 120%.

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