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21/03/2002 - 06h26

Marta não convence sobre fim das enchentes

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PALOMA COTES
da Folha de S.Paulo

A prefeita Marta Suplicy (PT) foi ontem até o Aricanduva, na zona leste de São Paulo, para anunciar a construção de mais dois piscinões na região, mas não conseguiu convencer os moradores de que as obras irão acabar com as enchentes que atingem o bairro há mais de uma década.

Somente neste ano, foram seis inundações, duas delas no início desta semana. Quando o córrego transborda, ruas e avenidas ficam alagadas, as águas invadem casas e estabelecimentos comerciais, o trânsito fica caótico.

Morando há 20 anos em uma rua próxima ao córrego, Marta Atolini, 48, já perdeu as contas de quantas enchentes enfrentou. "Sofro demais com as chuvas. Já tive muitas paredes destruídas pelas águas. Do jeito que está, não acredito que os piscinões vão resolver o nosso problema. Não vão resolver nem a curto prazo."

A dona-de-casa foi uma das moradoras, descrentes, que conversou com a prefeita ontem em reunião realizada na escola municipal Sérgio Milliet.

Jussara Ferraz, 46, perdeu os dois avôs, em 1994, numa enchente que atingiu sua casa. Ela afirmou que está cansada das promessas feitas por prefeitos e governadores. "É sempre a mesma coisa. A prefeita só veio aqui para colocar a culpa no governo federal. Todos eles são culpados, e não me interessa de quem é o problema. Precisamos é de solução."

Apesar da descrença da população, os piscinões são apontados como uma das principais soluções para o problema das enchentes do córrego Aricanduva por especialistas na área de recursos hídricos. O rebaixamento da calha do rio Tietê, onde o córrego deságua, também é fundamental.

O piscinão funciona como uma represa, armazenando a água dos córregos e a liberando aos poucos, por meio de comportas. Dessa forma, diminui a velocidade de vazão e evita transbordamentos.

Piscinões
No Aricanduva já funcionam três piscinões -construídos no governo do ex-prefeito Celso Pitta. A gestão petista promete terminar as obras do piscinão Aricanduva 3 até o início do segundo semestre. Em agosto, começa a construção do Aricanduva 2, que ainda tem desapropriações pendentes segundo a secretaria de Infra-Estrutura Urbana.

A verba destinada pela prefeitura para enchentes este ano é de R$ 133 milhões. Mas a prefeita admitiu que é pouco. Para resolver "o problema das águas" em São Paulo seriam necessários R$ 3,8 bilhões -dinheiro que a prefeitura não possui.

"Nós fizemos as contas: se eu [prefeita" preciso de R$ 3,8 bilhões, o problema só estará resolvido daqui uns 26 anos e não adianta, a todo momento que chove, pedir desculpas para a população, ver os carros na televisão se batendo. Então fui apelar para a bancada de São Paulo na Câmara dos Deputados", afirmou.

Em encontro, anteontem, com o ministro do Planejamento, Martus Tavares, a prefeita pediu R$ 110 milhões, sendo R$ 40 milhões para o Aricanduva. O restante seria para os córregos Pirajussara, Olaria e outros.

A resposta do pedido de verba feito ao ministério chega amanhã, mas Marta criticou a forma como o governo federal vem tratando a questão das enchentes.

"São Paulo não pode ser tratada como a menor cidade do interior do Piauí. Não podemos ser tratados como uma cidade qualquer."
 

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