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17/07/2000 - 19h33

Empresário diz saber de esquema de propina nos transportes em SP

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FABIANE LEITE, repórter da Folha Online

O sócio da empresa de ônibus Rápido Zefir Júnior, João Carlos Chiaroni, prestou depoimento ao Ministério Público Estadual de São Paulo na tarde desta segunda-feira (17) em que confirmou ter conhecimento de esquema de cobrança de propina por agentes da prefeitura para "afrouxar" a fiscalização sobre os ônibus.

Chiaroni apontou também que sofreu pressões de agentes públicos para deixar o sistema de transportes da cidade e dar lugar a outra empresa.

O empresário, que operava seis linhas de ônibus na cidade entre 1993 e fevereiro deste ano, declarou que ouviu comentários no setor de que algumas empresas de ônibus pagavam propina à prefeitura para não cumprirem os horários determinados pela SPTrans (São Paulo Transporte), empresa municipal que administra o transporte público na cidade.

Segundo Chiaroni, a propina não seria cobrada para que a prefeitura liberasse pagamentos às empresas, como chegou a ser denunciado. "O problema era na fiscalização", afirmou. "Eu cumpria os horários, senão era penalizado duas vezes: com multa e diminuição da remuneração", afirmou. Ele nega ter pagado propina.

Chiaroni disse que teve de sair do sistema em fevereiro deste ano, após proposta da SPTrans para que que assinasse um termo aditivo de seu contrato que cortava 20% da receita que sua empresa tinha a receber por janeiro.

O empresário disse que propôs que SPTrans lhe pagasse dívida de cerca de R$ 120 mil, referente a reclamações da Rápido Zefir sobre multas pelo descumprimento de horário.

Em uma reunião alguns dias depois com membros da SPTrans, Chiaroni disse que a empresa prometeu lhe pagar pelo menos adiantamento para que ele quitasse os salários dos funcionários _ em entrevista, o empresário disse que este repasse deveria ser de R$ 81 mil.

No entanto, Chiaroni disse que depois recebeu telefonema do então presidente da SPTrans, Pedro Luiz Machado de Brito, que negou o repasse do dinheiro.

Os funcionários da empresa entraram em greve. A paralisação durou dez dias.

Condição

Chiaroni diz que em 3 de março houve uma nova reunião na SP Trans, mas desta vez a empresa teria imposto a seguinte condição para pagar Chiaroni: ele teria de repassar as linhas que operava para uma concorrente, a Empresa Paulista de Ônibus Ltda..

"Acho que foi muito estranho como fui tratado", afirmou o empresário após o depoimento. "Fui lá insistir (pelo repasse). Mas quando apareceu a outra empresa, em cinco minutos saiu o pagamento."

Chiaroni disse que tem créditos a receber da prefeitura, mas não soube informar o valor total.

As assessorias de imprensa da SPTrans e da Secretaria Municipal dos Transportes informaram que o depoimento não será comentado, por enquanto. Na Empresa Paulista de Ônibus, segundo um funcionário, não havia ninguém que pudesse responder pela empresa.

Vereador

O promotor de Justiça da Cidadania Silvio Antônio Marques, que ouviu Chiaroni, também colheu novo depoimento na tarde desta segunda-feira do dono de uma empresa de ônibus que faliu. O nome deste empresário está sendo mantido em sigilo. Ele é o autor das primeiras denúncias de corrupção no setor de transportes.

O empresário, que é candidato a vereador pelo PTB, confirmou suas primeiras denúncias e deu o nome de outros donos de empresas de ônibus que poderiam ter informações sobre o suposto esquema de propina.

O promotor também colheu depoimento do ex-secretário dos Transportes, Emílio Julianelli, que negou conhecer esquema de propina.

Agenda

Marques também espera obter o depoimento de um terceiro empresário, Luiz Carlos Brandão, que era dono de empresa de ônibus que operava em São Paulo e hoje é proprietário de uma empresa de ônibus no nordeste do Brasil. Ele deverá ser ouvido por uma autoridade na cidade em que vive. Depois, o depoimento será remetido para São Paulo.

Brandão é o dono de uma agenda de 96 em que estariam registrados pagamentos de propina e o nome de um suposto receptor. O Ministério Público já tem cópia da agenda. O ex-prefeito Paulo Maluf, que comandava a cidade em 96, não fala sobre o caso.

Nesta terça-feira (18) deverá ser ouvido pelo promotor, às 15h, o atual secretário dos Transportes, Getúlio Hanashiro.

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