Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
27/07/2000 - 09h39

Padres vão administrar cadeia em SP

Publicidade

ROGÉRIO PAGNAN
da Folha Ribeirão

A cadeia de Vila Branca, em Ribeirão Preto (319 km de São Paulo), será transformada, até janeiro de 2001, na primeira penitenciária feminina do Estado de São Paulo a ser administrada por uma ONG (organização não-governamental) comandada por padres.

O Centro de Convívio e Ressocialização, como será chamada a nova unidade, abrigará 210 presas da região _que tem hoje cinco cadeias femininas_ já a partir do início do próximo ano.

Além de Ribeirão, outras sete cidades do Estado devem receber o programa da Secretaria da Administração Penitenciária: Araçatuba, Mococa, Avaré, Sumaré, Araraquara, Limeira e Jundiaí.

A FAS (Fraternidade de Assistência Solidária), entidade que será responsável pela gestão da penitenciária, é comandada por três padres da Pastoral Carcerária.


Um deles, João Rípoli, presidente da entidade, disse que o grupo poderá sofrer com a inexperiência. "Mas com o tempo, a organização conseguirá suprir as dificuldades", afirmou.

O projeto de reintegração social dos presos consiste em levar trabalho, lazer e assistências diversas para dentro da cadeia.

A futura administração da FAS será baseada no programa desenvolvido em Bragança Paulista desde de 1995, sob o comando da Polícia Civil e considerado um modelo pela eficácia.

Os principais diferenciais do Centro de Convívio e Ressocialização em relação às cadeias normais serão assistências psicológica, médica, jurídica e odontológica. O presídio também terá fábrica para as detentas trabalharem, cursos profissionalizantes e atividades culturais.

"O sistema carcerário está péssimo, mas ainda temos esperança. É por isso que estamos assumindo esse desafio", disse Rípoli.

Para tocar o programa, 35 pessoas _entre diretores e voluntários_ foram selecionadas com rigor. "Estamos com a elite da cidade nos apoiando", disse a vice-presidente da Fraternidade, Guariciaba Furquim.

Inaugurada em 1976, a cadeia teve grandes rebeliões e centenas de fugas. Neste ano, segundo a Polícia Civil, foram registradas seis fugas. Na quarta-feira (26) ocorreu uma morte na unidade.

A verba para o presídio (incluindo a da reforma do prédio) será dada pelo Estado. Segundo o secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, a obra é indispensável. "As condições estão péssimas."

Inexperiência

A Polícia Civil, que administra as cadeias do Estado, teme que a falta de experiência dos padres e da ONG comprometa o sucesso do Centro de Convivência e Ressocialização de Ribeirão.

"É uma situação diferente", disse o delegado-seccional da cidade, José Manoel de Oliveira.

Ele lembra, porém, que os padres realizam há anos um eficiente trabalho dentro das cadeias de Ribeirão. Para o delegado, que tem 30 anos de profissão, o sucesso do projeto dependerá principalmente do número de presas envolvidas.

Para o diretor da cadeia de Vila Branca, Cláudio Ottoboni, são grandes as chances de o projeto obter bons resultados. "Em Bragança já deu certo. E aqui tem tudo para ocorrer o mesmo."

Quanto à inexperiência, o padre João Rípoli disse que pretende superar as dificuldades com o tempo. "O secretário (da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa) nos perguntou se estávamos preparados. Eu disse que não sabia, mas que íamos tentar."


Leia mais notícias de cotidiano na Folha Online

Discuta esta notícia nos Grupos de Discussão da Folha Online
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página