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03/06/2002 - 20h34

Polícia suspeita que investigação sobre Belo vazou para cantor

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FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Folha de S.Paulo, no Rio

A polícia do Rio suspeita de que tenha havido vazamento de informações sigilosas das investigações envolvendo o cantor Belo, acusado de manter associação criminosa com traficantes da favela do Jacarezinho (zona norte do Rio).

Belo, 28, teve a prisão decretada pela Justiça na quarta-feira passada e está foragido desde então. A principal prova contra Belo é uma fita em que ele conversa com o traficante Vado, do Jacarezinho, combinando a entrega de um dinheiro ao traficante

O chefe de gabinete da Polícia Civil, Pedro Paulo Pinho, disse que há suspeita de vazamento porque, quando a Draco (Delegacia de Repressão ao Crime Organizado) foi cumprir um mandado de busca na casa do cantor no Rio, encontrou lá seu então advogado, Sylvio Guerra. Uma sindicância aberta na Corregedoria da Polícia Civil apura o suposto vazamento.

Outra sindicância apura se houve pagamento de propina a dois delegados do Rio: Álvaro Lins, ex-chefe de Polícia Civil, e Ricardo Hallack, titular da Draco.

A nova sindicância requisitará uma segunda fita, apresentada por um dos advogados de Belo, Alberto Louvera. Na gravação, o advogado Sylvio Guerra pede R$ 300 mil ao cantor para pagar aos dois delegados, que abafariam o caso.

Na nova fita, Belo pela primeira vez reconhece que falou com Vado e autoriza o pagamento da propina.

Ontem, em entrevista à Rede TV, Guerra afirmou que mentiu a Belo. O dinheiro, afirmou, pagaria seus honorários, pois até então o cantor não o teria remunerado.

A OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil, seccional do Rio de Janeiro) abriu hoje processo ético-disciplinar sumário contra Guerra por ter mentido ao cliente.

"Ele poderá ser punido com sanções que vão de multa à exclusão dos quadros da instituição", disse Octávio Gomes, presidente da OAB-RJ.

Procurado hoje pela reportagem, Guerra não foi encontrado em seu escritório.

Um pedido de habeas corpus chegou ao Tribunal de Justiça do Rio hoje, pleiteando autorização para que Belo responda ao processo em liberdade.

É assinado por um novo advogado, Alberto Leite Fernandes, de São Paulo. Procurado hoje pela Folha, Louvera disse que nada tinha a dizer e que continuava no caso.

Convidado a assumir o caso, o criminalista Michel Assef demonstrou irritação: "Essa nova fita dificulta a defesa do Belo, porque ele até então dizia não ter falado com ninguém. Além do mais, se ele aceitou dar dinheiro a um advogado para comprar o silêncio da polícia, cometeu crime de extorsão". Assef disse que só assumirá o caso se Belo aceitar se entregar.

O empresário de Belo, Cláudio Lisa, reuniu-se nesta segunda-feira com André Matalon, diretor de marketing da gravadora do cantor, a EMI.
 

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