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06/09/2002 - 05h16

Novo Plano Diretor de SP prevê obras na avenida Faria Lima

ALENCAR IZIDORO
da Folha de S.Paulo

O Plano Diretor aprovado na Câmara prevê a construção de passagens em desnível que eliminariam, até 2012, quatro dos principais cruzamentos de trânsito do centro expandido de São Paulo.

Entre os pontos atingidos estão os entroncamentos das avenidas Rebouças e Brasil e da Brigadeiro Faria Lima com Rebouças, Cidade Jardim e Juscelino Kubitschek.

Segundo Maurício Faria, presidente da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), as passagens da Faria Lima, todas subterrâneas, seriam feitas com recursos da operação urbana -que permite às construtoras pagarem para erguer prédios superiores ao previsto pela legislação. "Elas devem mergulhar por baixo da Faria Lima", diz Maurício Faria, que pretende fazer até 2004 a primeira, no cruzamento da Juscelino.

Essas obras estão nas diretrizes de melhoria viária do Plano Diretor. O projeto cita 36 intervenções pontuais, de diferentes dimensões, para eliminar ou evitar cruzamentos de trânsito em São Paulo _mas não detalha as formas de construção nem traz estudos de viabilidade. O objetivo é facilitar a fluidez, prejudicada pelos semáforos. A idéia é polêmica porque pode requerer muitos gastos, sem a garantia de benefícios significativos ao transporte coletivo.

O presidente da Emurb afirma que, das três obras na Faria Lima, a da Juscelino teria ganhos não só ao tráfego, mas urbanísticos. Ela prevê um bulevar e retomaria parte da idéia descartada na gestão Luiza Erundina (89-92) -que tapou 500 metros escavados por Jânio Quadros (85-88) na área.

Maurício Faria diz que a contratação do projeto da passagem em desnível na Cidade Jardim deve acontecer ainda neste ano. Com essas obras, os ônibus teriam prioridade na avenida Faria Lima.

O Plano Diretor prevê que 6 das 36 intervenções em desnível sejam feitas até 2006 _por exemplo, no entroncamento da av. Salim Farah Maluf com as vias de baixo do viaduto Pires do Rio, na zona leste; e no das avenidas Interlagos e Nossa Senhora do Sabará, na zona sul. Para 2012, é apontada ainda a eliminação do encontro de veículos das avenidas Tiradentes e do Estado.

Especialistas
"Esses quatro cruzamentos são pontos de retardamentos, onde se perde muito tempo nos semáforos. Mas é preciso estudar e tomar cuidado com as soluções pontuais. Elas podem ter um benefício pequeno para a quantidade de dinheiro investida", diz Jaime Waisman, professor da Escola Politécnica da USP. "O motorista passa rápido nesse cruzamento, mas corre um sério risco de ficar parado no próximo", afirma.

A necessidade das passagens em desnível também é questionada pelo urbanista Cândido Malta. "Não dá para fazer no chute. É preciso estudar", afirma. Ele defende a análise de alternativas que poderiam ser mais eficientes para aumentar a fluidez. Por exemplo, deixar vias paralelas, como os eixos Faria Lima/Brasil e Rebouças/Nove de Julho, com tráfego em sentido único -uma, em direção ao centro; outra, ao bairro.

Malta também diz que um investimento maior em transporte coletivo, oferecendo os microônibus como opção aos automóveis, reduziria a pressão pela construção de passagens subterrâneas.

O urbanista avalia, porém, que as diretrizes do Plano Diretor para a rede viária precisam estar sujeitas a mudanças até a conclusão do Plano de Circulação e Transporte, prevista para abril de 2003.

O engenheiro Luiz Célio Bottura, ex-presidente da Dersa, diz que a construção de passagens em desnível na Faria Lima constava das exigências do Cades (Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) de 1994 para a operação urbana naquela área. Segundo ele, uma obras dessas levaria dois anos para ficar pronta. "É uma questão de avaliar a relação custo/benefício."
 

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