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24/03/2002 - 03h19

Homens desconhecem infecção pelo HPV

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CLAUDIA COLUCCI
da Folha de S.Paulo

Homens desconhecem a infecção causada pelo HPV (papilomavírus humano) e, geralmente, só descobrem a doença quando procuram o médico por outras razões. Segundo urologistas, alguns pacientes têm sinais evidentes da infecção, como verrugas no pênis ou na uretra, mas as consideram "normais".

Tida como a DST (Doença Sexualmente Transmissível) viral mais frequente, a infecção pelo HPV é uma das principais causas do câncer do colo do útero, o terceiro de maior incidência entre o público feminino no Brasil. O vírus é encontrado em 98% dos casos de câncer genital feminino.

O HPV também está presente em 40% dos casos de câncer de pênis, mas não há estudos conclusivos sobre a possibilidade de ele sozinho causar a doença. As infecções pelo HPV geralmente desaparecem sem deixar vestígios tanto no homem quanto na mulher, podendo ressurgir tempos depois ou nunca mais aparecer.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), o HPV atinge de 10% a 20% da população sexualmente ativa, cerca de 10 milhões de pessoas no Brasil. Isso representa 5 milhões de homens e outros 5 milhões de mulheres.

Estudo realizado pelo urologista Júlio José Máximo de Carvalho, 47, professor-assistente da Santa Casa, com 120 homens que tinham o HPV, mostra que 40% deles descobriram a doença por acaso, quando procuraram o médico para tratar de problemas relacionados à próstata, à impotência, à infertilidade, entre outros.

"Parece incrível, mas eles pensam que ter verruga na região genital é normal, faz parte do corpo", diz o médico. Outros 20% procuraram o urologista por pressão da mulher, que teve a infecção diagnosticada pelo ginecologista nas consultas de rotina.

O grande problema, porém, é que, em cerca de 80% dos casos, a doença é assintomática, ou seja, os homens não apresentam verrugas ou qualquer outro sinal. O vírus pode ficar incubado por até duas décadas, sem apresentar manifestação clínica.

Além da falta de informação sobre o HPV, os homens enfrentam um outro problema: os métodos mais utilizados para o diagnóstico da doença, como a peniscopia, a biopsia e a histologia, os únicos disponíveis na rede pública, apresentam falhas assustadoras.

Um outro estudo realizado pelos departamentos de ginecologia e patologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), com 50 homens, revelou que os exames convencionais acusaram a presença do vírus em 11 desses indivíduos (22% do total).

Mas, quando essas pessoas foram submetidas ao exame de captura híbrida, que utiliza método de biologia molecular que identifica partículas do DNA do vírus, constatou-se que 35 (70%) estavam infectados.

Uma quantidade um pouco maior de resultados positivos (38 ou 76% do total) foi obtida quando se utilizou a associação de todos os métodos. Os homens pesquisados eram parceiros de portadoras do HPV.

De acordo com o médico Sérgio Mancini Nicolau, 44, professor-adjunto do departamento de ginecologia da Unifesp e coordenador do estudo, os erros de diagnóstico dos métodos tradicionais são causados, principalmente, por falha humana ou por má qualidade do material recolhido.
 

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