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20/07/2000 - 03h39

Anemia afeta 49,8% das crianças no país

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GABRIELA SCHEINBERG, da Folha de S.Paulo

Cerca de 49,8% das crianças brasileiras entre 6 meses e 3 anos, matriculadas em creches e pré-escolas municipais, têm anemia, doença causada pela falta de células vermelhas no sangue. Recife lidera a incidência da doença, com 81%. A menor taxa foi observada em Natal, com 18%.

Os dados constam de um estudo coordenado pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), realizado em 20 capitais brasileiras. Cerca de 8.000 crianças foram avaliadas durante quatro anos, a partir de 1995.

Apenas os dados de dez capitais foram divulgados. Os demais municípios ainda não foram informados sobre os resultados, o que impossibilitou a sua divulgação.

"A doença é provocada pelo hábito alimentar inadequado da criança", disse Mauro Fisberg, coordenador do estudo.

A principal causa da anemia é a falta de ferro no corpo. O ferro é o principal componente da hemoglobina, essencial para a formação de células vermelhas.

A doença é reversível com a adição de ferro à dieta, seja por meio da comida ou pela ingestão de suplementos alimentares. No entanto, em muitos casos, os danos provocados pela anemia são permanentes.

A anemia é mais frequente entre os 6 meses e os 2 anos de idade, faixa etária em que a criança começa a desenvolver várias funções. A doença dificulta o desenvolvimento cognitivo, como a memória, e o aprendizado. A coordenação motora também fica comprometida.

A falta do nutriente pode ter várias causas. Logo no nascimento, crianças prematuras já começam a vida com menos ferro. Ele é passado para o feto no último trimestre da gestação. Se a criança nasce mais cedo, o nível de ferro é menor.

O problema continua na amamentação. "O leite materno é a melhor fonte de ferro para a criança", disse Fisberg. Se a criança pára de mamar cedo, o nível de ferro é reduzido.

A introdução do leite de vaca como substituto do materno também agrava o problema. O leite não pode ser o comum, ele precisa ser acrescido de nutrientes e sais minerais.

"O melhor é usar uma fórmula láctea infantil, mas esses leites são muito
caros", disse.

Quando a criança cresce, a dieta passa a ser a principal fonte de ferro.
O nutriente é encontrado principalmente em carnes, feijão e lentilha.
Alguns alimentos devem ser consumidos em conjunto para otimizar a absorção de ferro no corpo. Beber chá durante as refeições reduz a absorção. Já consumir sucos de frutas cítricas, ricas em vitamina C, com alimentos aumenta a absorção.

Prevenção

O Governo de São Paulo está ciente do problema da anemia. Para prevenir a doença, distribui leite acrescido de ferro para 700 mil famílias carentes. O governo oferece suplementos de ferro por meio da cesta básica de medicamentos.

Mas, mesmo com as medidas adotadas, cerca de metade das crianças paulistas tem anemia. "As crianças comem poucos alimentos ricos em ferro", disse Rui de Paiva, da Secretaria de Estado da Saúde.

Fisberg disse que adicionar ferro ao pão e o distribuir como merenda escolar também seria uma forma de aumentar a ingestão do nutriente em crianças. Estudos com o "superpão" estão sendo realizados em São Paulo e em São Bernardo do Campo.

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