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27/07/2000 - 14h18

Secretário de Pitta diz que faltou empenho de Pagura

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FABIANE LEITE, repórter da Folha Online

O secretário de Governo da Prefeitura de São Paulo, Arnaldo Faria de Sá, disse que faltou empenho do ex-secretário da Saúde, Jorge Pagura, para obter verbas do governo federal para a área e divulgar o trabalho da pasta.

Supostos desentendimentos com Faria de Sá foram apontados como motivo da demissão do secretário da Saúde, ocorrida ontem. No entanto, o secretário está envolvido com denúncias de corrupção, o que apontado como principal motivo de seu afastamento.

Faria de Sá classificou a saída de Pagura como uma "pequena cirurgia" que tinha de ser feita. "Ele (Pagura) cumpriu papel do governo do estado e do governo federal e isso não tem sido divulgado a contento", reclamou o secretário de Governo nesta manhã, durante divulgação de campanha da prefeitura para vender laranjas com preço menor.

O secretário de Governo nega que o afastamento tenha relação direta com as denúncias de corrupção.

"O Serra (José Serra, ministro da Saúde) tem sonegado recursos do Ministério da Saúde para a cidade de SP. Sou cidadão indignado com o que o governo federal e estadual fazem com a saúde.Houve falta de enfrentamento. O Serra vai destinar (o dinheiro) para outros feudos", completou Faria de Sá.

O secretário de Governo disse que a "briga" com o governo federal foi uma das medidas cobradas de Pagura em reunião do secretariado na semana passada, em que Faria de Sá criticou a falta de divulgação do trabalho da prefeitura. "Eu chamei atenção, disse que ele precisava cobrar investimentos do governo federal e estadual ."

Apesar de se dizer amigo de Pagura, Faria de Sá afirma que queria mais ação na pasta da Saúde. "Não política não se tem amigos, mas resultados. Tem de atropelar o governo federal", disse o secretário.

Briga

A Prefeitura não recebe recursos do Governo Federal desde que unidades de saúde da cidade foram entregues para cooperativas, entidades privadas, em 1996, com a criação do PAS (Plano de Atendimento à Saúde) pelo ex-prefeito e candidato à prefeitura Paulo Maluf (PPB).

Recentemente, a prefeitura voltou a receber R$ 140 mil mensais em remédios depois de retomar 25 unidades da saúde que eram controladas pelas cooperativas. Mas outros cem postos continuam sob o controle das cooperativas.

Faria de Sá, que se tornou um especialista em criar fatos para melhorar a imagem da prefeitura, agora compra briga com Serra para justificar a ausência de investimentos federais na área da saúde. Para Faria de Sá, o governo federal poderia repassar os recursos mesmo que as unidades estejam sob controle ainda de cooperativas.

"Desafio o Serra a provar que tem argumento legal para não repassar a verba. Com saúde não se brinca, isso é só desculpa, por ele não ser da área. Talvez como curioso, ele não saiba como faz falta", afirmou Faria de Sá.

O ministro está sendo contatado pela reportagem para comentar as declarações.

Fita

Pagura se desligou alegando motivos pessoais. O Ministério Público Estadual já tem a transcrição de uma fita cassete que envolve o secretário no pagamento "por fora" a uma funcionária da secretaria, Rosemeire Rocco.

A promotoria de Justiça da Cidadania pode pedir a quebra de sigilo bancário do ex-secretário, da funcionária e do chefe de gabinete da secretaria e concunhado de Pagura, César Castanho, também envolvido no pagamento "por fora".

Os promotores suspeitam que o dinheiro a mais pago à funcionária poderia ser proveniente de suposto esquema de corrupção no SIMS (Sistema Integrado Municipal de Saúde), que substituiu o PAS, mas mantendo as cooperativas.

A prefeitura alega que o afastamento foi pedido com base em problemas pessoais do secretário e que a demissão não estaria ligada ao envolvimento de Pagura com denúncias de corrupção. O prefeito Celso Pitta (PTN) disse nesta manhã que Pagura não vinha conseguindo conciliar as funções na secretaria com suas atividades profissionais como médico.

Pagura dará uma entrevista nesta tarde sobre sua demissão.

Laranja

Pitta afirmou que virou um "garoto-propaganda" da laranja. Ele divulgou nesta manhã campanha em que serão vendidos sacos de 5 Kg da fruta por R$ 1 em 170 pontos da cidade.

A campanha foi idealizada depois que produtores de laranja procuraram a prefeitura apontando que há excesso de produção no setor.

Nos últimos dois anos, sobraram 100 milhões de caixa da fruta no Estado.

A distribuição ocorrerá principalmente na periferia da cidade. A prefeitura estuda ainda incluir o suco de laranja na merenda escolar.

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