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08/08/2002 - 04h28

CPI já investigou "agente" da PM de São Paulo

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da Folha de S.Paulo

O preso Gilmar Leite Siqueira, 29, que colaborou com o Gradi (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância) da Polícia Militar de São Paulo, já foi informante da polícia em um esquema de extorsão a assaltantes de carga na região de Campinas (95 km de São Paulo).

Esse esquema foi investigado pela CPI do Narcotráfico da Câmara dos Deputados. Em 1999, Siqueira virou a testemunha número 141 da comissão e apontou policiais e advogados envolvidos.

O preso foi uma das principais testemunhas contra o empresário de Campinas Willian Sozza, apontado como líder de uma organização criminosa ligada ao deputado cassado Hildebrando Pascoal, acusado de chefiar um grupo de extermínio no Acre.

Antes da prisão em 1996 por roubar carga, Siqueira se infiltrava em quadrilhas de assaltantes e informava aos policiais corruptos onde estava a carga roubada. Em vez de prender os ladrões, os policiais exigiam propina, segundo o seu relato à CPI do Narcotráfico.

Ele denunciou os policiais civis em 1996, mas o caso foi arquivado. Meses depois, sua mulher e seu filho de quatro anos foram assassinados com tiros no rosto. Siqueira afirmou que eles foram mortos por causa dessa denúncia.

Mesmo assim, Siqueira virou "agente" do Gradi da Polícia Militar em 2001 e passou a participar de investigações contra o PCC.

De dezembro de 2001 a abril deste ano, o preso saiu da prisão 33 vezes com autorização judicial, ficando 80 dias fora da cadeia.

Ele participou de pelo menos três operações do Gradi: um tiroteio na rodovia Bandeirantes, em Valinhos (85 km de São Paulo), em janeiro, que terminou na morte de cinco supostos membros do PCC; um confronto que resultou na morte de três pessoas, em fevereiro, em Piracicaba (162 km de SP); e, em Sorocaba, em março, no qual 12 morreram.

Siqueira era parceiro de Marcos Massari nas investigações do Gradi. Massari é o campeão de autorizações, com 68 saídas, totalizando 115 dias fora da cadeia, entre março de 2001 e abril de 2002.

Como colaborador da PM, Siqueira dormia fora da cadeia, participava de festas, andava na rua sem algemas ou escolta, tinha telefone celular e carro à disposição.

"Ele [Siqueira] sempre teve dois senhores: o crime e a polícia. Mas sempre agiu em causa própria, para ter vantagem e cometer crimes", disse o deputado federal Pompeo de Mattos (PDT-RS), que foi subrelator da CPI pela região de Campinas.

Mattos ouviu o preso várias vezes durante a CPI e se impressionou com os contatos de Siqueira com quadrilhas de criminosos. "Ele é muito esperto. Viveu entre criminosos e policiais e sobreviveu", disse.

Segundo o deputado, Siqueira chegou a receber proteção especial após fazer as denúncias à CPI, mas desistiu logo depois. Mattos diz que ficou surpreso aos saber que Siqueira foi um dos colaboradores do Gradi e que participou de operações policiais. "Ele é um grande risco à sociedade."
 

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