17/05/2002 - 23h44

Mortes em rodovias crescem 58% na região de Ribeirão

ROGÉRIO PAGNAN
da Folha de S.Paulo, em Ribeirão

O total de mortes causadas por acidentes nas rodovias da região de Ribeirão Preto cresceu 58,06% nos primeiros quatro meses deste ano em comparação ao mesmo período de 2001.

Esse percentual se refere ao número de vítimas fatais registrado entre janeiro e abril nas regiões de Araraquara e de Ribeirão (divisão feita pela Polícia Rodoviária Estadual). Foram 62 mortes em 2001, contra 98 vítimas neste ano.

Na região de Ribeirão, dos 1.080 acidentes registrados em 2002, 40% (436) ocorreram em estradas administradas pela iniciativa privada, segundo dados da Polícia Rodoviária Estadual.

Essa proporção se aproxima do índice de trechos sob concessão de empresas. Em toda a região, há 3.100 quilômetros fiscalizados pela polícia _dos quais 1.150 quilômetros são de responsabilidade das concessionárias.

Para a Polícia Rodoviária, a melhoria da qualidade das rodovias _provocada pela intervenção das concessionárias_ tornou-se um fator para o aumento do número de acidentes.

"Antes [das concessões] as pessoas não corriam tanto porque tinham medo de estragar o carro nos buracos das rodovias. Agora que [a estrada] está um 'tapete', o que acontece? Abuso", afirmou o tenente Luiz Eduardo Ulian Junqueira, 26, responsável pela região de Ribeirão.

Essa também é a opinião do pesquisador da USP (Universidade de São Paulo) de São Carlos José Bernardes Felex, 55, que ajudou a confeccionar o Código Nacional de Trânsito. "A velocidade das rodovias está aumentando cada vez mais, apesar do trabalho bem feito da polícia. As pessoas estão viciadas culturalmente em andar mais rápido", afirmou.

Não só o número de mortos cresceu na região. Todos os índices de acidentes tiveram alta. O número total de acidentes cresceu 8,73%, passando de 1.764, em 2001, para 1.918, em 2002.

O total de vítimas (leves, graves e fatais) teve um crescimento de 19,02% _1.004 vítimas em 2001, contra 1.195, em 2002.

Araraquara foi a região que registrou maior taxa de crescimento no número de vítimas fatais neste ano. Foram 30 mortes em 2001 contra 50 neste ano _acréscimo de 66,67%.

O comandante do policiamento rodoviário, José Wilson da Silva, 34, afirmou que esse crescimento está ligado exclusivamente à falta de conscientização dos motoristas. Ele cita excesso de velocidade, embriaguez no volante e ultrapassagem irregular, mas revela falhas no policiamento. "Nós colocamos mais policiais nos pontos críticos, mas começam a surgir problemas em outros locais. Esse Código de Trânsito é rigoroso, mas só será entendido daqui uns 15 anos."

Em Ribeirão Preto o crescimento do número de vítimas fatais foi de 50%, 32 casos em 2001, contra 48, em 2002.

Nessa conta não estão as 20 pessoas mortas no acidente ocorrido na semana passada, quando um ônibus de estudantes caiu em uma ribanceira em Rifaina.

A assessoria de imprensa da Vianorte e Autovias informou que as empresas estão investindo em campanhas de conscientização de crianças e adultos, além de investir nos itens de segurança desde 1998. Esses investimentos, ainda segundo a assessoria, conseguiram reduzir o número de acidentes e o número de mortes.

Representantes da Tebe e Triângulo do Sol não foram encontrados para comentar o assunto.