Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
27/07/2000 - 04h46

Para pobre, farmácia pesa mais que escola

Publicidade

ESTANISLAU MARIA, da Folha de S.Paulo

Os 33% mais pobres de São Paulo gastam mais na farmácia do que com educação. Segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), medicamentos e produtos farmacêuticos pesam 4,27% nos orçamentos dessas famílias enquanto que os estudos consomem 3,67%.

Essa parcela da população recebe até 5,5 salários mínimos e tem renda familiar média de R$ 464.

O mesmo levantamento comprova, em números, uma idéia comum: o preço dos remédios pesa mais sobre os pobres.

No terço intermediário da população, entre 5,5 salários mínimos e 11,9 salários mínimos, com renda familiar média de R$ 1.147, os gastos com medicamentos representam 3,49%, e os custos com educação, 4,49%. Os 33% mais ricos, acima de 11,9 salários mínimos, renda média de R$ 3.431, gastam 2,45% do orçamento na farmácia e 9,93% com os estudos.

Os números são do ICV (Índice do Custo de Vida) de junho. O índice é atualizado mensalmente pelo Dieese, a partir de pesquisas por amostragem de orçamentos e a porcentagem dos gastos familiares (alimentação, saúde, vestuário, educação, transporte etc.) conforme a faixa salarial.

"A pesquisa traduz uma percepção aritmética simples: o preço, que é igual para todos, tem um impacto maior nos orçamentos menores", diz a economista do Dieese Cornélia Nogueira Porto.

É o caso da dona-de-casa Irene Ferreira Alencar, 71, que recebe uma pensão de R$ 151, e precisa da ajuda da filha para pagar os R$ 200 mensais da farmácia.

Segundo o Dieese, os gastos com medicamentos aumentaram mais para os pobres desde 1996 (quando foi criado o ICV). Na primeira pesquisa, os pobres deixavam 3,12% do orçamento na farmácia (4,27%, hoje); a classe média, 2,62% (3,49%), e os ricos, 1,81% (2,45%).

No HC (Hospital das Clínicas) e na Unifesp, há distribuição de remédios para pacientes cadastrados. Nos postos de saúde das prefeituras e do Estado, 41 medicamentos são distribuídos para qualquer um que mostre receita.

"A lista é pequena, e distribuição nos postos é precária. Os medicamentos para doenças mais graves estão sempre em falta", diz o geriatra Carlos André Freitas Santos, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

"Os postos têm de atualizar os pedidos. Em São Paulo, estamos resolvendo. No interior, já funciona bem", diz o médico Tuyoshi Ninomya, 53, assessor técnico da Secretaria Estadual da Saúde.

Leia mais notícias de cotidiano na Folha Online

Discuta esta notícia nos Grupos de Discussão da Folha Online
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página