Aécio sobrevoa áreas atingidas pelas chuvas em Minas e responsabiliza prefeituras

Apesar de a chuva em Minas Gerais ter dado trégua em quase todo o Estado, a Defesa Civil registrou nesta sexta-feira mais uma morte --a 12ª desde setembro. Cidades continuam debaixo d' água, já que o nível dos rios ainda está acima do normal.

Após oito mortes nos últimos cinco dias, o governador Aécio Neves (PSDB) enfim sobrevoou algumas áreas afetadas hoje. E, em coletiva, jogou parte da responsabilidade às prefeituras ao dizer que as cidades têm de criar defesas civis municipais para que evitem uma tragédia.

Guilherme Rampazzo/Leitor

Enchentes atingem Cataguases (MG), cidade que ficou isolada devido às chuvas

Dos 853 municípios de Minas Gerais, apenas cem, aproximadamente, têm defesas civis municipais ativadas. Sem uma Defesa Civil própria, as cidades deixam de realizar mapeamento das áreas de risco e de conscientizar a população sobre a gravidade dos desastres.

No papel, 603 cidades registraram as defesas civis apenas para receber ajuda material e financeira.

"Quero dizer, e digo de forma mais direta aos próximos prefeitos que assumirão em 1º de janeiro, é fundamental, até porque é de responsabilidade legal desses prefeitos, a organização das suas coordenadorias municipais de defesa civil", disse o governador.

Aécio afirmou que "o primeiro grande gesto que os novos administradores municipais podem dar, em benefício das suas comunidades, é organizar suas coordenadorias", já que há previsão de chuvas fortes após o Ano Novo.

Guilherme Rampazzo-17.dez.2008/Leitor

Chuvas inundam Cataguases; 41 municípios estão em situação de emergência em MG

O tenente-coronel Alexandre Lucas, responsável pela Defesa Civil do Estado, disse que se os municípios tivessem se estruturado, algumas das mortes poderiam ter sido evitadas.
São 73 cidades atingidas pelas intensas chuvas dos últimos dias (41 estão em situação de emergência). Cerca de 28 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas no Estado. A 12ª morte ocorreu em Cataguases, que inundou. Um homem de 57 anos se afogou.

Cidades como Brumadinho, Guaraciaba e Belo Vale continuam inundadas. Os rios, cujas águas chegaram a subir até nove metros, baixam lentamente. Em Divinópolis, na região central do Estado, 80% da população está sem água potável. O governador foi até a cidade acompanhar os problemas de 180 mil atingidos.

Apesar da diminuição dos temporais, os problemas ainda permanecem. Há preocupação, por exemplo, com as cerca de 650 barragens que existem no Estado, de hidrelétricas e de mineradoras.

Aécio afirmou que engenheiros estão fiscalizando as barragens, que terão que reduzir os volumes por causa da pressão exercida em razão do excesso de água que receberam. O trabalho será realizado para evitar que as barragens rompam.

"Será feita de forma coordenada, com comunicação com as regiões que receberam parte dessas águas, mas sempre no limite para não criar nenhum problema para essas regiões. O objetivo é diminuir a pressão, para que, na eventualidade de novas chuvas, não tenhamos nenhum risco de desastre", disse o governador.

A Secretaria de Estado da Saúde também vai distribuir 3 milhões de cartilhas orientando as populações atingidas pelas águas sobre como proceder na limpeza das casas e os cuidados que devem ter com doenças como leptospirose, hepatite e dengue.

Quatro trechos de rodovias estaduais foram interditados hoje. Outros 41 registraram algum tipo de dano. A malha viária da Zona da Mata é uma das mais afetadas.