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15/04/2002 - 04h45

Preso diz que era oprimido na Casa de Detenção

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da Folha de S.Paulo

"Na Casa de Detenção, eu era oprimido pelos demais detentos; aqui, não há preconceito." O copeiro Sebastião, 32, está condenado a 28 anos de prisão e há quatro cumpre pena por estupro e assalto. Seu irmão também foi condenado pelos mesmos crimes, mas ainda permanece em São Paulo, enquanto Sebastião foi transferido para Osvaldo Cruz em março.

Seus olhos enchem-se de lágrimas quando lembra das humilhações a que foi submetido. "Lá [na Detenção] eu tinha de pagar pedágio, era discriminado e não podia trabalhar." Quando estava preso na cadeia de Ferraz de Vasconcelos, Sebastião pôde sentir a ira dos demais detentos. Em uma rebelião, ele e outros estupradores foram espancados e humilhados.

Sebastião disse que estava na casa do sogro com sua mulher e o filho, então com um ano de idade, quando foi preso, em 1997. "Minha mulher ficou desesperada e demorou quatro meses para me visitar. Até ser preso, tudo estava bom; só caí na realidade quando a polícia chegou em casa", afirmou.

Sebastião diz que era viciado em crack e um dia saiu com seu irmão e um menor para fazer um assalto, que acabou evoluindo também para o estupro. Ele não dá detalhes do crime porque, como diz, não gosta de lembrar. "Se arrependimento tirasse alguém da cadeia, já estaria fora."

Seu companheiro de trabalho, Cícero, 27, fala pouco. Preso desde 1994, tem mais 15 anos para cumprir. Analfabeto, quando quer escrever para a namorada pede ajuda aos amigos da cadeia.

Cícero namora há um ano. Conheceu a mulher no Carandiru. Ela visitava um amigo e se engraçou com o alagoano de baixa estatura. Desde então, passou a lhe fazer visitas constantes, embora more na Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo. Ele tem um filho de oito anos com outra mulher, mas o filho não o vê sempre.

O estupro cometido por Cícero teve como vítima a namorada de um amigo. "Saímos para fazer um assalto em uma lanchonete e aconteceu." Ele atribui o estupro à influência de "más companhias".

Apesar de reconhecer o crime que praticou, Cícero considera-se injustiçado. "Não sei bem por que minha pena é tão alta e a dos que estavam comigo é menor."
 

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