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09/09/2002
-
08h28
da Folha de S.Paulo
No último domingo antes do fechamento da Casa de Detenção do Carandiru, os parentes dos detentos misturam sentimentos de felicidade e tristeza. Apesar de considerarem que a transferência poderá beneficiar os presos -pois dizem que terão melhores condições de vida e, quem sabe, um trabalho-, a remoção dos detentos para presídios do interior paulista dificultará a visita, principalmente pelo custo do transporte.
Adevailton de Jesus Mota, 31, diz que o irmão, condenado a 30 anos por homicídio, foi transferido há oito meses para a uma penitenciária em Pracinha (601 km de São Paulo). O irmão está em São Paulo para novo julgamento. "A passagem de ida custa R$ 50, ou seja, para fazer a visita, sozinho, tenho que desembolsar R$ 100. Não dá sequer para levar os meus pais."
A viagem de Franco da Rocha (43 km de São Paulo), onde reside, dura em média uma hora e meia e custa cerca de R$ 2, afirma Mota. Já a jornada até Pracinha dura aproximadamente nove horas, além de custar mais.
"Há dois meses, o meu filho foi transferido e só consegui visitá-lo uma vez. Não tenho como pagar a passagem de R$ 52", diz Aparecida de Oliveira, 51, cujo filho aguarda julgamento há um ano por envolvimento com drogas, foi removido para Lucélia (586 km de SP). Quando esteve preso em São Paulo, ela fazia visitas semanais.
Para o casal Inaldo Pereira da Silva, 50, e Virginia Pereira da Silva, 45, qualquer penitenciária no interior será melhor do que o Carandiru, onde o filho está preso. "Isso aqui é um inferno", diz Virginia.
O detento Carlos Antonio Silva, 31, condenado por assalto, diz que as condições oferecidas no Carandiru são tão ruins que muitos presos pensam em sair do presídio e se vingar da sociedade, cometendo novos crimes. Para ele, o sofrimento aumenta ao saber que a mulher e o filho precisavam esperar horas para conseguir entrar no presídio, devido à fila de visitantes.
Com capacidade para 3.250 presos, a casa de detenção chegou a abrigar mais de 7.500. Ontem, cerca de 200 pessoas visitaram os 265 detentos que ainda estão no local. Apenas uma pequena fila foi formada às 7h.
Segundo funcionários do Carandiru, a Coesp (Coordenadoria dos Estabelecimentos Penitenciários do Estado de São Paulo) oferece transporte para as famílias carentes de detentos. A Folha procurou a Coesp, as secretarias da Administração Penitenciária e da Segurança Pública, mas não teve resposta até o fechamento desta edição.
Colaborou TUCA VIEIRA
Transferência de presos do Carandiru incomoda parentes
LUIS RENATO STRAUSSda Folha de S.Paulo
No último domingo antes do fechamento da Casa de Detenção do Carandiru, os parentes dos detentos misturam sentimentos de felicidade e tristeza. Apesar de considerarem que a transferência poderá beneficiar os presos -pois dizem que terão melhores condições de vida e, quem sabe, um trabalho-, a remoção dos detentos para presídios do interior paulista dificultará a visita, principalmente pelo custo do transporte.
Adevailton de Jesus Mota, 31, diz que o irmão, condenado a 30 anos por homicídio, foi transferido há oito meses para a uma penitenciária em Pracinha (601 km de São Paulo). O irmão está em São Paulo para novo julgamento. "A passagem de ida custa R$ 50, ou seja, para fazer a visita, sozinho, tenho que desembolsar R$ 100. Não dá sequer para levar os meus pais."
A viagem de Franco da Rocha (43 km de São Paulo), onde reside, dura em média uma hora e meia e custa cerca de R$ 2, afirma Mota. Já a jornada até Pracinha dura aproximadamente nove horas, além de custar mais.
"Há dois meses, o meu filho foi transferido e só consegui visitá-lo uma vez. Não tenho como pagar a passagem de R$ 52", diz Aparecida de Oliveira, 51, cujo filho aguarda julgamento há um ano por envolvimento com drogas, foi removido para Lucélia (586 km de SP). Quando esteve preso em São Paulo, ela fazia visitas semanais.
Para o casal Inaldo Pereira da Silva, 50, e Virginia Pereira da Silva, 45, qualquer penitenciária no interior será melhor do que o Carandiru, onde o filho está preso. "Isso aqui é um inferno", diz Virginia.
O detento Carlos Antonio Silva, 31, condenado por assalto, diz que as condições oferecidas no Carandiru são tão ruins que muitos presos pensam em sair do presídio e se vingar da sociedade, cometendo novos crimes. Para ele, o sofrimento aumenta ao saber que a mulher e o filho precisavam esperar horas para conseguir entrar no presídio, devido à fila de visitantes.
Com capacidade para 3.250 presos, a casa de detenção chegou a abrigar mais de 7.500. Ontem, cerca de 200 pessoas visitaram os 265 detentos que ainda estão no local. Apenas uma pequena fila foi formada às 7h.
Segundo funcionários do Carandiru, a Coesp (Coordenadoria dos Estabelecimentos Penitenciários do Estado de São Paulo) oferece transporte para as famílias carentes de detentos. A Folha procurou a Coesp, as secretarias da Administração Penitenciária e da Segurança Pública, mas não teve resposta até o fechamento desta edição.
Colaborou TUCA VIEIRA
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