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14/07/2002 - 07h12

Brasileiros envelhecem em ritmo acelerado

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da Folha de S.Paulo

O processo de envelhecimento da população brasileira, em função da queda das taxas de fecundidade e de mortalidade, acontece em ritmo mais acelerado do que o observado na Europa do século 19 até agora.

No âmbito familiar, o processo fica evidenciado na longevidade de avós e bisavós.

"Com o aumento do número de idosos na sociedade, vai ser comum a coexistência de várias gerações de uma mesma família", explica Juarez de Castro Oliveira, demógrafo do IBGE.

Segundo ele, um exemplo dessa tendência é o Japão, onde a expectativa de vida hoje é de 81,5 anos.

De acordo com as estimativas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 22% da população do país será formada por idosos em 2050. Isso deverá representar 52,228 milhões de pessoas.

A expectativa de vida nesse futuro deverá ser de 78 anos para as mulheres e 69 para os homens (hoje é de 73 anos para as mulheres e 65 para os homens).

Embora hoje representem 8,6% dos brasileiros (o equivalente a 14,535 milhões de pessoas), boa parte das pessoas acima de 60 anos ainda busca espaço, dentro e fora de casa.

Para Suzana Medeiros, professora emérita da PUC e coordenadora de pós-graduação em gerontologia (ciência que estuda o envelhecimento), não há lugar definido na sociedade para essa parcela da população.

"A pessoa é cidadã do começo ao final da vida. Há uma luta muito grande e os próprios velhos vão buscar seu espaço", diz Suzana.

"Dentro da família, o idoso pode ter o papel da sabedoria, da experiência. Se for uma pessoa reflexiva, pode ser um bom apoio para os mais jovens. Além da própria contribuição econômica que os mais velhos podem dar", avalia a professora.

Chefes de família
Um estudo publicado há um mês pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) comprova a força econômica do idoso dentro da família, especialmente das mulheres.

"Envelhecimento, Condições de Vida e Política Previdenciária. Como Ficam as Mulheres?" mostra que as mulheres com mais de 60 anos têm renda superior a dos homens na mesma faixa etária.

"Quando chegam aos 60, as mulheres passam a ter uma condição de vida melhor do que a dos homens. A idosa é menos pobre, porque geralmente recebe mais benefícios sociais, pensões e aposentadoria", explica Ana Amélia Camarano, uma das autoras do trabalho.

Responsáveis por 30% dos domicílios chefiados por mulheres, ou seja, 3,4 milhões de casas, elas recebem cada vez mais os filhos adultos.

Em 1981, eram 25,8% adultos residindo com as mães; em 1997, o número passou para 27,7%.

"Essas mulheres estão assumindo outros papéis. Os filhos estão demorando a sair de casa e, às vezes, voltam com os netos", diz Ana Amélia.

O estudo constatou ainda uma elevação no número de crianças em residências chefiadas por mulheres idosas.

Em 1981, 3,8% das pessoas que residiam com essas mulheres eram menores de 14 anos. Em 1997, a proporção passou para 4,3%.

Outra observação da pesquisa é que os netos, entre sete e 14 anos, que moram com as avós frequentam mais a escola do que as crianças que vivem com os pais.

Esse fenômeno é observado principalmente nas áreas rurais. Frequentam a escola 75,7% das crianças que moram com avós. A taxa dos que residem com os pais é de 67,1%.

"Por possuírem renda maior, essas mulheres não necessitam da mão-de-obra das crianças e incentivam os netos a estudarem", diz Ana Amélia.
 

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