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01/05/2002 - 06h41

Laudo da vigilância mostra falta de higiene em Febem

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GABRIELA ATHIAS
da Folha de S.Paulo

Laudo da Vigilância Sanitária sobre a unidade de Parelheiros -onde o Ministério Público encontrou anteontem objetos que seriam usados supostamente para torturar adolescentes- mostra que as condições de higiene do local são precárias. Diz o laudo, feito no dia 17 de abril, que os internos dividem o mesmo sabonete, que as escovas de dente estão em "mau estado de conservação" e não possuem identificação. Ou seja: são usadas de forma coletiva.

A Folha obteve uma cópia do documento, que é assinado por Ado de Castro Bechelli, diretor técnico de Serviço de Saúde.

Roupas de uso diário (assim como as de cama e banho) não são trocadas na frequência necessária, afirma o documento, favorecendo a "disseminação de fungos e bactérias". A situação descrita por Bechelli já havia sido detectada em outras inspeções. Em fevereiro, o médico-legista que acompanhou uma vistoria do Ministério Público constatou que cerca de 90% dos internos da ala laranja estavam com sarna devido à falta de higiene. As condições de higiene da unidade também foram citadas na sentença da juíza Maria Olívia Pinto, de Santo Amaro, em março passado, quando ela determinou o fechamento da unidade.

No dia 26 passado -nove dias depois de a equipe da vigilância ter estado no local-, quando a Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) visitou a unidade, a situação havia mudado. As roupas pessoais, de cama e de banho eram novas. Cada adolescente tinha um kit individual contendo escova de dentes e pasta. Os sabonetes também eram de uso pessoal. As imagens das celas, das roupas e dos objetos pessoais novos foram gravadas pela Promotoria da Infância e da Juventude anteontem. A Folha teve acesso as fitas. "Em um ano de Febem nunca recebi um sabonete inteiro só para mim", disse um dos internos. Todos os adolescentes de Parelheiros são reincidentes.

"Ficou claro que a unidade foi "maquiada" para nos receber", diz Ariel de Castro Alves, da OAB.

Alves disse que os adolescentes confirmaram terem recebido as roupas pouco antes da visita. A presidente da Febem, Maria Luíza Granado, acompanhou a visita.

A assessoria de imprensa da Febem informou que o laudo feito no dia 17 não reflete a situação da unidade. Os produtos de limpeza são repostos à medida que vão sendo usados. Os técnicos da vigilância, afirma a assessoria, estiveram no local justamente num período anterior à reposição.
 

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