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12/06/2002
-
07h58
da Folha de S.Paulo
Um em cada 17 usuários de cocaína ouvidos em uma pesquisa da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) realizada há um ano na capital afirmou já ter experimentado heroína ao menos uma vez.
"A totalidade deles tinha consumido a droga aqui mesmo em São Paulo", diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, 45, coordenador da Unidade de Álcool e Droga da universidade.
No total, 640 dependentes foram entrevistados em diversos programas de tratamento e 6% deles confirmaram uso de heroína _38 pessoas.
Em 96, Laranjeira escreveu um artigo relatando que um dependente havia afirmado, pela primeira vez, ter comprado heroína em São Paulo. Hoje, diz ele, pelos relatos que ouve nos consultórios, está mais fácil comprar a droga no país.
"O problema é que, quando a repressão policial começa a pegar o tráfico, já existe uma série de usuários", afirma. Ou seja, quando a droga começa a aparecer no varejo, como descobriu o Denarc.
Segundo o psiquiatra, heroína e cocaína têm o mesmo poder de criar dependência, mas os sintomas de abstinência são bastante diferentes. A falta de heroína no corpo dos usuários provoca reações físicas, como dores e sudorese, enquanto a ausência de cocaína causa nervosismo e irritação.
A principal diferença entre elas é a dosagem que pode ser fatal. "Mais pessoas morrem de overdose com a heroína do que com a cocaína porque o tamanho da dose útil para o usuário [necessária para dar reações] e a dose fatal é muito próximo", afirma o psiquiatra.
Laranjeira teme que a heroína siga no país o mesmo caminho da cocaína. Até meados dos anos 80, quase toda a produção colombiana seguia para os Estados Unidos.
À medida que houve excedente de produção, segundo ele, a rota de tráfico se espalhou e atingiu o Brasil. "A cocaína, que era vendida a US$ 100 o grama na década de 80, hoje pode ser comprada por US$ 2 ou US$ 3", afirma.
Hoje, pelo preço, os usuários seriam de classe média alta, perfil que está fora do atendimento médico público.
Acesso a droga está mais fácil, diz psiquiatra
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Um em cada 17 usuários de cocaína ouvidos em uma pesquisa da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) realizada há um ano na capital afirmou já ter experimentado heroína ao menos uma vez.
"A totalidade deles tinha consumido a droga aqui mesmo em São Paulo", diz o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, 45, coordenador da Unidade de Álcool e Droga da universidade.
No total, 640 dependentes foram entrevistados em diversos programas de tratamento e 6% deles confirmaram uso de heroína _38 pessoas.
Em 96, Laranjeira escreveu um artigo relatando que um dependente havia afirmado, pela primeira vez, ter comprado heroína em São Paulo. Hoje, diz ele, pelos relatos que ouve nos consultórios, está mais fácil comprar a droga no país.
"O problema é que, quando a repressão policial começa a pegar o tráfico, já existe uma série de usuários", afirma. Ou seja, quando a droga começa a aparecer no varejo, como descobriu o Denarc.
Segundo o psiquiatra, heroína e cocaína têm o mesmo poder de criar dependência, mas os sintomas de abstinência são bastante diferentes. A falta de heroína no corpo dos usuários provoca reações físicas, como dores e sudorese, enquanto a ausência de cocaína causa nervosismo e irritação.
A principal diferença entre elas é a dosagem que pode ser fatal. "Mais pessoas morrem de overdose com a heroína do que com a cocaína porque o tamanho da dose útil para o usuário [necessária para dar reações] e a dose fatal é muito próximo", afirma o psiquiatra.
Laranjeira teme que a heroína siga no país o mesmo caminho da cocaína. Até meados dos anos 80, quase toda a produção colombiana seguia para os Estados Unidos.
À medida que houve excedente de produção, segundo ele, a rota de tráfico se espalhou e atingiu o Brasil. "A cocaína, que era vendida a US$ 100 o grama na década de 80, hoje pode ser comprada por US$ 2 ou US$ 3", afirma.
Hoje, pelo preço, os usuários seriam de classe média alta, perfil que está fora do atendimento médico público.
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