09/05/2002 - 10h27

Policial ajuda em resgate e vê colegas morrerem

MILENA BUOSI
da Folha Online

Eram 23h45 quando o cabo Donizete Aparecido Santiago de Araújo, 40, da Polícia Rodoviária Estadual, estava em seu posto, em Pedregulho (440 km de SP) e acenou para seus colegas estudantes, que saíam da Universidade de Franca e seguiam para casa, em Sacramento (MG). O motorista buzinou.

Dez minutos depois, a notícia: um ônibus havia caído em uma ribanceira, no município vizinho de Rifaina. Embora esteja preparado para lidar com acidentes diariamente, o policial sentiu o coração disparar.

A princípio, acreditou que tratava-se do ônibus onde estavam sua mulher e filha, acostumadas a viajar naquele horário para Rifaina. "Fiquei apavorado, a adrenalina subiu", disse.

Santiago seguiu para o local do acidente, no km 459 da rodovia Cândido Portinari. A cena: dezenas de pessoas gritando, presas nas ferragens. Os passageiros não eram mulher e filha, mas o choque foi inevitável. As vítimas eram colegas do policial, que frequenta o curso de Marketing da Universidade de Franca. Eram aqueles que haviam acenado para ele 10 minutos atrás.

"A cena foi chocante. Todos estavam desesperados. Vi pedaços de corpos, sangue. Vi muitos colegas morrerem. É terrível você pegar na mão da pessoa viva, para tentar salvá-la e, de repente, ela morrer ali na sua frente."

Após o acidente, a chuva atingiu o município, atrapalhando o trabalho de resgate. Além da Polícia Rodoviária, ambulâncias de diversas regiões, como Pedregulho e Franca, em São Paulo, Uberaba e Sacramento, em Minas, foram acionadas. Médicos moradores dos municípios próximos também foram chamados em suas casas para ajudar no resgate.

Dezoito pessoas morreram no local _entre elas o motorista_ e outras duas, no hospital. Pelo menos outras 20 ficaram feridas, algumas em estado grave.

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