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22/03/2002 - 07h04

São Paulo só pode sediar "Olimpíada do horror"

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BARBARA GANCIA
colunista da Folha

Já devo estar sentindo os efeitos antecipados do El Niño, aquele fenômeno oceânico-atmosférico que, da última vez que esteve entre nós, deixou tanta saudade. Veja só: não consigo parar de rir. Ontem, por exemplo, bastou que eu tomasse conhecimento de que a prefeita Marta Suplicy anunciou a candidatura de São Paulo para receber as Olimpíadas de 2012, para que caísse na gargalhada.

Alô, prefeita Marta! A senhora por acaso está falando sério? Sei que na política interessa criar fatos novos a cada dia, e tudo bem que 2012 está a uma década de distância. Mas será que em dez anos nossa medonha São Paulo poderá se tornar uma metrópole apresentável?

Em 1992, a cidade não era mais ou menos a mesma inhaca que é hoje ou, quem sabe, até um pouco menos sórdida?

Será que em 2012 Sampa terá se livrado dos buracos, das enchentes, dos congestionamentos, dos sequestros, do lixo amontoado nas ruas, dos mendigos nos semáforos, dos esgotos entupidos, das filas nos postos de saúde e de doenças episódicas, como a dengue e a leptospirose?

Em 2012, finalmente teremos um sistema de transporte que integrará centenas de quilômetros de linhas de metrô a ônibus e trens de superfície? Teremos praças bem cuidadas, iluminação e asfalto na maioria das ruas e avenidas e a limpeza dos rios Pinheiros e Tietê? Eu du-vi-de-o-dó.

Claro, pode ser que os outros candidatos para sediar a Olimpíada de 2012 sejam a Ackron do estado norte-americano de Ohio, a indiana Calcutá, a haitiana Porto Príncipe e a boliviana Cochabamba.

Nesse caso, São Paulo terá grandes chances de ver o glorioso e moderníssimo estádio do Morumbi servir de palco para as competições de atletismo, e as piscinas do complexo esportivo do Ibirapuera acolherem mais uma leva de medalhistas australianos.

O vereador Salim Curiati (PPB) também riu à beça quando soube da iniciativa nem um tiquinho fútil de dona Marta: "Ao menos com os locais onde disputar os desportos aquáticos não terão de se preocupar", ironizou ele.

A linha de pensamento do senhor Curiati não pode ser desprezada. Quem sabe a competição dos 400 metros com obstáculos não deva dispensar as barreiras de madeira e ser realizada nas marginais repletas de buracos? E a tradicional maratona? Que tal realizá-la nos becos da favela Pantanal? O atleta que for sequestrado por último vence a competição.
 

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